domingo, 29 de março de 2020

A FRAGILIDADE HUMANA

     Como passaremos estes dias, nas nossas casas?...
 Canta o azulão
prisioneiro na gaiola
Eu canto haicais
 
     Primeiramente nos lembremos de que temos um lugar para ficar! Podemos torna-lo mais prazeroso para habitá-lo: enfeitar, harmonizar, limpar_ ações que nos ocuparão e nos tornarão, por alguns momentos, focados e felizes; nossa casa pode ser o nosso lar, numa atmosfera aconchegante, mesmo se estivermos  sós; fazer com que a nossa casa seja o nosso reflexo, um lugar seguro como uma fortaleza.  
Detido o corpo em casa
mas o pensamento livre
Voo para onde quiser!
   
   Existem citações que nos reportam à alegria de estarmos na nossa casa. Vejam só:
" Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz..."
" É o mais feliz, seja ele rei ou camponês, aquele que encontra paz em seu lar."
" A melhor maneira de prender os filhos em casa é fazer do lar um lugar agradável."
" A casa de um homem é o seu castelo."
" Quem vai para casa, não se molha."
     E eu completaria, dizendo: não se molha e não contrai o vírus!...
     Hoje cedo assisti o vídeo de um Guru, assinalando para ficarmos em nossas casas! Esta será a única maneira de diminuirmos o impacto desta tragédia.
     E a prezadíssima Monja Cohen também assegurava, em vídeo, um tanto alterada por algumas atitudes inconsequentes de certas pessoas, para nos mantermos no refúgio do lar.
   Remexendo as redes sociais, observamos inúmeras manifestações de pensamento. Há os que sempre acham tudo muito engraçado, apesar das mortes em massa, do desespero e da falência da nossa sociedade; os que se baseiam em mensagens espiritualistas, garantindo momentaneamente a paz mental; os que nos acenam com possível antecipação do fim do mundo e se atordoam.
     Como já carrego no corpo físico algumas décadas, dou-me o direito de tentar planar em outras estruturas mentais, em diferente sintonia. Viajo com a Poesia... Acato Cecília, me deleito com Quintana, relaxo com Manoel de Barros, me instruo com Alberto Caeiro, me encontro com o saudoso passado em Cora Coralina e por aí vai...
     Neste cenário quase de sonho, acrescento a boa música,  como por exemplo as regidas _diariamente_ pela OSBA, sempre às 19h, no Youtube (Cine Concerto) com canções eternas de belos filmes!..´
     Que cada um planeje seus dias, com coerência. A vida é valiosa para nos perdermos em desespero, que não nos leva a nehuma solução. 
     O que nos resta a fazer é obedecer às autoridades competentes e à nossa própria consciência: Fiquemos em casa! É por um período. Para garantir a continuidade da vida.
     No confinamento
releio poemas em vídeos _
Coronavirus
       
 

sexta-feira, 13 de março de 2020

VOCÊS CONHECEM CECÉU?

    
      Assim como eu, nasceu num domingo! No interior da Bahia, em 14 de março de 1847, estreou (na Bahia, não se nasce, se estréia!) Cecéu, filho de  família abastada e culta.
     Antônio Frederico de Castro Alves  espalhou sua genialidade em apenas 24 anos. Sua morte_ em Salvador, foi causada pela tuberculose e pela amputação, sem anestesia_ de um pé , em virtude de um grave ferimento numa caçada. Caçada esta na qual ele não fez nenhum disparo...
     Seu sofrimento foi inenarrável e, mesmo assim, continuava a sua produção, cheia de romantismo, de arte, de intenção social.
     Nunca o desqualificou o seu eu inflamado! Gostava de falar suas ideias às multidões, em praças, locais públicos, em teatros.
     Amou muitas mulheres, teve paixões por cantoras italianas e com uma delas , romântico que era, fez o derradeiro passeio equestre ao Farol da Barra, sob o luar, em maio de 1871_ ano da sua morte(morreu em julho).
     Seus restos mortais encontram-se no monumento feito em sua homenagem, pelo escultor italiano Pasquale de Chirico, na praça Castro Alves.
     Para mim, o mais comovente são seus poemas que se debruçam sobre a tragédia do tráfico de escravos. Vê-se toda a sua revolta ante fato tão hediondo da nossa História.

do único livro que chegou a publicar em vida( ESPUMAS FLUTUANTES), um pequeno trecho de Mocidade e Morte...
"Oh! Eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
..."
 
e na segunda parte do livro CASTRO ALVES Melhores Poesias, sobre Os Escravos, lemos O navio Negreiro, da qual retiro um pequeno trecho...
"...
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais, inda mais... não pode o olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador.
Mas que vejo eu ali... que quadro de amarguras!
Que cena funeral!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil!... Meu Deus! meu Deus! Que horror!
..."