sexta-feira, 14 de agosto de 2020

RESISTIR!

"Estou só e escrevo para minha alegria." Quem assim falou foi Matsuo Bashô , nascido em Tóquio, em 1644 e falecido no ano de 1694, em Osaka. O samurai que encontrou a paz e o equilíbrio renunciando à vida mundana, vagando por todo o país para ganhar inspiração a compor haikais: Cala-se o sino O que chega a mim agora é o eco das flores Assim como o mestre japonês, estou só. E como ele, também escrevo para minha alegria: Clara manhã _ andorinhas pelo céu em voos divertidos Na cultura japonesa nos abastecemos de suave contentamento. Vejam só: Se você aprender ikebana, trará luz ao seu coração aflito, parece que uma garça pousou no seu coração delicadamente. Há muitos anos, aprendi esta arte,no Instituto Cutural Brasil-Japão, envolvendo-me com as flores em arranjos simplificados e cheios de significados. Havia, na turma,até um policial com o intuito de relaxar do constante stress em que vivia mergulhado. Procuro saturar-me de coisas belas que este nosso mundo ainda tem. Mas, às vezes, não é fácil! Como agora, por exemplo, com o aparecimento deste vírus, que nos alerta para a crua realidade: o nosso "controle" é quase nenhum... Somos, parece-me, insignificantes, despreparados, e ficamos aturdidos quando algum fato diferente, inusitado muda as nossas precárias intenções. Perdemos a vida que tínhamos, até bem pouco tempo... Usamos máscaras, lavamos nossa vestimenta assim que chegamos da rua, nos distanciamos das pessoas...E não adianta me dizerem: "Vai passar!" Sim, tudo passa, mas isto não me consola. A verdade é que temos que aprender a viver num mundo novo. Falamos menos, pensamos mais, resistimos. O mestre Bashô resistiu, venceu o seu grande orgulho e a sua insatisfação constante, não com o sabre, mas com a poesia voltada para a natureza. Quem sabe este é um caminho? Como você resiste?

quinta-feira, 16 de julho de 2020

TURBULÊNCIA PANDÊMICA

  

     Inesperadamente, pousou num galho bem em frente à varanda. E como a máquina estava ali, pertinho, na cadeira, tentei ser rápida! Consegui somente uma foto. Depois do " clic" ela partiu, para um destino ignorado.
     Por certo, bem mais feliz que nós, prisioneiros inocentes dessa turbulência pandêmica.
     O que nos salvam são os livres pensamentos,  se quisermos, é claro. Tudo na vida obedece quase sempre a nossa vontade. E assim o destino vai sendo forjado, construído, passo a passo, ou, melhor dizendo, pensamento a pensamento, ação a ação.
    Após poucos meses de quarentena, já existe uma certa inquietação em nós, tentando obstruir a cadência natural da vida que ainda tenta se impor. Acredito que o vigor da existência há de ser cultivado e mantido!
     Invente, crie, saboreie, aprenda. Disponha-se a ser melhor do que foi ontem: mais criativo, mais belo, menos arrogante, mais sincero!
     Talvez seja essa uma oportunidade única de repensarmos sobre nós mesmos, sobre a nossa própria conduta, a nossa caminhada, os desejos   e conflitos que nos tornam fragilizados ante o poder exuberante da Vida!
De repente, estava lá!
Uma avezinha azul
a trazer felicidade.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

CASACA-DE-COURO

"...prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores." (Cecília Meireles)
 
     Hoje o passeio matinal _ apesar da pandemia alastrada, atemorizando todos nós, foi específico para procurar pássaros. Sim, sem dúvida, ela parecia ansiosa, e nada havia que pudesse demovê-la deste intento. Só, talvez, se caísse um toró daqueles!
     Aliás, diga-se de passagem, a palavra pandemia ( do grego = " de todo o povo")  é uma epidemia de doença infecciosa que se espalha entre todo o povo de um continente, ou mesmo de todo o planeta.
     Mas, voltando às amenidades, ela, a nossa personagem em questão, com sua Nikon a tiracolo e máscara, naturalmente, lá se foi  a percorrer, devagar, a comprida rua sombreada pelas amendoeiras em profusão, ao romper da madrugada.
     Um sol fabuloso ameaçava surgir, então não perdeu tempo. Seguiu.
     Uma enorme abelha(seria um zangão?) rodeou-a diversas vezes, enquanto parara a fotografar, causando-lhe um certo desconforto: zzuuu...zzuuu...zzuuu... Mexeu as mãos com delicadeza e o bicho sumiu...
     Vencida a primeira etapa, continuou, jogando de vez em vez migalhas de pão . Quem sabe gostariam do quitute? Era pão integral e fresco!...Foi assim até o final da rua.

    
 
 
 
 
 
     Num cruzamento, policiais que fazem a ronda no bairro pararam para que atravessasse. Que gentileza e cuidados! Isto deu-lhe mais tranquilidade para continuar. Afinal,  " estamos em casa, mas os bandidos continuam nas ruas..." É o que dizem.
    
  
      E o casaca-de-couro estava lá! Finalmente ia aprisiona-lo numa foto! Mas o bicho é rápido demais. Muito agitado... mas conseguiu uma foto, quando aquietou-se por milésimos de segundo no telhado de um restaurante; então, foi mirar e clic!
 
      Vivia atrás deste bicho  há muito tempo, desde que o viu pela primeira vez, ainda nesse ano. Foi amor à primeira vista! Muito arisco, nunca conseguia. Até que enfim! Metade do corpo, mas tá valendo.
     Deu meia volta, lentamente, prestes a retornar para casa. Uma mulher passa, a fazer caminhada, sem máscara. Que vacilo! 
      O coração suavizado pelas boas emoções do romper do  dia, com as luzes da manhã surgindo, pouco a pouco, acompanhadas da cantoria espalhafatosa dos pássaros! Tem coisa melhor? Funciona como remédio a cicatrizar feridas profundas da alma.
     A caminhada foi breve, o percurso pequeno; no entanto, já tinha conseguido fazer uma faxina e tanto no coração. Aliviada, seguindo seu curso, ainda bateu algumas fotos. Um passarinho aqui, outro ali, até chegar em casa.
     Foi assim a sua manhã, cheia do mistério da vida. A vida real, de beleza, de atributos muitas vezes indecifráveis. 
"...
 
Para seres feliz, levanta cedo:
Vai à floresta e, sem recato ou medo,
Exibe, enfim, as tuas cicatrizes...
 
 
   Consolar-te-ão as árvores felizes;
   Há ninhos e perfumes no arvoredo,
   Onde chilreia, álacre, o passaredo,
   Expandindo-se em glórias e matizes!
     ...
 ( Renato Travassos)
        
 
    
 
  
     

quarta-feira, 10 de junho de 2020

FALANDO DE UM BICHO FEDORENTO

     Já é o segundo percevejo aqui em casa. Bicho fedorento!... Soube que existem dezenas de milhares de espécies! Este era o mais inofensivo, o "percevejo-fedorento", marrom e que  suga as plantas. Provavelmente procurava calor nestes dias frescos...
     Na semana passada, um grudou na grade da varanda, mas levou um banho de álcool! E o que ele fez? Voou na minha direção,  parecendo enfurecido...
     Um grito saiu da minha garganta, no momento do voo. Não pude conter-me.
     Morreu com uma chinelada.  Tonto, foi fácil. Que me perdoem os budistas convictos!...
     Como exemplo, cito a carismática Monja Cohen que narrou, numa de suas simpáticas palestras, que havia uma porção de formigas na pia da cozinha do mosteiro onde vive. Então, para  evitar a matança, resolveu assopra-las!... Não dá no mesmo?...

Percevejo-do-mato
agarrado à grade _
fedor na varanda
 
      Hoje, caprichei no lanche: café na xícara vermelha de Nova York e duas torradas com geleia de cassis _ sentada no pequeno sofá,  assistindo a  mais um episódio da série coreana(adoro!) "Chocolate", vejo uma mancha escura deslizando no chão da sala, com certa rapidez...
   Quase não acreditei... Será que é da família do que morreu? Será que veio reclamar o corpo? Ou, pior ainda, será que é aquele mesmo que recuperou a vida?     
    Tive que ser rápida e certeira: com a havaiana surrada dei-lhe um golpe! Levantei o chinelo pra conferir o estrago. Qual o quê! O bicho continuou a andar, todo serelepe, deixando seu odor nauseabundo...
     Então, decidi ser mais enérgica. Splash!  Com violência e prolongando o tempo calcando a sandália velha em cima do diminuto monstrinho, finalmente ele morreu.
     Com papel toalha peguei-o e o joguei no saco do lixo. O mau cheiro empestava todo o ambiente.
     Mais álcool! Mais papel toalha!
     Finalmente, tudo serenou... mas quando vou até a área de serviço, o cheiro ainda está lá...
     Fico me perguntando: Por que não entrou, pela bucólica varanda, uma colorida borboleta, a dar voltas, alegrando a quem visse?  Ou mesmo uma  linda joaninha,  joia rara nos jardins? Ou, ainda, uma libélula atraente, inspiração para haijins? Até um grilo sapeca ou um pirilampo enamorado? Por que?...
 
Ousada libélula
na ponta do caule
tal qual uma flor
    




segunda-feira, 8 de junho de 2020

UM DIA DE CADA VEZ

     Já não saio mais de casa... já não visito amigas, nem recebo mais! Insegura, evito conversar com vizinhos e funcionários da padaria , ou mesmo da farmácia costumeira. Portaria do prédio? Somente um tchauzinho de longe.
     Que tempos são esses?  Falam agora numa mudança do vírus, que passou a atacar violentamente crianças e adolescentes. Sem piedade. Aliás, parece que piedade esse vírus não tem mesmo.
     Esta meia vida se apresenta  muito mais possante do que o próprio Hércules!...Esperemos que não seja imortal tal qual o herói mitológico...
     Do jeito que as coisas vão, acredito que tudo pode piorar. Senão, vejamos: os cariocas passaram a andar, livremente pelas ruas, exercendo o direito de ir e vir... assim, como se estivéssemos numa sociedade diferenciada, muitos sentindo-se  isentos da obrigatoriedade do uso de máscaras.
   Procuro, pesquiso, mas não vejo ainda uma solução estabelecida. Cruel experiência as crianças estão vivenciando...
     Saudades das manhãs no Jardim Botânico, onde desfrutava de momentos inesquecíveis , observando pássaros, peixes no Lago Frei Leandro, carpas coloridas no lago do Jardim Japonês,  aprendendo a pintar, ou somente caminhando por entre o arvoredo, palmilhando suas aleias ricas de aromas! 
     E , muitas vezes, destes momentos prazerosos, brotavam  poemas! Tudo isso passou, como um filme... Nunca mais serão iguais os meus dias ali.
 
MOMENTO ENCANTADO NO JARDIM
 
A Natureza pródiga estende
um tapete vermelho-carmim
submisso, a meus pés.
A cada minuto, um eco
da tinta rubra que cai na tela
da terra barrenta.
 
Tem um cheiro gostoso...
É um não sei quê de suave e doce...
 
E o som continua a espocar.
 
Estamos sós. Eu e os jambos.
 
     Os cinemas em Ipanema, o Shopping Leblon, as galerias e seus cafés... não creio que tudo volte como era antes, até porque muitos estabelecimentos já haviam cerrado suas portas, falidos, ou quase.
     Tento viver um dia de cada vez, sem imaginar a médio e a longo prazo. Este vírus deu uma grande rasteira na humanidade e não sabemos bem como será daqui por diante.
     Não fazemos ideia, portanto é viver um dia após outro, com hábitos higiênicos reforçados, máscaras (hoje comprei uma de oncinha, era o estampado que tinha!...), sempre levar conosco um vidrinho de álcool gel, nos distanciarmos das pessoas(isto é o mas difícil) e seguirmos em frente alegres(senão, a imunidade pode baixar!...)
     Crianças estudando pelo computador, funcionários de empresas de variados portes em home-office, os cabelos crescendo e não mais " ficando em pé", médicos atendendo pelo valioso WhatsApp... Novos comportamentos surgindo, a humanidade se reinventando... e o vírus seguindo sua faina incansavelmente.
     Certo dia desses, um Guru afirmou  que a prática de alguma técnica meditativa nos ajudará a mantermos e até  a aumentarmos a nossa imunidade. Vamos tentar? 
 

 
 
    
    
    
     

segunda-feira, 1 de junho de 2020

APOSTEMOS NA CURA

    
      Traduzido precariamente, este é o texto criado por um Guru que, pela mídia, tornou-se muito conhecido.
     Vez ou outra o assisto, pois suas palavras são coerentes, seus ensinamentos têm fundamento.
     Ontem, durante sua preleção, tomou de uma folha de papel e, suavemente, pergunta_ há um enorme auditório em frente a ele _ "_Vocês querem ouvir o poema que fiz sobre o Corona?" E dá um sorrisinho ... 
     Aplausos. Então, sempre com seu jeito calmo , com uma dose de brejeirice, Sadhguru toma do papel e diz, com naturalidade, o poema que ele intitulou ....................  
      
                                         "CIRCA 2020"
Descrevo os olhos dos seres humanos
Oscilando entre o medo e a esperança
Procurando através de portas fechadas
E abrindo janelas
Para detectar vestígios do vírus.
Ele nos lembra como o organismo invisível
Que pôs o mundo de joelhos, dança.
Ele observa como os cuidadosos
São rotulados como covardes
Os muito ousados morrem.
Como as soluções falsas são muitas
E como um organismo minúsculo
Confundiu a humanidade.
Humildemente ele continua ali
E com esse tempo desafiador
Traz à tona
O melhor e o pior
Das diferentes pessoas...
    
      Verdadeiramente, cada um reage de acordo com a bagagem que traz em si. Muitos fazem preces, enviam energias aos doentes, procuram manter a mente sã e atendem às recomendações dos médicos e cientistas; outros fazem diferente: revoltam-se com arrogância.
     Piores são alguns  governantes que se destacam no noticiário,   tentando burlar a lei.  Nefastos ao povo, à sociedade, procuram como um vício_ ganhar dinheiro ilicitamente, com compras de remédios e aparelhos de ventilação superfaturados... Calamitoso comportamento.
     Mas, vejam a flor como um bom exemplo: em seu caule pode até haver espinhos danosos, mas no ápice destaca-se a flor tão bela quanto perfumosa. Assim os humanos: existem os que ferem,  assim como há aqueles que surgem  como flores, espalhando seu doce aroma.
     Apostemos, portanto, na cura do desânimo e da desesperança com o perfume da amizade, a alegria da beleza e o calor do amor.
 
 
    
    
    
     

sexta-feira, 29 de maio de 2020

ATÉ A CONSCIÊNCIA É UM MILAGRE

     Já sabemos. Sim, já sabemos que esta é uma vida ilusória, uma passagem breve. Mas temos que vive-la!
     Sim, sabemos que a matéria acaba, que os desejos são a causa dos infortúnios. Mas precisamos dar conta desta vida e penso que ela é um tesouro que nos foi legado. O que fazer e como fazer?
     Gurus nos orientam com muita precisão, grupos espiritualistas parecem ter todas as respostas ... Mas temos de vive-la!
   Não podemos abdicar dessa maravilha que é! Tantos encantos, tanta perfeição, tantas possibilidades! 

 "... Cada pássaro é um milagre..." *
 
     Hoje ouvi um palestrante que, com sua extrema simplicidade e aparente sabedoria, permeava sua fala com certezas e acertos. Mas já vi muita gente proferir palestras impecáveis , porém , na intimidade , se mostrar como do avesso; ao invés do pano lustroso , a costura mal feita e a sujeira se evidenciavam.
     Portanto, para quem já tem juventude acumulada , a ilusão será mais difícil de ser aceita; cada um  descubra o seu próprio caminho, a sua melhor forma de entender a vida; Nada adianta apontar comportamentos se a pessoa está num estágio cujo entendimento nem alcança o que está sendo dito...
    Tudo a seu tempo... enquanto esperamos a consciência amadurecer, contemplemos o sol da vida, tudo em a natureza , o fulgor da inteligência, a beleza dos céus, o louvor dos pássaros. Em tudo reside a glória de Deus.

 " A vida é um milagre.
Cada flor,
Com sua forma, sua cor, seu aroma,
Cada flor é um milagre.
..."    *

* ops! Trechos da poesia de Manuel Bandeira " Preparação para a Morte "

terça-feira, 5 de maio de 2020

O CÉU E O INFERNO

     Falece o grande ator Flavio Migliaccio, dizem os noticiários. De quê morreu? Matou-se.
     Como numa peça teatral, fecharam-se as cortinas; só que neste caso, o próprio personagem puxou as cortinas do palco da sua vida.
     Descrente, afirmou ,em tom melancólico,  na carta em que se despediu: "Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é (...) como tudo aqui. A humanidade não deu certo. A impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este e com esse tipo de gente que acabei encontrando..."
     Faltava pouco, mas ele não conseguiu superar. Devia estar muito pesada a sua cruz. Desistiu, assim, renunciou à vida que levava no seu sítio.
     Não morava numa pocilga, num lugar infame, sem água, nem esgoto. Não. Tinha um sítio e lá estava, passando os derradeiros dias de sua existência.
     Há uma história que diz que um homem queria vender seu sítio e, caminhando na rua , encontrou-se com o amigo, o poeta Olavo Bilac. Pediu então que redigisse um anúncio para publicar no jornal, já que conhecia este lugar.
     O poeta pegou um papel e um lápis : " vende-se uma encantadora propriedade, com extenso arvoredo onde cantam os pássaros ao amanhecer; recortado por cristalinas e rumorejantes águas de um belo ribeirão; e a casa é banhada pelo sol nascente e oferece as sombras tranquilas das tardes na varanda."
     Passados uns dias, o poeta se encontrou com o amigo e perguntou se já havia vendido, ao que o outro lhe respondeu: Nem pensei mais nisto! Depois que vi o anúncio, percebi a maravilha que tinha.
      De sorriso farto, olhar carinhoso, o ator se perdeu nas vias da sua íntima tragédia.
     Hoje mesmo comentei com uma amiga de longa data que o mundo , às vezes, parece estranho... É o filho que não conversa porque não tem tempo,  é o marido que se engraça pela vizinha, é a conhecida que, apesar da idade, se mostra arrepiante de tanta amargura e fel...
     Enfim, já perdi a conta de quantas vezes me vi acabrunhada ante a maldade, a insensatez, a frieza ,e o desamor dos humanos.
     É o que digo: não podemos esperar ternura de quem não tem. Assim como o bondoso nunca faria mal a alguém, o maldoso, o irascível também não poderá transmitir paz nem alento, nem ternura, nem compreensão. Assim funciona a humanidade.
     Estudar nunca é demais; debruçar-se sobre as obras de Kardec nos darão esclarecimentos para que vivamos com consciência.  O livro  O Céu e o Inferno narra de maneira surpreendente a escuridão em que vivem os suicidas.  
     Quem gosta e precisa de carinho e de atenção? Principalmente as crianças e os velhos. Quem está disposto a lhes oferecer isto?


 
    

quinta-feira, 30 de abril de 2020

SAUDADES DE UM SÁBADO

    
Nesta temperatura amena, em que nossos ais diminuem, ante a passarinhada que não poupa  cantoria, minha alma segue para um tempo irrecuperável, oscilando entre as suaves alegrias já vividas e a saudade que não tem fim...
   Veio-me à mente uma cena de um momento lá de um tempo atrás... Era eu moça e cheia ainda de sonhos.  Professora, gostava do que fazia, esmerava-me na profissão, a vida era cheia. 
     Mas gostava de fazer visitas... Um hábito de gente antiga, mas eu gostava! Na casa da minha tia Nininha, então, nossa! Até hoje me lembro daqueles momentos tão felizes!
     Ela era dessas pessoas que sabem cativar alguém. E com a sobrinha, então, fazia de um tudo.
     Sua casa parecia casa de bonecas. Bonita, limpíssima, o chão brilhava; não se via um fiapo, uma poeirinha que fosse... nada. Só limpeza, beleza, alegria e arrumação.  
     Lembro-me de que, certa vez, cheguei de surpresa. Era um sábado , desses em que a natureza parece ter caprichado mais: um ar temperado, um cheirinho de flores no ar trazido pela brisa leve, um dia cheio de calma. Após o almoço, lá fui eu, determinada a passar uma tarde agradável com meus tios: Joana, carinhosamente chamada de Nininha e Júlio: alto, de bigodes fartos, brincalhão, sempre sorridente.
     Titia logo preparou um pudim! E enquanto preparava, conversava...E o tio foi comprar  pães saborosos e quentinhos, presunto e queijo. Sempre ficavam alegres com a minha presença.
   Sinto falta deste carinho desinteressado,  sincero, natural. Tão bom sentirmos que somos amados de verdade! Deixaram, pelo menos para mim, o sentido da palavra amor: aconchego, ternura, atenção.

 


quarta-feira, 29 de abril de 2020

O SHOW TEM QUE CONTINUAR

     Hoje, mais do que nunca pensativa, revendo antigos vídeos do genial André Rieu, questiono: Quando retornará aos palcos este setentão cheio de glamour e glória, o Embaixador das Valsas?...
     Porque do jeito que estão as coisas, tenho cá muitas dúvidas se retornarão os seus shows de música e alegria! Nem como será a nossa própria vida daqui por diante...
     Vamos vivendo, meio trôpegos, um dia de cada vez, preenchendo os minutos, procurando, com a ajuda dos céus, o autocontrole para que a confiança e a coragem não despenquem.
     Somos limitados. A força geralmente buscamos,  ilusoriamente, das condições externas, nem aprendemos a olhar para dentro de nós! Aí é que está  a questão primordial, a chave. A força deve vir do nosso íntimo, do nosso coração.
     É agora ou nunca! Chegou a hora. Mais uma morte aconteceu hoje da mãe de uma amiga.
     Mas existem pessoas incrédulas: ainda passeiam com o cachorro, fazem caminhadas achando que  fortalecem o sistema imunológico(?), passeiam nas praças e orlas, saem sem máscara. O que está acontecendo no nosso mundo é tão cruel que não nos demos conta ainda da sua gravidade. 
     " Ore que Deus ajuda", dizem uns; outros, " tem que ter fé", "Não vamos morrer não..."  Nem Jesus salvou-se da cruz...Talvez, sim, as preces nos deem a força necessária para sairmos ilesos da loucura, nos transmitam alguma calma e nos inspirem.
     Noutro dia vi um entregador. Alinhado, não era compra de mercado. Alto, bonitão, espadaúdo. Assim que chegou no prédio onde seria feita a entrega, desleixadamente pendurou a máscara na orelha direita e pude ver a sua barba . Notava-se, era tratada com capricho. Passou-lhe a mão demoradamente com zelo. Acariciou-a seguidas vezes.
     Nisso, chegando a moradora, eis que o rapaz entrega-lhe a encomenda e, em seguida, sai.
    Logo depois, esgueira-se num canto da calçada, desabotoa a calça e urina, sem olhar para quem passa... Organiza-se, empertiga-se e... coloca a máscara. Toma a moto e parte, vertiginosamente.
     Estava pensando em fazer umas comprinhas pela internet, mas depois deste dia, passei a avaliar ...
 
    " ...
Quando essa longa e úmida noite chegará ao fim?
Eu queria uma casa vermelha com mil quartos,
para abrigar coitados que passam frio sob esse céu,
e fazer com que seus semblantes fiquem de novo alegres:
todos nós, calmos que nem montanhas, no meio da chuva e da tempestade.
Que essa grande casa surja diante de meus olhos.
Aí, sim, morrerei de frio na minha cabana, mas feliz." 
                                                                                                                               (Du Fu, poeta chinês)


terça-feira, 28 de abril de 2020

ENQUANTO ISSO...

     Enquanto não podemos nos deliciar com as águas benfazejas do mar... enquanto não podemos pegar aquele cineminha na sessão das quatro... enquanto não podemos abraçar e beijar netos e filhos... enquanto o dever de cidadão nos obriga a ficarmos em casa, procuro descobrir atividades que preencham o meu tempo e me harmonizem.
     Pesquiso, sem muita pressa, a vida de alguns poetas: aqueles que o tempo mostrou que eram mesmo bons, já que se mantêm vivos na nossa memória!
     Transponho num vídeo as minhas impressões; comento ligeiramente e digo um poema. Sempre há alguém disposto a ouvir e até a apreciar.
     A ideia inicial era a de amenizar um pouquinho a aflição dos amigos, norteando-os com ideias positivas ou, simplesmente, belas! Constato, no entanto que, quando nos propomos a fazer algo bom para o outro, despretensiosamente, fazemos também para nós! Como uma rua de mão dupla...
     Dispus-me a me enredar na poesia diariamente e até dei um título a estes encontros: Poesia na Varanda, já que é nela onde faço os vídeos, tendo no cenário uma frondosa amendoeira e o som é de passarinhos.
     Tiro fotos de aves da janela do quarto. Abraço e beijo mentalmente a todos os que amo. Abraço também este mundo caduco.
     Venho descobrindo como fazer certos artefatos pelo You Tube... Já encapei uma caixa velha de papelão que ficou como nova!; fiz um cofrinho, um tubo com tampa, uma carteira de origami, até um coelhinho para carregar bombons! E estou a finalizar um porta-lápis muito engraçado.
 
     Confesso que, às vezes, me falta tempo... tempo para ouvir música, para retornar à pintura, para ver um filme da Netflix, para ler  uma  crônica _sempre estimulante_ de Rubem Alves, de quem sou fã!
     E entre um artesanato e uma espiadinha nos céus claros de outono, surge o desejo de elaborar um haicai!
Até os urubus
no isolamento social _
Pandemia
    

domingo, 26 de abril de 2020

OUTRO MUNDO

    Fico vendo as notícias alarmantes, mesmo sem querer... mesmo sem planejar...
     Na própria internet, quando um site é aberto, lá estão as últimas! Não compro mais jornal, não vejo TV, nada, nada... Recuso-me a entupir meu cérebro de negatividades... Porém, reconheço que a alegria de viver já não é mais a mesma... a vontade de reagir começa a definhar...
     Prendo-me quase em desespero à Poesia, aos vídeos que promovo, pesquisando autores dos mais antigos aos menos antigos,  procurando trazer à tona a esperança e o conhecimento do belo;  aos haicais que podem promover um certo aprimoramento espiritual... Leio os mestres.
     Sejamos francos: como é difícil a nossa melhoria interna!...
     Talvez, por isso, a pandemia. Conclusão triste a que chego. Uma derrubada no orgulho, na ignorância, na soberba. Um vírus que detona, pouco a pouco,  a humanidade...
     Detenho-me na arte, na poesia, na apreciação da natureza. É o que nos resta...
     Agradeço pela saúde, pela alegria íntima, pelo raciocínio ainda lúcido, pelas memórias boas... Então vêm uma tremenda saudade, nunca senti tanta! E o choro baixinho, a estranheza, o porquê e pra quê fazer certas coisas se o mundo mudou. E há de mudar muito mais! Uma revolução!
     Salvam-se as amizades. O bem-querer, a boa vontade, a palavra amiga, o sorriso. Nem todos têm as qualidades que esperamos que tenham. Dizem os mestres que sofremos em virtude dos nossos desejos... É verdade.

Ouço o vento. Ouço um soluço.
Ouço as orações que não afloraram,
Que se desenharam no espaço
Do espírito como voos invisíveis.
 
Ouço rumores violentos e tormentas,
Ouço sinos emergindo e sons
Que parecem flores molhadas
De orvalho e de luzes jovens.
 
Ouço uma voz cantando
A voz de alguém que passou
Cantando pela terra.
 
Ouço o mar. A voz do mar.
E mergulho no silêncio, o meu ser
Úmido de vozes e de sons.
 
 (Augusto Frederico Schmidt)
 
                         

quarta-feira, 15 de abril de 2020

SOLIDÃO IMPOSTA

     Nesta quarentena em que nos dispomos , no início sem entender coisa alguma, depois,  sonolentos, ansiosos, distraídos, continuamos reclusos. Mais adiante, bem... mais adiante sofremos!
     Percebemos que este vírus é poderoso e tudo começou com um morcego!... Explico: Pelo que dizem e tenho aberto os ouvidos para ouvir bem, lá, na China, bem distante... Comem de tudo!
     Desde morceguinhos sanguinários até ratos! Passando pelas baratas, escorpiões e mesmo formigas...
     Noutro dia vi um vídeo. Ah! Recebo dezenas deles num dia. Não sei vocês, mas deve ser igualzinho. O pessoal está nervoso, têm que se comunicar. E quanto mais torturante, mais divulgado.
     Num destes vídeos, aparecia uma chinesa do campo, bem rude, sem a mínima emoção, devorando um filhotinho de pássaro. 
     Vestia-se simplesmente, mas era truculenta. Alguém filma a criatura ao encontrar um ninho num arbusto , a pegar com absoluta indiferença um dos filhotes e arremessa-lo na boca feia e rugosa já. 
     É de chocar qualquer ser humano! Não demonstrava sentimento. Imune às maravilhas da natureza, saciou a sua fome com o que viu pela frente.
    Aproveitando o meio em que vive, deveria escolher algum capim, algum mato, o joio do trigo, a tiririca, a famosa cicuta... Aliás, com esta, ocorrem os sintomas parecidos do coronavirus, a tal insuficiência respiratória, ou fibrilação ventricular.
     Como hoje não estou para brincadeiras, tento me policiar, ou, melhor, daqui a pouco, entrarei em silêncio e me aprofundarei em mim mesmo. Afirmam os sábios que tudo mudará em nós e em torno. Acredito , esta, sim, é uma verdade poderosa.  
     Assim como a Natureza, pouco a pouco, se recupera dos malefícios causados por nós, seres inconsequentes, recuperemo-nos também, transformando esta situação a nosso favor. Aproveitemos a solidão imposta. 
 
     " O silêncio é essencial. .. Se nossa mente estiver repleta de palavras e pensamentos, não haverá espaço para nós."
 ( SILÊNCIO, Thich Nhat  Hanh)
    
          

segunda-feira, 6 de abril de 2020

REVIVENDO LEMBRANÇAS NA RECLUSÃO

     Nessa reclusão  que nos é imposta, o que mais têm funcionado são as lembranças!
      As más aprendi a rasgar e jogar na caçamba do lixo; no entanto, as boas nos transmitem as mesmas sensações do momento em que as vivemos. Não é assim?
     E é com esta impressão renovada que passo a contar-lhes um momento da minha mocidade, até hoje guardado não só na memória, como no coração.
     O estopim foi a conversa que tive ontem(via whatsApp)com uma amiga de infância. Contava-me ela vários fatos acerca de conhecidos, como pequenas historinhas. No final, perguntou-me: "Gostou da minhas histórias?"
     Não sei bem o porquê quase de imediato, reportei-me à casa de vila, onde fora criada entre pés de sapotizeiro e abacateiros frondosos, abieiros e mangueiras...e o jardim cuidado por mamãe, cheio de flores, desde os jasmins aos flamboyants, além dos medicinais guaco, boldo e erva-cidreira...
    Neste ambiente, os pássaros _ rolinhas delicadas  , pardais aos montes,  sabiás e bem-te-vis  marcavam presença!  E papai tinha uma coleção respeitável: canário-da-terra, o belga, azulão, curió e coleirinho e o bravo pintassilgo, dentre outros.
     Como a nossa casa era a última, vivíamos com a pesada porta de madeira escancarada!
     Certo dia, estávamos na sala, eu e papai nos distraindo com alguma leitura, quando, de repente... um bando de pardais assustadiços, porém organizados em sua manifestação solidária, nos chamou a atenção! Rodavam verticalmente, piando em demasia, na abertura da porta. Foi incrível!
     Levantamo-nos, movidos pela curiosidade, certos de que haveria um bom motivo para aquela manifestação assombrosa.
     Chegamos à porta, os pardais se dispersaram pelo jardim e vimos, assustados, que um gato amarelo, enorme, preparava-se para dar um bote certeiro nos pássaros de papai.
     Em domingos de sol, meu pai posicionava as gaiolas num muro baixo, que ficava entre o jardim, à frente da casa, e uma pequena área lateral.
     O malandro não gostou nada, nada do aviso dos pássaros! Demorou a sair dali. Papai, com voz e braços, tentava, desesperadamente, demovê-lo do intento... Até que, finalmente, o felino foi embora.
     Contei para a minha amiga Ana deste ocorrido. " Ufa! Que história!", disse-me ela, ainda com a respiração suspensa... 
    
      

    
    
    
    
    

sexta-feira, 3 de abril de 2020

EM QUARENTENA

     Não faz muito tempo, fui assistir a um filme na Casa de Cultura Laura Alvim. Depois, o cafezinho de praxe, com um casal amigo,  numa das mesinhas dispostas com graça, ao lado das salas de cinema.
     Inúmeras manhãs caminhando pelas areias limpas e macias de Copacabana! Especificamente no Posto Seis! Cedinho, o ar fresco ainda, gaivotas e biguás numa disputa pelos peixes! Eu me lembro até do socó, pousado numa das  amendoeiras na Colônia dos Pescadores, observando a movimentação. E a Capelinha ... E a peixaria...
     Os peixes miúdos e coloridos_ eram muitos!, nas águas de Ipanema... A beleza única do Arpoador... Quantas e quantas vezes ia até o alto da Pedra, apreciando todo aquele mar , aquela imensidão...
     No Forte de Copacabana, dizia e ouvia poemas  em reuniões literárias admiráveis.
     Um pensamento puxa outro... como contas de um rosário. Quanta vida tínhamos! Quantas chances de atividades!
     De vez em vez, uma visita a um Museu. Que prazer! E o passeio inaugural que fiz, com um amigo, na Academia Brasileira de Letras deixou marcas!
      Viagens, Cursos, Recitais, encontros com amigas para o bate-papo acompanhado do lanchinho farto, pelas galerias de Ipanema...
     Inesquecíveis passeios cheios de glamour pelas alamedas do Jardim Botânico, eternizados pelos poemas que compus...

MOMENTO ENCANTADO NUM JARDIM
 
A Natureza pródiga estende
Um tapete vermelho carmim
Submisso, a meus pés.
A cada minuto, um eco
Da tinta rubra que cai na tela
Da terra barrenta.
 
Tem um cheiro gostoso...
É um não sei quê de suave e doce...
 
E o som continua a espocar.
 
Estamos sós. Eu e os jambos.

     Lá, no Jardim, pintei, fotografei e aprendi a observar pássaros.
 
    Isso sem mencionar  fatos mais antigos, reminiscências mais remotas...
       Agora, longe os amigos, nenhum passeio, praia nem pensar, cafezinho só os daqui de casa e conversas pelo WhatsApp!
      Em quarentena,  restam-me as lembranças e a criatividade. Novos planos, crônicas no Blog, haicais e  fotos tiradas da janela... Os pássaros continuam por perto...
 
(gavião-carijó)
 

domingo, 29 de março de 2020

A FRAGILIDADE HUMANA

     Como passaremos estes dias, nas nossas casas?...
 Canta o azulão
prisioneiro na gaiola
Eu canto haicais
 
     Primeiramente nos lembremos de que temos um lugar para ficar! Podemos torna-lo mais prazeroso para habitá-lo: enfeitar, harmonizar, limpar_ ações que nos ocuparão e nos tornarão, por alguns momentos, focados e felizes; nossa casa pode ser o nosso lar, numa atmosfera aconchegante, mesmo se estivermos  sós; fazer com que a nossa casa seja o nosso reflexo, um lugar seguro como uma fortaleza.  
Detido o corpo em casa
mas o pensamento livre
Voo para onde quiser!
   
   Existem citações que nos reportam à alegria de estarmos na nossa casa. Vejam só:
" Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz..."
" É o mais feliz, seja ele rei ou camponês, aquele que encontra paz em seu lar."
" A melhor maneira de prender os filhos em casa é fazer do lar um lugar agradável."
" A casa de um homem é o seu castelo."
" Quem vai para casa, não se molha."
     E eu completaria, dizendo: não se molha e não contrai o vírus!...
     Hoje cedo assisti o vídeo de um Guru, assinalando para ficarmos em nossas casas! Esta será a única maneira de diminuirmos o impacto desta tragédia.
     E a prezadíssima Monja Cohen também assegurava, em vídeo, um tanto alterada por algumas atitudes inconsequentes de certas pessoas, para nos mantermos no refúgio do lar.
   Remexendo as redes sociais, observamos inúmeras manifestações de pensamento. Há os que sempre acham tudo muito engraçado, apesar das mortes em massa, do desespero e da falência da nossa sociedade; os que se baseiam em mensagens espiritualistas, garantindo momentaneamente a paz mental; os que nos acenam com possível antecipação do fim do mundo e se atordoam.
     Como já carrego no corpo físico algumas décadas, dou-me o direito de tentar planar em outras estruturas mentais, em diferente sintonia. Viajo com a Poesia... Acato Cecília, me deleito com Quintana, relaxo com Manoel de Barros, me instruo com Alberto Caeiro, me encontro com o saudoso passado em Cora Coralina e por aí vai...
     Neste cenário quase de sonho, acrescento a boa música,  como por exemplo as regidas _diariamente_ pela OSBA, sempre às 19h, no Youtube (Cine Concerto) com canções eternas de belos filmes!..´
     Que cada um planeje seus dias, com coerência. A vida é valiosa para nos perdermos em desespero, que não nos leva a nehuma solução. 
     O que nos resta a fazer é obedecer às autoridades competentes e à nossa própria consciência: Fiquemos em casa! É por um período. Para garantir a continuidade da vida.
     No confinamento
releio poemas em vídeos _
Coronavirus