sexta-feira, 12 de agosto de 2016

RAFAELA SILVA & SIMONE BILES

     A nova campeã americana de ginástica olímpica, jovem de apenas dezenove anos, pensa como gente grande. Faz questão de 'deixar pra lá', ou tentar não lembrar de todos os sofrimentos pelos quais já passou.
    Desde a comprovada incapacidade da mãe biológica em criá-la, até a efusiva manifestação estúpida de preconceito de uma atleta(?) italiana tempos atrás, ela sofreu calada e sempre a sorrir.
     Sim, o sorriso nos capacita para a vitória na vida. No meu primeiro livro Palavras Transformadas, lançado na Bienal em 1995, num trecho  digo assim: " Quer ouvir a melodia da alma? Sorria!", pois já acreditava neste poder. O sorriso vindo do nosso íntimo, verdadeiro, é a expressão máxima  da nossa força interior já conquistada.
       A atleta  sempre procurou  focar no exercício, mas o que a diferencia, além do dom , possivelmente seja a forma de encarar os desafios tristes da vida, que, ou nos derrubam , ou nos empurram para a tenacidade naquilo em que acreditamos de fato. Vai depender  da nossa natureza, da nossa índole, do nosso jeito de ser.
     Foi e é o que acontece com a moça. Procurou desprender-se  de todo o sofrimento, mantendo a sua mente livre para focar no exercício, na disciplina extenuante.  Sua mente não se apegava ao cansaço e à dor,  mas pensava sempre que o treinamento era uma diversão. Assim estava treinando também a sua mente.  Criada pelo avô e sua mulher, dedicados e amorosos ao extremo, a vida se abriu para ela.
     Ao enfrentar torpes preconceitos, Simone Biles novamente sorriu, mesmo com o coração quase esmagado por tanta crueldade.
     Por isso acredito que, ao mencionarmos o nome de alguém  que superou dores e dificuldades, jamais nos reportemos às suas condições econômicas, sociais,  físicas, raça,  credo... Nada disso importa. O que interessa é o caráter, a bravura , o despertar para a nobreza de espírito, a determinação em vencer. Principalmente a si mesmo.
     Dói o meu coração quando leio em redes sociais sobre a nossa campeã olímpica Rafaela Silva. " Apesar de ser negra, favelada..." O que é isso? Isto é o preconceito camuflado em quem se arvora em protetor dos humildes. De jeito nenhum contemplemos essas pessoas lutadoras e vencedoras assim! Digamos seus nomes! Alardeemos suas vitórias. Nada mais é preciso para identificá-las, pois isto é tudo.