domingo, 23 de janeiro de 2011

CHUVA DE PÁSSAROS MORTOS

     Chuva de pássaros é uma imagem bela, romântica; mas, chuva de pássaros mortos é trágica. A notícia da chuva de pássaros mortos nos EUA, na Suécia e na Itália, sem dúvida, constrangeu-nos a todos, principalmente a nós, amantes das aves e de sua vida palpitante. Não se conhece ainda o que originou tal fenômeno infeliz. Soube da notícia por um site de birdwatchers, onde nos comunicamos e trocamos informações sobre o estudo da vida das aves e do seu meio ambiente.
     Parodiando o poeta Machado de Assis, em Soneto de Natal, eu diria: "Mudou o mundo ou mudei eu?" Mudamos, eu creio. Eu me transformo, à medida que acumulo juventude e também pelas intensas provocações que são feitas ao planeta; mudo hábitos, adquiro conhecimento e conecto meu pensar a tantas possibilidades de ação que antes não via.  Muda o mundo, de acordo com as gerações que o habitam, que o lançam ao desgoverno. Matanças desnecessárias,  abalos provocados ao meio ambiente, atitudes hostis, invenções que prejudicam a vida natural do nosso planeta azul.
     A Natureza é sábia, minuciosamente disciplinada, efusiva e  forte. Consegue recuperar-se em muitos casos e administrar-se com presteza contra os desatinos da humanidade. Encontra desafios a cada minuto e , pouco a pouco, baixa a sua imunidade.
     Mas ela luta desesperadamente contra a doença, contra os desequilíbrios a ela impostos; às vezes, vence a intempérie, noutras, sucumbe.
     Ampliar a nossa consciência nos ajudará a entender melhor os mecanismos da existência e isto nos motivará a proteger toda a manifestação de vida. Concluindo afirmo que, para mim, uma das coisas mais bonitas é acordarmos ao som de uma orquestra afinada e gentil à nossa janela.



sanhaço-de coqueiro



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

SAPUCAIA-lembrança indestrutível

      Lembro-me da larga estrada que nos conduzia ao sítio; das outras, estreitas e de terra, do banco da praça com o sobrenome Rapozo, que vovó me mostrava toda emocionada. Lembro-me de tudo: dos peixinhos que vovô deixava que eu colocasse no grande tanque, no quintal, embaixo das goiabeiras de  suculentas goiabas brancas e vermelhas.
     Vovô Pedro era enérgico, disciplinado, calado quase sempre, com aqueles lindos e expressivos olhos azuis. À hora do almoço, não podia faltar o copo de vinho tinto que ele saboreava até a última gota. Imigrante italiano, acordava cedinho e ia rachar lenha para o fogão. Eu corria para a porta que dava para os fundos do casarão e lá ficava olhando embevecida. Não me deixava dar milho às galinhas fora de hora; por outro lado, havia uma confiada que pulava a janela de um dos quartos e, sem cerimônia, punha os ovos no colchão da cama de hóspedes.
     Lembro-me de tudo. Da igrejinha de Santo Antônio, de Odir, o  menino que insistia em ser meu namorado, da velha ponte sobre o Rio Paraíba do Sul. Papai explicava:"_ Do outro lado já é Minas Gerais, cidade de Porto Novo."   E pescávamos, nos equilibrando sobre as pedras; enchíamos o cesto de lambaris e mamãe tinha um trabalhão!...
     E o carnaval? Ah, era no clube da cidade..." Ei! Você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...", cantávamos, felizes, distraídos...
     Menina da cidade, tudo para mim era novidade e encantamento. No armazém, por semana, chegavam doces e queijos da fazendas próximas; o laticínio da cidade me oferecia uma cena à parte: vacas enfileiradas, andando calmamente pela estrada, sendo conduzidas por um rapazote. 
     Vovó me apresentou a um algodoeiro numa daquelas estradinhas de terra; a limeira invadia o meu quarto, pela janela, com os seus galhos fartos. Além das limas, havia as romãs, os limões, o canteiro de ervas medicinais, os jambos, as carambolas, que vovó transformava em um doce delicioso, de estrelinhas púrpuras. 
     No alto do sítio, a grande pedra, um manancial de onde jorravam  águas límpidas; e a plantação de mangas espadas que vovô comercializava.
     Há outras recordações ainda, mas estas aqui descritas estão mais à tona em  minhas memórias. 
      A cidade de Sapucaia, antes um paraíso estampado em minha realidade da infância e em minha lembrança nos dias de hoje foi mencionada na tv( hoje, dia 13 de janeiro de 2011), por uma triste notícia de desabamentos e de inundação do rio Paraíba do Sul. Fiquei triste, mas declino aqui uma última lembrança:
     À noitinha, vovó Rita e eu nos sentávamos no imenso jardim __sempre florido e visitado pelos colibris logo de manhãzinha__ e, silenciosas, apreciávamos o céu! Um céu de um forte azul, pontilhado de infinitas luzes estelares  coroava a noite. Era um espetáculo para a nossa sensibilidade e para os nossos corações. Inesquecível.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SEXO INFLUI ?

     Tanto alarido sobre o sexo feminino no poder da Presidência da República! Mulheres como seguranças, correndo ao lado do automóvel que levava a Presidenta e um número expressivo nos Ministérios, como para destacar a figura feminina.
     Mas nós, mulheres, já nos destacamos! Até parece que harmonizar e administrar o lar, parir e educar são funções sem importância, trabalhos menores. Tornar-se uma estadista orgulha tanto quanto tornar-se mãe, ou educadora, ou médica e por aí vai...
     O que interessa se aquele que irá governar  tem o órgão genital exposto ou embutido? Valha-nos , Deus!
     Já há algum tempo, foi declarado que a mulher é superior ao homem em inteligência( que pode ser usada para o bem ou para o mal), em decorrência de inúmeros estudos e pesquisas científicas. Acredito que um completa o outro. E há atividades adequadas ao homem em virtude da sua musculatura e de sua psique,  bem distintos dos da mulher.Assim como há atividades adequadas à mulher. Doi ver mulheres como motoristas de ônibus municipais, por exemplo. Seus corpos não foram preparados para tal. Preconizar alguém que o governo será melhor ou pior porque quem governa é um homem ou uma mulher é pura tolice. É muita bobagem.
    Vemos tantos políticos corruptos,  homens e mulheres!... Assim como existem os políticos honestos e sérios, homens e mulheres. Governar colocando a inteligência e a sensibilidade a serviço do povo é o que deve ser feito.
     Falo em política, pois é o assunto do momento, porém, isto se presta a qualquer profissão. É que no caso dos políticos, o dinheiro é muito, a tentação maior,  a devastação na consciência ocorre compulsivamente. Infelizmente, a tendência do ser humano para o desvio de conduta é inegável.
     Esperemos que a presidenta eleita confirme suas qualidades do coração e sua perspicácia e inteligência para dirimir os grandes problemas que existem neste país e afetam tanto o povo.
     Façamos a nossa parte, como fez o beija-flor, no caso do grande incêndio na floresta, que levava água no bico gota a gota. Questionado pelos companheiros, ele confiante respondeu que estava fazendo a parte dele.
     Façamos a nossa parte, no dia a dia, no trabalho, em casa, exerçamos a solidariedade, a fraternidade e as virtudes que já despontem no coração. Como disse um amigo meu "manter-se em paz é também um grande auxílio para a humanidade." No mínimo.