sexta-feira, 20 de maio de 2011

CUCA

    Há dias a cadelinha Cuca está alterada. "Hormonios", diz minha filha.
   Já tive uma, desde criança e minha mãe deu o nome de Mimi, que eu não aprovei. Pensava 'não é gata, como chamá-la Mimi?' Mas acostumei-me e a cadelinha também. Mimi pra cá, Mimi pra lá, foi uma grande companheira. Fazia-me acreditar que era o máximo quando chegava em casa, feliz, porém cansada, pois dava aula para crianças e as turmas eram sempre enormes. Não recusávamos alunos.Mimi vinha toda contente, balançando o rabinho, com aqueles olhinhos tão expressivos, revelando carinho. Era muito meiga e obediente. Viveu treze anos.
    Agora, tenho convivido com Cuca, sapeca, saltitante, pouco obediente, alegre, companheira, de gênio forte. Logo depois do cio, 'adotou' um brinquedinho (uma joaninha de borracha) como seu filhote. Rosna quando chegam perto dela, fica toda encolhida protegendo-a e tentando amamentá-la.
    Nesta tarde, passou a me 'chamar' com pequenos latidos de um som fino e delicado, quase um choro. Queria que visse a sua cria. Entendo pouco do ser humano, tento entender-me, mas de bicho quase nada sei, confesso. Então, como de louco e médico todos temos um pouco, vali-me da naturalidade, da confiança, do meu lado infantil que estava querendo se soltar e peguei um peso de porta que é uma tartaruga. Coloquei ao seu lado. Eu não sabia qual seria a sua reação. Parabenizei-a pelo lindo filhote e ela me olhou com atençao e meiguice. Até que deitou sua cabecinha sobre a cabeça do bicho de pano. E ali ficou, quietinha. Acalmou-se.
    Então, eu e minha filha finalmente podemos terminar de assistir a comédia na tv.