quinta-feira, 20 de agosto de 2015

TORTA DOCE & CONTA AMARGA

    
     Que gosto ruim senti ao ser apresentada a conta... Cobraram o dobro e justificaram o engano, dizendo que  adicionaram o gasto da mesa ao lado... Ah, tá. Agora, entendi!...
     Depois falam da corrupção dos homens do governo, mas temos que admitir que os que lá estão saíram do povo. Tão bom seria se todos nós tivéssemos a consciência já desperta e não nos atropelássemos na própria desonestidade.
     É por isso que, quando um rapazote acha uma carteira na rua com R$ 1600,00 e tenta encontrar o dono para devolver a dinheirama, acusam-no de tolo!... Mas tolos são os que se acomodam na falta de carácter, de escrúpulos. Os insensatos de agora serão os infelizes e toscos de amanhã!
     Sem dúvida, escolher o lado podre  da enganação só trará malefícios aos próprios corruptos. Pensam o quê estas torpes criaturas?
     Numa cafeteria onde são vendidas  reconhecidas iguarias apetitosas, dentro de um  Jardim Botânico, ponto turístico da Cidade Maravilhosa, não poderiam acontecer tais fatos de sabor insosso.
     Depois que percebi o erro deles , quando retruquei, fui atendida mas a moça do caixa não se mostrou solícita como eu desejaria. Com um certo desconforto pela minha atitude tranquila e firme, atendeu-me , mas a gente percebe a revolta que deveria ser nossa!
     Após o passeio que fiz, entre caminhos de mudas de mangueiras e apreciando pequenos pássaros se escondendo dos ventos , pretendia saborear um café e uma fatia de torta de maçã. Mas fui surpreendida pelo engano e não é lá a primeira vez que acontece... De modo que, fica a dica: temos que olhar a notinha do que gastamos e conferir os preços, sim! Nada de sentir' vergonha'... Vergonha quem tem que sentir, não é o consumidor , mas aquele que tenta lesar.
      Ali, cheio de turistas , principalmente franceses, nesta quarta-feira ensolarada , talvez a gorjeta tenha  sido  gorda...
 



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"_TRANQUILIDADE?... UMA OVA!..."

     Já que teria mesmo que sair à tarde para fazer fisioterapia, minha amiga resolveu aproveitar e assistir a uma comédia francesa, cuja história foi baseada num livro, onde o autor se inspirou na obra de Flaubert_ Madame Bovery, causa de escândalo na época de seu lançamento, em 1857. 
     Assim, lá foi ela, ansiosa para rever um dos seus atores prediletos__ Fabrice Luchini, impagável e impecável como o padeiro da trama. O personagem é quem inicia o filme, falando brevemente conosco algo parecido:"__ Harmonia e tranquilidade no interior da França? Uma ova!..."
     Traduzida em legendas como "uma ova!" a expressão idiomática fica engraçada e adequada ao personagem francês com aquele 'biquinho' característico dizendo: "__ Des clous!"
     Chegando ao cinema, deparou-se com uma fila! Hoje, segunda-feira? Certamente pessoas que, como ela, já não saem aos domingos, pois mora num bairro turístico sempre apinhado de gente . Deixam para passear às segundas, isto está virando um hábito dos moradores da região.
     Assim que entrou na fila, uma senhora vem logo atrás, e não pára mais de falar...
     __Ah, qual o filme que você vai ver?
    __ Gemma Bovary, respondeu  minha amiga, percebendo a agitação e certo entusiasmo da senhora.
     Trajava uma brilhosa calça  comprida preta e justa, um blusão de lãzinha quadriculada em preto e branco , carregava uma enorme bolsa escura de verniz  e sapatos pretos arrematavam-lhe o figurino. Bem maquiada, apesar da idade avançada. Caminhara com dificuldade para alcançar a fila, no final da galeria. Cabelos grisalhos e tratados, na altura dos ombros,  ornavam-lhe o rosto envelhecido, de aspecto cansado, mesmo seus lábios estando destacados com batom carmim.
     __ Mas a que horas o seu filme começa?
     __ Daqui a pouco, às quatorze horas, respondeu minha amiga.
     __ Ah, o meu é agorinha, às treze e quarenta e cinco! Ah... acho que não dará tempo para eu ir à fisioterapia depois...
     Minha amiga achou engraçada a coincidência, mas preferiu manter-se calada.
     Chegando a vez das duas,  se postaram, então, lado a lado, pois havia dois guichês. Ela prestou atenção na escolha da minha amiga que pediu o assento G 7 e e, então, dirigindo-se à moça que atendia, pediu o  G8!
      Divertida a sua espontaneidade. 
     Saindo dali juntas comenta que está com muita fome e iria antes à lanchonete próxima; afinal, só tinha almoçado gelatina!...E convida a sua atual companhia para ir junto.
     __ Não, obrigada,  somente um cafezinho antes do filme é mais do meu agrado, retrucou Ângela.
     E ficou admirada quando a tal senhora tentando andar com ligeireza, vira-se para ela e diz, sorrindo:__ Ah, como é bom conversar com alguém assim! Parecemos amigas de infância!...
     Assistiram o filme, lado a lado. A senhora almoçara na tal lanchonete uma sopa de aspargos e um filé de frango com batatas... Mas em dez minutos? " Pas possible!", pensou a amiga.
     Comentaram pouco  sobre o filme ; afinal, o celular a distraíra inúmeras vezes , o sono em vários momentos fazia a velha senhora ronronar e, além disto tudo, tinha enchido a sua bolsa grande e escura de couro  com muitas barras de cereal...  
    
    


domingo, 16 de agosto de 2015

A GOTA PURA DO SILÊNCIO

"...
Quero ir ao fundo das coisas
E recolher o silêncio, a gota pura do silêncio,
Em que se guarda e contém,
O eco da voz de Deus!
..."   
(trecho do poema QUERO IR AO FUNDO DAS COISAS, do inspirado poeta A. Frederico Schmidt)
 
  O silêncio nos alimenta. Criar este hábito nos proporcionará uma paz nunca antes sentida.
     No início,  talvez nos sintamos inquietos, levemente incomodados; porém, após algum tempo, acatando no nosso íntimo este comportamento,  exercitando a atenção plena, chegaremos a perceber que ele__ o silêncio nos é salutar.
     Tenho uma amiga  muito querida(dessas amizades que atravessam os anos e não se esgarçam) que fala pelos cotovelos! Às vezes se perde , fala coisas emendadas umas às outras, de um assunto pula para outro sem respirar... Uma agitação íntima, quase um desgoverno.
     Há muito burburinho no mundo... inquietudes, medos, controvérsias; então, falamos, falamos, falamos demais para nos distrair. Pior quando tentamos convencer o outro daquilo que achamos que é o certo! Portanto, não se deixem convencer pelas minhas palavras escritas... somente digo aqui o que penso, sem nenhum intuito de persuadir o leitor.
     Claro que me refiro à turma depois dos quarenta, porque o linguajar da maioria dos jovens de agora é confinado a poucas e incertas palavras que traduzem, sem dúvida, o sentido do que se quer expressar. Senão, vejamos:
     "_ Oi, cara, e aí?... beleza?
       _  Belez..."
     E  segue o diálogo em que tudo o que se quer dizer é dito, com gírias, abreviações e palavras inventadas por esta juventude atual. Até, cá entre nós, que aprecio um pouco o lado econômico e prático para a conversa se desenrolar. Mas noto que não é originado este método pela singularidade da criação e pelo cultivo do silêncio; mas pela pobreza mesmo de vocabulário. Basta observarmos as redações prestadas em concursos.
     Sem leitura não há vocabulário, nem as ideias se renovam; sem vocabulário e ideias não há conversa que se sustente.
     Mas voltando à nossa turma,  estamos todos ansiosos e esta ansiedade se derrama da nossa boca em atropelos de palavras. Transformar a insegurança para obtermos uma tranquilidade verdadeira é um caminho que vale a pena ser conquistado. Só nos trará benefícios.
     Não será no alvoroço que vislumbraremos a felicidade. É na paz do coração onde se traduz a mais pura alegria. E decorrentes dela toda a felicidade e a saúde do corpo e da mente.