Falamos com braveza, nos tornamos quase agressivos ; afinal, quem de nós gosta de conviver com alguém cheio de ruídos? Ruídos que não param de crescer e de acontecer...
Reconheçamos que a vida não está para brincadeiras... A vida que nós enxergamos está para ofensas, dureza, virilidade, testosterona, malandragem, eficácia extrema. Não mais se pode relaxar, no sentido puro e repousante da palavra. Temos que nos portar como se estivéssemos numa grande e inextinguível batalha.
Aí, então, não há nervos que aguentem... Como se estivéssemos sempre a esbofetear o nosso interlocutor.
E se há aqueles que temos obrigação de tratar com educação e gentileza, a coisa piora! Sim, senhores! Piora, na medida em que nos esforçamos para aparentar uma suavidade que ainda não conquistamos. Quando a situação cessa, voltamos a esbravejar!...
Contei para alguém especial para mim. Mas não era um bom dia. Fui julgada e discriminada, sem dó nem piedade. Temos que entender o outro. Então, escrevo para cicatrizar o coração, ainda um tanto machucado...
Estava quente, muito quente. Saí, fui dar uma volta numa praça cheia de perfumes. Abasteci-me deles. Sentei-me ao pé de uma das árvores portentosas de flores cheirosas. Cheguei a ver um ninho de joão-de-barro.
Fiquei ali, perdida em sonhos, não sei por quanto tempo. Quando me levantei, estava tão tranquila que sorria. Caminhei pela terra e , em volta de um quiosque fechado, havia um tipo de cerca, ornada por espadas e lanças. Uma pequena maravilha.
E nessa idade que comemoro a cada dia, às vezes faço umas estrepolias... Fui rápida. Escolhi uma delas e meu antigo desejo foi satisfeito. Retirei do solo árido e coloquei na sacola que trazia na bolsa.
Atravessei a rua e tomei a condução, feliz da vida! Logo eu, que só tenho uma travessura registrada em toda a minha pacífica existência, estava exultante! Coração na boca, olhar cabisbaixo, sorriso maroto ameaçando acontecer.
Ah, vida! Chego em casa e já preparo o vaso com a boa terra. Acolho a espada tão verdinha! Converso com ela( a idade permite certas maluquices), apresento-a à casa e a coloco no quarto. Dizem que faz bem. Veremos.
Por enquanto, o benefício é esta alegria imensa de ter dado a ela condições de uma vida melhor.