Brisa mansa... Calmaria nesta terça-feira de sol forte. Nuvens se aproximam. Umas pequeninas, indefesas, quase se desfazem pela insistência dos ventos travessos; outras maiores vêm chegando e, de vez em vez, escondem o sol.
Pessoas caminham no seu passeio matinal. Sentada na cadeira de madeira do quiosque, eu beberico água de côco, deliciosa, doce, natural. E aprecio tudo. Tudo mesmo. Porque para mim tudo é belo, tudo faz sentido. Reverencio a Natureza e me embebedo dela.
Perto, no alto da palmeira ao lado, o sanhaço canta. Longe, em frente, a areia se deixa bater pelas ondas. Mais longe ainda, as ilhas, os morros, arrematando a paisagem inspiradora.
Nisso, um homem que caminhava um pouco acelerado, aparentando ter uns quarenta e poucos anos, pára quase súbito. Olha na direção do horizonte. Observa com atenção. Resolve descer da calçada e enfrentar a areia mole. Anda com dificuldade de tênis na areia fofa.
Vai andando devagar; a cada passo, o relógio brilha no pulso esquerdo. Talvez corra algum risco de ser assaltado, mas ele não parece preocupado com isso.
Quase à beira do mar, tira os sapatos. Anda. Pára novamente. Não se contém. Está determinado a ser feliz. Despe-se da camiseta branca e folgada. Prende-a de qualquer jeito na cintura da bermuda escura, despojada. Levanta os ombros como se suspirasse profundamente, aliviado! Acho que pensa:" Ah! Demorei muito a sentir esse prazer tão simples e intenso!..." Dava pra notar que estava embevecido.
Talvez fosse um turista. Sua pele excessivamente alva como leite me faz pensar assim.