quinta-feira, 12 de setembro de 2013

FELIZ ALÉM DAS LIMITAÇÕES

    Já pensei em fazer um novo blog sobre a terceira idade... Mas, pensando melhor, percebi que esta 'casta' ficaria ainda mais isolada do que já é.
    Esta maneira de tratarmos os idosos como 'melhor idade', terceira idade', 'idade da felicidade'  não deixa de ser uma exclusão. Seria medo de admitirmos que a velhice chegou? 'Idoso' seria a palavra correta, sem rodeios, nem atropelos, muito menos inibições ou complexos, acanhamentos.        
     Mas sabem o porquê? Presumo que o motivo seja o massacre do velho pela sociedade com o alheamento da sua presença  ou ainda, com a zombaria, infelizmente.  Os menos agressivos têm piedade... Ora, ora! Pena de quem viveu tanto? Pena de quem socorreu, pariu, criou, educou, semeou, trabalhou, riu, chorou, caiu,  enganou-se, aprendeu, levantou-se, enfim, alguém que, ao longo do tempo, amealhou experiências? Acumular mocidade não é para qualquer um.
    Somos todos muito frágeis. As doenças de toda a espécie, a violência, a ira que consome e a ignorância são fatores determinantes para que a vida seja encurtada.
    Os idosos são, portanto, sob o meu ponto de vista, vitoriosos. E deveriam ser tratados com carinho, respeito, amor e atenção. Os jovens ouvindo e aproveitando a sabedoria dos velhos se tornariam melhores e a sociedade passaria a refletir menos injustiças e incoerências. Tornar-se-ia mais pacífica, menos trevas, mais luz!   
    Sei que a velhice não consagra ninguém; mas nesta fase da vida seria bom admitirmos que a felicidade pode ir além das limitações. Misturarmo-nos aos jovens, às crianças, a todos! Aprender a trocar também com a juventude e com a criançada! Por que os grupos insulados? Não, creio que esta não é a maneira correta para a vida que ainda temos para viver! Procurar estabelecer laços de simpatia, renovar  amizades e alegrias, descobrir novidades, pequenas coisas, andar com menos pressa... Prestarmos atenção a nós mesmos! Usufruir a beleza da vida, o perfume das flores, a magnitude do mar, o contentamento dos pássaros! Descobrir do que gostamos de fato e mergulhar neste universo ainda desconhecido.
    Estávamos acostumados a um certo estilo, hábitos que foram sendo reforçados ao longo do percurso; mas podemos mudar isto! Vamos usar a nossa inteligência para vermos de maneira prazerosa as possibilidades que estão à frente e à volta. E a vida poderá nos surpreender.  
    Noutro dia, estava num ônibus e um senhor, aparentemente de idade avançada, um tanto inseguro, aproximou-se do trocador e pediu para que o avisasse quando estivesse perto do Arpoador. E concluiu, com simpatia, que queria apreciar o pôr-do-sol do calçadão, pois era um momento mágico! E explicava, já se animando, que podia fazer isso agora, na velhice, pois não tinha mais as obrigações de antes.
    Não me contive, como boa descendente de italianos que sou. Elogiei sua atitude, seu esforço, que seria, certamente, muito bem recompensado. Então ele discorreu sobre um passeio que tinha feito há poucos dias , no Jardim Botânico, à noite , para serem vistos animais de hábitos noturnos que vivem lá no Jardim. Entusiasmei-me! Este homem, aos poucos, mudara a rotina de sua vida. E estava feliz!...
 
 

   

terça-feira, 3 de setembro de 2013

CADÊ O PERFUME?

    Setembro, mês das flores, sempre bem-vindo. Mas ando assustada com todas as diferenças de temperatura. O tempo anda esquisito,  meio temperamental. Nunca tivemos um frio tão intenso aqui, na cidade do Rio de Janeiro, como neste 2013.
    O resultado dessas variações bruscas e temperaturas baixas são as gripes, as viroses, as conjuntivites e várias manifestações doentias.
    Seguramente, a estação temperada que aguardamos, ansiosos, virá com um sol ameno, tardes bonitas, manhãs esplendorosas e brisas suaves. Torço para que aconteça.
 
(lírio)


    Estava me preparando para conhecer Holambra, a cidade das flores, mas, depois de enfrentar uma dessas gripes tremendas, acho que perdi o fôlego. Teria que enfrentar pacientemente horas num ônibus para chegar à cidade; para irmos, há o sabor do desconhecido e tudo enfrentamos; mas... e a volta? Não, não, desisto, eu acho.
    As flores também não estão mais as mesmas. Compro na florista aqui perto e dura por volta de uma semana uma rosa. Recusa-se a abrir totalmente, não exala perfume, somente a beleza fria e triste. As rosas vendidas na feira são a mesma coisa. Só têm beleza, nada mais. Uma beleza, nota-se, forçada, mentirosa. São as flores de estufa, disse-me um vendedor de um quiosque da pracinha.

(Roseiral do Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

    Não eram essas as flores da minha meninice e da minha juventude; lembro-me de que quando professora, havia um aluno que  quase todos os dias trazia uma flor! Geralmente uma rosa do seu jardim. Como era perfumada! E linda. Tive que providenciar uma pequena jarra e todos os alunos apoiaram a ideia. Ela ficava ali, na minha mesa, exposta aos olhares de toda a turma. Era a mensagem da beleza e da alegria.
    Eu tento destacar o que é   belo e puro e verdadeiro; tento me ligar ao que me transmita paz e contentamento; tento afugentar as ideias negativas de que o mundo anda meio torto. Ele está um pouco diferente. Tomara que possamos entendê-lo melhor e perceber ainda as sutilezas que acariciam o coração, renovam as esperanças e dão forma aos sonhos.
   
   
(bastão-do-imperador)