sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

COMPORTAMENTOS

     Vinha eu caminhando pela rua, em passos pequenos e rápidos, como se fosse um azougue(Eita palavrinha antiga, esta tirei do baú da vovó...) pensando em me precaver, caso  algum larápio, desses sem-vergonha(aliás, todos os larápios são sem-vergonha!...), me abordar indelicadamente, com ousadia extrema e requintes de maldade e astúcia, puxar a minha bolsa, empurrar-me violentamente, provocando um fragoroso tombo! Imaginem, minha cabecinha fervia!...
     Então, seguindo a dica do grande mestre Tartang Tulku refleti. Ali, instantaneamente. Ops! Pensei. Calma, serenize-se. Assim é demais!... Técnica da 'atenção plena'.
     Mergulhando em mim, naturalmente os pensamentos que borbulhavam se aquietaram e  passei, nesta minha trajetória, a observar a tarde que caía lenta, a brisa esfarrapando as nuvens, o sol frágil deste fim de primavera chuvosa, querendo aparecer , mas sem forças em virtude de tantas 'frentes' vindas do oceano e da Amazônia. 
     E as pessoas se esbarrando, atropelando quem viam(ou não viam?) pelo caminho, falando alto, gesticulando com estardalhaço, ansiedade  provocando esgares. E havia os velhos...Ah, estes, coitados, com dificuldade, meio trôpegos, meio cambaleantes, tentavam também andar apressados, como se quisessem ainda manter um comportamento antigo, inadequado agora." Tristes figuras", pensei. Olhares um tanto perdidos, olhares esgazeados, expressões duras, secas. Às vezes, parecia que marchavam... pra que tanta pressa? Aonde vão assim, autômatos?
   Quando observo coloco pra mim o aprendizado. É preciso ter cautela, pois todos nós somos passíveis da alienação. O mundo está trôpego de valores, caindo aos pedaços de tanta ilusão. É preciso ter cautela não só com os ladrões, mas principalmente com os apelos da vida provisória que podem surrupiar, por instantes, a nossa alma.



domingo, 20 de novembro de 2011

A MORTE SEM TERROR




" NOSSA VIDA É COMO O BRILHO DE UM RELÂMPAGO NO CÉU." (Buda)

Perdi uma amiga no ano passado. Uma amiga alegre, que me fazia rir. Chamava-se Mabel, surpreendia-me com uma certa pureza mesclada com alegria de viver e peraltices na fala, que eu entendia. Um sorriso maroto bailava sempre em seus lábios. Tinha uma vida muito ativa e a natação era seu esporte favorito. Aliás, conhecemo-nos numa Academia de natação.

Mabel. Sorriso franco, generosa, amiga de fato. Foi mulher, mãe e avó extremosa.

Neste ano de 2011, perco mais uma amiga que, por coincidência, conheci também na mesma Academia. Doutora em Linguística, Cláudia não gostava de que fosse apresentada assim. Era simplesmente minha amiga. Generosa, incentivou-me na carreira literária e na pintura. Dizia que via em meus escritos algo que acalentava quem os lesse. Orientou-me a prosseguir na Arte com palavras que tocaram meu coração. Tinha o sonho de casar-se, mas não chegou a concretizá-lo. Realizou-se plenamente na profissão que desempenhava na UFF, na qual era dedicada ao extremo.

Pessoas diferentes, mas com algo em comum: um brilho, uma lucidez de espírito, uma bondade que me tocavam. Perdi pedaços de minha alma. Ainda sinto as suas presenças em minha vida. Ainda me lembro delas com a emoção de quem teve almas irmãs por perto, para, talvez, amenizar algumas agruras deste mundo, suavizar a nossa caminhada, com a compreensão de quem sabe amar, ouvindo , desculpando, proferindo palavras de carinho, aconselhando, sendo parceiras.

A morte já me levou gente muito querida: meus avós, meus pais e agora, as amigas. Com os meus avós, tanto os paternos quanto os maternos foi de longe, não houve proximidade. Passei a conviver com a D. Morte quando meu pai faleceu de câncer. Aí foi duro. Mesmo assim custei um pouco a admitir que ele iria partir para sempre. Mantinha no coração uma certa esperança ingênua de que de um momento para o outro se recuperasse.

Até os dias de hoje me surpreendo quando me vejo pegando o telefone para contar para mamãe alguma novidade. Era assim que eu fazia. E então me lembro de que ela já não vive mais neste mundo.

É realmente difícil para nós, ocidentais, admitirmos a vida como ela é. Uma transitoriedade. Uma passagem rápida. E eu, particularmente, tenho o conhecimento de que a vida continua. Sei da vida pós morte e já vivi muitas experiências espirituais. Mesmo assim, sentimos falta da presença física de quem amamos e de quem nos amou. E isto é o que importa : o amor. Ativar este poder enorme, esta luz que trazemos em nós tornou-se o meu principal propósito.

" Quando nasceste, todos sorriam, só tu choravas; procura viver de maneira que, quando morreres, todos chorem, só tu sorrias."




domingo, 13 de novembro de 2011

"O MAIOR POETA NEGRO DO BRASIL..." ?





Ouvi hoje cedo, pela manhã, um comentário sobre o poeta Cruz e Souza, algo assim: "...o maior poeta negro do Brasil..."etc etc. Fiquei pensativa: Por que o "negro"? Já separou, já isolou. Poeta é poeta, artista é artista; não haverá limites, nem de credo, nem de nação, nem de condição social, nem de sexo, muito menos de raça, cor de pele... Vamos acordar!...

Fala-se tanto em vencermos preconceitos, mas , sem percebermos, estamos chafurdando nele! Cerceamos, minimizamos, confinamos a criação e o criador, como se isto fosse possível.

Faltam-me, talvez, as palavras mais adequadas para exprimir o sentimento de aversão a toda e qualquer , por mais diminuta que seja, oclusão e diminuição do ser humano.

Outra questão que trago à baila é dizer-se de um criador que ele é o maior; então haverá o menor... e quem há de ter a condição para julgar?

Acho tudo isso uma grande bobagem; enquanto ficamos especulando, nos debatendo nessas questões de rótulos, o artista paira acima das pequenezas do mundinho de vaidades e de tolices que, infelizmente, alimentamos, insuflamos ao longo do tempo. E tempo é preciosidade para manifestarmos o que nos vai na alma, seja em forma de poemas ou de qualquer outra manifestação criativa.

Só precisamos, para alentarmos a nossa preciosa vida, saborearmos a Arte:

"...

E na harpa do teu Sonho, corda a corda,

Deixa que as ilusões passem cantando

..."


















sexta-feira, 14 de outubro de 2011

TERROR

O turista americano flagra a explosão no restaurante, o desmoronamento parcial do prédio, as vítimas sendo socorridas no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Pensou que era um ataque terrorista!... Já estão condicionados... explosão= terrorismo.


O restaurante usava gás ilegal.


Não, Sr. Turista Americano, não precisamos de terroristas. Nós mesmos nos aterrorizamos. Incultos, cheios de empáfia, de soberba, altamente complexados, com baixa autoestima_tanto que valorizamos por demais os outros países. Desprezamos, até mesmo achincalhamos(em filmes que ridicularizam a nossa História, por exemplo), as nossas bases, a nossa origem, o povo indígena, o seio africano, os colonizadores que deixaram suas marcas benfazejas. Somos esta mistura maravilhosa. Fazemos um discurso bonito, mas falso, pois desprezamos nossas origens, sim! Preconceituosos e ignorantes. Não, amigo Sr. Turista, não precisamos de terroristas!...


Importamos comportamentos, vícios e pensamentos. E esta mistura de raças nos fez tão criativos! Infelizmente a capacidade criativa mina-se com a fragilidade de raciocínio e com sentimentos de descrédito arraigados em nós ainda.


Quando melhoramos um pouquinho, o nariz arrebita, o olhar torna-se pedante, a aparência petulante. Mas vamos em frente!... Um dia nós, verdadeiramente, seremos instruídos e saberemos amar este país, respeitando o nosso passado, tentando compreendê-lo, assimilando as diferentes culturas que aqui deixaram suas sementes, cultivando a honestidade e, de uma vez por todas, banindo a ignorância, o atraso e a corrupção.


Não, Sr. Turista, definitivamente, não precisamos de terroristas. Nós mesmos já nos aterrorizamos.


sábado, 8 de outubro de 2011

LACERDAS


No tempo em que eu era estudante do Colégio Pedro II, o único imprevisto calamitoso que poderia ocorrer a qualquer um de nós seria o ataque imprevisível dos lacerdinhas!... Quem foi desse tempo e sabe do que estou falando?

Bastava usar roupa clara, especialmente amarela, passar debaixo de algum arbusto e lá vinham eles sobre nós, em nuvens, pobres mortais indefesos àqueles insetinhos pra lá de inconvenientes!...

É bem verdade que, além da chateação, eles colocavam nossos olhos vermelhos, inchados e ardendo como fogo! Eram mesmo muito desagradáveis. Levávamos um tempão até que as vistas melhorassem.

Os rios da cidade eram limpinhos, pois o então governador Carlos Lacerda não deixava a sujeira acumular. Nem mendigos e malandros pelas ruas. Uma época em que a cidade do Rio de Janeiro e seus habitantes eram cuidados.

Hoje está bem pior; essa juventude de agora não imagina os tempos tranquilos e amenos de antes.

Noutro dia eu estava numa esquina, aqui em Ipanema, quando uma fumaça esbranquiçada e intensa começou a subir pelos meus pés. Estava em cima de uma daquelas tampas nervosas que deram agora pra voar, matar, atemorizar. Nossa! Fiquei atônita. Atravessei e vi quando um carro da Light chegou e colocou uma bandeirolas ao redor. Viva!

São muitos os problemas de hoje. Mas não sou saudosista, não! Até porque meu tempo é o hoje. Não vou ficar discorrendo sobre os baitas problemas que nos incomodam. Ladrões, corrupção (isto tudo já existia, mas em números menores...), má educação, professores despreparados, mosquito que mata, violência, sociedade minada pelas drogas, depressão, péssimos médicos que esquecem seus juramentos... A listagem é grande.

Então, pra amenizar o percurso da vida, ou para vivê-la melhor, me incluo na prática da Meditação, no mergulho na Poesia, na apreciação das Artes, na contemplação do horizonte, nos passeios ao Jardim Botânico, no convívio agradável das amizades.

Dirão alguns:" _ E na ajuda ao próximo? "

Bem, isto é fundamental até para a sanidade mental, mas quando se ajuda alguém , não é preciso que se proclame. Há de ser um comportamento natural e rotineiro.

Não preciso sentir saudade do tempo dos lacerdinhas; os pássaros vieram na minha janela; o sol brilha como nunca e hoje o virtuoso Yamandú Costa se apresenta no Teatro Municipal! Ainda bem que coisas boas acontecem.


Amigos, se este site não corresponder a sua expectativa, perdoem-me; tentei atualizá-lo como o próprio blogger sugeriu e aconteceram coisas imprevisíveis: meu nome quebrado, nomes dos seguidores desaparecidos e outras coisas mais, como, por exemplo, não consigo baixar fotos. No entanto, escrevo como sempre, acalentando a idéia de que vocês se importarão mais com a leitura do que com a apresentação.

Mais uma vez peço desculpas e espero que o site conserte isto.Um grande abraço.



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MINHA VOZ SERÁ OUVIDA?...

TENTEI ATUALIZAR ESTE BLOG, COMO SUGERIRAM; O QUE ACONTECEU FOI QUE MEU NOME, AO LADO DO RETRATO, SAIU TODO CORTADO, OS NOMES DOS SEGUIDORES DESAPARECERAM E NÃO CONSIGO MAIS POSTAR FOTOS. DE MODO QUE ME PERDOEM AQUELES QUE ME LEEM, PORÉM, ESTÁ HAVENDO ESTA DIFICULDADE E NÃO SEI RETORNAR AO ANTIGO MODO DE POSTAGEM. COMO ESTE BLOG FOI MENCIONADO POR MIM NO MAIS RECENTE LIVRO DE MINHA AUTORIA__" NA TRILHA DA POESIA__ poesia para crianças dos 8 aos 88", TENTO CONTINUAR NESTE BLOG, CASO ALGUM LEITOR ACEITE MINHA SUGESTÃO E CONFIRA AQUI OS MEUS ESCRITOS.

SE ALGUÉM QUE ME LÊ SOUBER COMO FAZER, POR FAVOR, ME ORIENTE. FICAREI MUITO GRATA.

E VIVA A MODERNIDADE COM SUAS AINDA PRECÁRIAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS!...

sábado, 1 de outubro de 2011

PUREZA



Num cruzamento nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas, há alguns anos, eu estava parada no sinal, dirigindo o meu velho e fiel Opala. Chovia, era inverno, os vidros estavam fechados. E aproximaram-se alguns garotos, sendo que um, em especial, serviu-me de inspiração. Até hoje ao lembrar-me da cena, me emociono. Então, compus...


PUREZA

Aquele negrinho que vi por minutos

Ria...

Por dentro eu chorava,

Pois ele não compreendia

A real situação

Naquela sua euforia:

A miséria o confortava

A fome o conduzia

O frio o enregelava

E ele sorria, sorria...


Conversando hoje com uma amiga, discordamos quanto ao motivo que estaria na base de toda a violência e hostilidade que vem crescendo assustadoramente na sociedade. É gritante o comportamento cada vez mais agressivo da população. Um alto nível de stress, como um atordoamento.

Ela acha que seria o desnivelamento social e econômico; eu creio que há algo mais, há algo oculto que deforma a consciência. Creio também que existe uma luz, uma inquietação sublime acrisolada em cada ser.

Ser pobre não é motivo para ser cruel, mau, invejoso. Não.

Essa inocência, essa pureza mencionada acima, nos faz perceber que doce somos todos nós, que bons somos todos nós. Entreguemo-nos a essa luz macia da bondade e do afeto e deixemos que ela inunde o nosso espírito.



sexta-feira, 30 de setembro de 2011

PRA MEDITAR

"META

a gente busca


CAMINHO

a gente acha


DESAFIO

a gente enfrenta


VIDA

a gente inventa


SAUDADE

a gente mata


SONHO

a gente realiza."





sábado, 24 de setembro de 2011

A EXAGERADA NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO

   Alguns escrevem e isto lhes basta! A pura alegria da comunicação pela palavra escrita, o esmerar-se cada vez mais, a ampliação natural do vocabulário, o progresso do corpo mental, a revisão de fatos e imagens mentalmente enquanto se debruçam nesta arte.
    Mas nem todos se contentam com estas alegrias. Não é o que procuram. Algo mais os movimenta em torno da escrita, uma necessidade  grande de reconhecimento e de aplauso . Não fazem a arte pela arte! Estão em busca de um alimento à vaidade e à presunção, talvez; atributos que todos nós, infelizmente, carregamos atrelados ao espírito. Tolhem, assim, a sua capacidade criadora.  
     Na Revista Brasileiros, de maio de 2009, li uma entrevista com Lygia Fagundes Telles, em que ela narrava alguns fatos sobre um concurso de literatura em que tiveram que mudar o voto, pois o idealizador do mesmo queria, por motivos aleatórios __ que não os de mérito do autor(e quem os há de julgar?), que fosse outro escritor o vencedor e não aquele que recebeu o maior número de votos a favor.
     Quando fico sabendo de coisas assim, confirmo esta minhas conclusões e que aqui vão como meros pensamentos, análises, este é um traço do meu feitio. Não passo a vida batida. Antes, reflito, observo, analiso. Faz parte do processo do progresso. Ou não?
       Há muitos concursos  em grupos literários e o objetivo , parece-me,  seja este: avaliar quem é o melhor ... A melhor poesia... Coisa estranha... A programação deixa a desejar. Tão bom cada um com o jeito próprio de expressão, a natural maneira de redigir. Então, ao se apresentarem, ficam esplanando os títulos, os prêmios, quando, na realidade, queremos ouvir sua criações!...  Até em livros infantis casualmente descobri uma imensa relação dos títulos e de prêmios ganhos ao longo da vida literária. Isto não é uma apresentação. Ora, ora, será que  é adequado à criança?  Só faltava dizer: "Vejam como eu sou inteligente, quanto valor eu tenho, quantos prêmios me deram..." Esta foi a minha interpretação... Que me perdoem. Ganhar prêmio não significa que a sua criação tem mais valor do que a de outro criador. E será este um motivo de arrebatamento?
     O comportamento esperado, pelo menos de minha parte , é que  apresentem sua obras! Falem o que criaram! Não expliquem, não se delonguem na exposição de incontáveis, inúmeros prêmios! Isto não fará com que nos solidarizemos com a mediocridade. Acho até que são comportamentos muito imaturos, crianças precisando de atenção.
     Iniciei no camino da Literatura num concurso e ganhei prêmio de edição. Na época, foi muito oportuno, estimulante. Mas, com o passar do tempo, a percepção foi aumentando e chego à conclusão de que isto é muito pouco. Dedicar-me a explanar parágrafos e mais parágrafos, quando não,  páginas e páginas com toda a formação, os prêmios e tais cousas  nada acrescentam a quem lê. É mesmo para se gabar... como diria um amigo que gosta de abrir o baú e catar palavras quase obsoletas... Vã glória...
     Tão bom avançar, ir em frente, não permanecer na mesmice de relatos enfadonhos de autopromoção. Os que nos lerem saberão se o que escrevemos lhes agrada... Na minha opinião, isto é o importa. Fazer a obra e soltar no mundo.
      "A procura de prestígio mostra uma sede de poder. Quanto mais ego, menos verdade, menos beleza. Quem é realmente criativo não se preocupa com a fama; ele fica tão feliz na realização que o desejo desaparece, já é aquilo que sempre quis ser." (Osho)

(a autora na New York Public Library, na seção infantil)


    
   

domingo, 21 de agosto de 2011

SUPRIMENTOS PARA O ESPÍRITO (crônica)

     Aconteceu num Shopping, dia desses. Estava no elevador e três senhorinhas entraram, alvoroçadas. Uma delas, com aparência mais idosa, exibida e arrogante, tentava se mostrar mais inteligente e aguçada que suas amigas. As outras, comedidas, sorriam, entreolhavam-se , recatadas.
     Prestei atenção em suas conversas. Falas empobrecidas, às vezes até um tanto engraçadas, quando discutiam se iriam comprar ou não uma blusa. "__ Já tenho tantas blusas, que acho que não dará tempo de usá-las todas!...", dizia a espevitada. E as outras retrucaram, de maneira simpática.
     A fala frívola, talvez preenchendo o vazio de suas almas acostumadas durante a vida a servir a família, soavam agora perdidas naquele vozerio enfadonho da multidão esbaforida.
     Triste exibição solitária, alvo fácil dos olhares desdenhosos dos jovens esquisitos de agora, olhares estranhos, tentando camuflar a ignorância da vida e o total despreparo para vivê-la, jovens pretensiosos e iludidos.
     Refletindo melhor, vejo que tudo é ilusão mesmo. Alimentamos e cuidamos de um corpo que irá morrer... e o espírito, que tem vida eterna? Como alimentá-lo? Quais serão as suas necessidades? Como supri-las?
     Ah!... Preciso, nesse instante, de um abraço! Um abraço bem forte! Não os tapinhas e afagos nas costas. Não. Quero aquele abraço vigoroso, sentido, corpo abraçado a outro corpo, coração unido a outro coração, faces se tocando.
     Sinto falta do afloramento de sorrisos, das conversas naturais, das atitudes humanas.





sexta-feira, 29 de julho de 2011

SALVADOR... DE NOVO!

      De novo, falando de Salvador, em Salvador...
     Venho reparando, há algum tempo, atitudes e fatos que me desgostam. Fazer o quê? Expor, botar pra fora  pra diluir a má impressão.
     Calçadas que, além de estreitas e mal concluídas, permanecem destruídas ao longo dos anos. De quem a reaponsabilidade? Pedestres caminham pelas ruas...
     Ônibus com assentos duros, parece  até um castigo andar neles. Mas sou teimosa e continuo a minha jornada pelas conduções públicas, até porque somente assim se conhece, de fato, um lugar, uma cidade.
     Noutro dia, fui até o Farol da Barra para tirar fotos e rever toda aquela maravilha. Fiquei surpresa! O ônibus, custando igualmente dois reais e ciquenta centavos era de tirar o fôlego! Apoio para a cabeça, televisão, poltronas acolchoadas e... preparem-se!Cinto de segurança!Tudo estalando de novo. Além, claro, da entrada para deficientes físicos. Isto não pode faltar mesmo!


     Hoje, no entanto, a surpresa! E algumas incoerências... Ônibus com assentos de metal...ui! E televisão!... E o passageiro à minha frente... caboclo bonitão, de uns cinquenta e poucos anos, forte, espadaúdo... de repente, cata no bolso da bermuda um palito para limpar as orelhas!... Ora, ora, faça-me o favor!Fiquei atônita, e ele, calmamente, tirava enormes pedaços de cera com orgulho... Cabra macho, ôxe!
    Condução pior só no Maranhão, onde a população parece que já se acostumou, infelizmente. Quem já tem a inteligência um tanto desenvolvida reage estudando, trabalhando, criando, procurando oportunidades para crescer. E sempre aparecem. Há comunidades que aprendem como manejar agulhas, como fazer guloseimas,como usar a argila, a palha, o buriti  recuperando aprendizados dos antigos. Já os renitentes, acham mais fácil a atitude da revolta, a inveja e os revides. Isto não adianta nada. Só mais atraso, mais atraso...
     Entendo agora  porque os soteropolitanos usam o carro para tudo: se vão ao trabalho justifica-se, mas comer um docinho na cafeteria da esquina? Ou um sorvetinho no Frio Gostoso da rua ao lado? E ir até à pracinha, a cinco minutos de carro, pra caminhar!?
     Também não podemos andar soltos, despreocupados. Não. Haverá sempre um ladino nos acompanhando para o assalto. Então, é fazer de conta que temos menos idade(pintar os cabelos ajuda) , andar com passos firmes e resolutos(melhor calçar tênis) e usar roupas bem simples e despojadas, de cores esmaecidas.
     Ganhei um exemplar do Jornal da Metrópole no restaurante e me espantei novamente! Logo na segunda página , por conta da morte da cantora Amy Winehouse, leio comentários desairosos sobre Castro Alves! Álvares de Azevedo! Rimbaud! e outros... Quem somos nós para julgarmos tão cruelmente os vícios e desastres emocionais dos artistas? Seres incompreendidos, uma tormenta dentro de si,  mal aceitos nessa sociedade hipócrita e preconceituosa. Creio que, por isso, muitos fugiam para as drogas e  outros vícios. Ficavam desorientados. Artistas, excepcionalmente os poetas e os músicos, lidam com  as forças mais abstratas da criação.

 
(Castro Alves, orgulho nacional )

     No final do passeio de hoje, depois de uma chuva de percevejos que caíu sobre mim de um arbusto, fui à farmácia e, quando levei o produto ao caixa para pagar não havia ninguém; então, o rapaz do estoque se dirigiu ao fundo da loja e falou com a colega. E ela murmurou algo, inquieta , deixando transparecer má vontade. Compreendi. Esperei. Esperei o tempo dela. Então, lá vem... bem devagarzinho... olhos baixos, com um sorrisinho nos lábios carnudos , deixando aparecer os dentes estragados. Então, não me contive:
     "__ Isso, minha filha, maltrata! Maltrata quem te trata bem!..." Um tanto sem graça, deixou alguns produtos à beira do balcão caírem; e , impassível, continuei: __" Espezinha a carioca aqui!..."
    Continuo a amar esta cidade e este povo que acolheram meus amores desta vida e a mim própria.
    Salvador, teu destino é a glória, a alegria, o progresso. Chegarão lentamente, talvez...

   

quinta-feira, 28 de julho de 2011

PORQUE AMO SALVADOR

   Salvador, cidade grande com ares de província. Reconheço que aqui tudo é mais singelo e o seu povo afável e amoroso. Além destes predicados, sustento o meu olhar no horizonte e dou conta de que há uma efervescência, um borbulhar de cores e luzes como em nenhum outro.
   No nosso cancioneiro popular existem muitas referências a esta cidade, sempre chamando a atenção para as suas peculiaridades:

   "...A fé
   A felicidade
   Cidade de Salvador..."

   "...O luar prateia tudo
   Coqueiral, areia e mar..."

   "...Oh! vento que faz cantiga nas folhas
   No alto dos coqueirais
   Oh! vento que ondula as águas..."
 
   "...Coqueiro de Itapuã, coqueiro,
   Areia de Itapuã, areia..."

   "...Dia dois de fevereiro,
   dia de festa no mar
   Eu quero ser o primeiro
   Pra salvar Iemanjá..."
      Posso dizer que o meu sentimento por esta mágica cidade  é estranho, peculiar e tão grande que chega a tomar conta do coração.
   Pancetti, o grande pintor das marinhas, não se iludiu ao afirmar que aqui havia uma luz  muito intensa e cores tão vibrantes como ele nunca pensara existir. Tanto que suas pinturas mudaram radicalmente em termos de luminosidade. De tons frouxos, pastéis esmaecidos inicialmente, passou a fazer as telas vibrarem quando, marinheiro que era, aportou por estas terras.
   Elevo o olhar,  vejo céus extendidos, a proclamarem  liberdade; uma quantidade exacerbada de nuvens multicoloridas; quando me aquieto à beira do mar, ouço cantigas sussurradas, melodias de amor... Quando, à tardinha, me debruço na varanda, me entretenho com  as aves em bandos fartos de cantos e de cores; e o tempo passando lento, moldado pelo sol dilui cansaços antigos, estreita simpatias. 
   Salvador, cidade mística, farfalhenta de sons e cores e luzes. Cidade  exuberante, de sabores  apimentados, de amores ...
   De povo trabalhador, esforçado, estudioso, Salvador se destaca no nosso torrão natal. Ainda, talvez, não tenha percebido todo o seu valor. Tanto do próprio povo quanto das belezas raras das suas paisagens naturais. Inspiração para artistas, poetas, pintores... Salvador! Nunca deixarei de admirar-te!... 



  
   

segunda-feira, 18 de julho de 2011

DIA DO TROVADOR

   É. Tem dia. Tem dia certo para homenagearmos, ou simplesmente nos lembrarmos deles que, com suas poesias nos encantam, nos alegram ou, ainda, nosdão tratos à bola.
   Não irei discorrer aqui sobre a trova, sua origem, como era na Idade Média e tal e tal coisa. Não. Apenas, simplesmente me lembrar e aos que me lêem que existiu um poeta de nome literário Luiz Otávio que se interessou por este tipo de literatura, estudou o assunto e fez com que se alastrasse pelo Brasil. Fundou a UBT(União Brasileira de Trovas).Teve, portanto, mérito! 18 de julho era o dia do seu nascimento. Ficou então estabelecida esta data como o Dia do Trovador. Nada mais justo.
   Aqueles que incentivam a cultura, que impulsionam um povo para a melhoria do intelecto, suavizando as penas da vida merecem ser lembrados com gratidão.
   A trova se diferencia da quadra, pois esta faz parte de um poema, não tem vida própria e a trova, não. Ela é livre, sozinha diz tudo. Catulo da Paixão Cearense afirma:" A trova é a mais popular das formas poéticas!" Qualquer pessoa ou sabe ou já ouviu alguma.
De todo lado jogado,
desde os tempos de menino,
eu acho até engraçado
meu destino sem destino...
( Luiz Otávio)

Saudade palavra doce
que traduz tanto amargor;
saudade é como se fosse
espinho cheirando a flor...
(Bastos Tigre)

Duas vidas todos temos,
muitas vezes sem saber:
_ a vida que nós vivemos,
e a que sonhamos viver...
( Luiz Otávio)

Eu, trabalhador desse jeito,
com a força que Deus me deu,
pra sustentar um sujeito
vagabundo que nem eu?
(Orlando Brito)

   Já compus algumas, apesar desta não ser a forma na qual melhor me expresso. Sinto-me mais à vontade criando  versos livres e  versos brancos. Adoto uma maneira particular , natural e despojada de compor. Trabalho(?) com o sentir, com a emoção palpitante, identificando-me com o romantismo, apesar de ser tratado como obsoleto. Nada melhor para mim do que o ritmo intrínseco e a rima desfocada. É um desafio  o jeito descompromissado de poetizar com singeleza e naturalidade. Na realidade, é uma forma de composição que exige boa dose de sofisticação.
   Mas deixarei de lado minhas opiniões e selarei esta página com algumas trovas de minha autoria:

Coração todo florido,
um jeito macio de olhar,
o branco barco desliza
no azul cinza do mar.

Venho pra ti nesse instante
para aprender a amar
Abre teus braços, querido,
quero contigo sonhar!

Meu coração desmanchou-se
Versos de amor declinou
Grande alegria me trouxe
Meu coração trovador.


O SÍMBOLO DA UNIÃO BRASILEIRA DE TROVAS


  

segunda-feira, 11 de julho de 2011

COISAS & CAUSOS

   Admito. Não podemos viver sem elas: as ajudantes do lar. Mas percebo que seu comportamento já não é mais o mesmo. Nada de completar oito horas de serviço! Nenhuma delicadeza para prestar um sevicinho extra, como, por exemplo, se uma visita aparece, inesperadamente. Vão embora quando lhes convêm, ora, ora!
   E algumas tem a língua afiada! Reclamam. Reclamam da hora, da visita, da criança que chora, do patrão que usa uma camisa por dia, da quantidade de roupa para passar a ferro, da patroa que sai  e não avisa se vem para o almoço...e por aí vai...
  Hoje, foi o dia! O dia de confirmar estas minhas observações precárias.
  Simone é correta. Baiana simpática, despachada e sem papas na língua. Prestativa, mas sem nenhum burilamento. Fala o que pensa. Se fosse estudada, diria "sou sincera", mas como não é, reconheço como "lingua solta", quase mal educada.
  Na panela grande, água e sal cobrindo pedaços fartos de cará, uma raiz que aprecio muito, de sabor inigualável. Chego na cozinha, inicio uma prosa regada a café, enquanto ela termina de lavar a pouca louça. De repente, dedo em riste, solta: "__ Olhe, preste atenção no cará , vice? Assim que cozinhar, apague o fogo. " 
   Olhei pra mulher, olhos nos olhos, sorri e tasquei:" __É ruim, heim? Tô fora!..."  Afinal, eu já começara a preparar o frango do almoço. 

sábado, 25 de junho de 2011

    " O que fiz hoje para ajudar o mundo" não sei, sinceramente; porém, tentei manter o pensamento calmo quando não fui entendida, sorri para quem estava carrancudo(afinal, em Palavras Transformadas escrevi, convicta: 'Quer ouvir a melodia da alma? Sorria!'), descobri uma maneira mais alegre de trocar ideias, sem querer impor as minhas com pretensão, dirigi com elegancia, fiz a caminhada costumeira respondendo aos cumprimentos com simpatia, tratei a pessoa que ajuda nos afazeres domésticos com afabilidade, procurei entender a vizinha  triste e solitária.que teima num comportamento azedo e malicioso. Mas 'escorreguei' a falar com uma amiga tentando fazer graça, a entristeci; perdi a paciencia com um aluno inquieto;  teci comentários negativos e um tanto maldosos; abandonei amizades iniciantes por não acreditar na sua pureza e sinceridade.
  Sinto-me meio cansada, confesso, de tantas informações e noticiários atordoantes que nos deixam cada vez mais perplexos e atemorizados; ainda insisto em poetizar, procurando a inspiração na natureza como recurso definitivo .
   Em cada´pássaro, um canto revelador; em cada árvore, a sensação de proteção e amizade;

sexta-feira, 20 de maio de 2011

CUCA

    Há dias a cadelinha Cuca está alterada. "Hormonios", diz minha filha.
   Já tive uma, desde criança e minha mãe deu o nome de Mimi, que eu não aprovei. Pensava 'não é gata, como chamá-la Mimi?' Mas acostumei-me e a cadelinha também. Mimi pra cá, Mimi pra lá, foi uma grande companheira. Fazia-me acreditar que era o máximo quando chegava em casa, feliz, porém cansada, pois dava aula para crianças e as turmas eram sempre enormes. Não recusávamos alunos.Mimi vinha toda contente, balançando o rabinho, com aqueles olhinhos tão expressivos, revelando carinho. Era muito meiga e obediente. Viveu treze anos.
    Agora, tenho convivido com Cuca, sapeca, saltitante, pouco obediente, alegre, companheira, de gênio forte. Logo depois do cio, 'adotou' um brinquedinho (uma joaninha de borracha) como seu filhote. Rosna quando chegam perto dela, fica toda encolhida protegendo-a e tentando amamentá-la.
    Nesta tarde, passou a me 'chamar' com pequenos latidos de um som fino e delicado, quase um choro. Queria que visse a sua cria. Entendo pouco do ser humano, tento entender-me, mas de bicho quase nada sei, confesso. Então, como de louco e médico todos temos um pouco, vali-me da naturalidade, da confiança, do meu lado infantil que estava querendo se soltar e peguei um peso de porta que é uma tartaruga. Coloquei ao seu lado. Eu não sabia qual seria a sua reação. Parabenizei-a pelo lindo filhote e ela me olhou com atençao e meiguice. Até que deitou sua cabecinha sobre a cabeça do bicho de pano. E ali ficou, quietinha. Acalmou-se.
    Então, eu e minha filha finalmente podemos terminar de assistir a comédia na tv.
 
 
   
    

                                                           
                                                                                                           
                                                             
   

terça-feira, 26 de abril de 2011

SEMEANDO POESIA

   Observava tantas pessoas tímidas nos grupos que frequento!...  A alma estava em ebulição, porém, o comportamento era contido, controlado. Em demasia.
   Foi assim que surgiu a idéia de criar um Projeto: Semeando Poesia, onde procurei estimular a criatividade  visando a criação de poemas.
   A experiência proveitosa foi na Biblioteca Popular de Botafogo,  na pracinha da rua Farani e, pouco tempo depois, também na Biblioteca Popular de Copacabana. Nesta, tive a alegria de receber pessoas tão generosas, pois que já são poetas respeitados no meio literário há muito tempo. Ali, portanto, a abordagem foi um pouquinho diferente.

Biblioteca Machado de Assis (Biblioteca Popular de Botafogo)

   Organizei-me, detive-me nas pesquisas dos poetas brasileiros que deixaram marca forte, a servirem de exemplos de expressão. E concluí o Projeto amealhando inúmeros exercícios e atividades específicos para que alcançássemos o nosso principal  objetivo. Procurei direcionar aquelas mentes tão ricas para o caminho da expressão. Sem arreios. Nem cobranças.
  Além de todo um planejamento, incluí também técnicas quase revolucionárias para que aprendessem a se encontrar consigo mesmos. E a partir daí a criatividade evoluísse. A experiência deu certo. Os participantes que continuaram até o final dos encontros se mostraram mais confiantes, alegres  e criativos. Foi uma descoberta! Uma explosão de poemas e idéias enriqueciam nossas tardes. 
   Uma das 'normas' era que não houvesse crítica de maneira nenhuma. Absolutamente proibida! Como somos sensíveis a elas! Geralmente o artista é muito sensível seja qual for sua arte, o caminho de sua expressão. Portanto, há de se ter cautela ao comentarmos sobre a sua atuação. 
   E eu irei além: Pra que serve a crítica? Mário Quintana já dizia que  crítico é aquele que não sabe criar , por isso só lhe resta criticar. Pois quando julgamos a obra, estamos censurando quem a produziu e a humanidade é um tanto cruel. Não é comum as pessoas refletirem sobre o outro. Ninguém imagina o caminho percorrido por aquele artista que está ali, se mostrando por intermédio da sua arte. Pela sua criação ele manifesta a  alma inteira(1).
   Tenhamos portanto mais cautela ao lidarmos com o artista. Esta pessoa que , definitivamente, tem um dom, o de fazer contato com o outro por um caminho mais sutil que os sentidos comuns.  Ele vive em perpétua tensão emotiva e vibração interior(2).
   Semeando Poesia abriu-nos um campo de possibilidades, permitiu-nos um desenvolvimento pelo conhecimento, tornou-nos mais flexíveis, mais atentos às nossas próprias emoções. Mais prósperos.
   Tal como o educador, o artista está a serviço do espírito(3). Ele toca a sensibilidade do outro, interfere em sua corrente de energia e alimenta a alma. 
  

  
   CITAÇÕES :

1- Lioneto Venturi
2 , 3 - prof. Onofre Penteado Neto
  
  
  
  

quinta-feira, 7 de abril de 2011

BASTA !

   Basta por hoje. Não quero mais  noticiários escabrosos. Lá fora o sol ruge, as folhas                estremcem ao sabor da brisa e o canto do pássaro ainda se faz ouvir...
   Por hoje, basta! Não suporto  mais a  imbecilidade, o desafeto, a vergonha da carícia, o desamor, a ignorância levada ao extremo.
   Hoje eu não suporto mais a indiferença, os pré julgamentos, a acomodação, a limitação, a doença da alma, o cinismo, a incompetência, a imaturidade. Não! Ouçam-me! Não suporto mais.
   Preciso de ar puro!...
   Por que insistem os desalmados nos comentários? Por que, meu Deus, o clamor à injustiça, à crueldade?
   Saio do Facebook constrangida; paro de twittar; vejo as falas tristes a serem        repetidas sistematicamente   ! Estarão todos hipnotizados?Uma das técnicas de aprendizagem é a da  repetição. Vejo, com tristeza, o esmiuçar dos crimes bárbaros... Não. Isso eu não quero mais!
   Onde está a poesia? Até a Natureza parece recolhida,  amedrontada, inibida. Soluçam as vítimas, soluçamos nós.
Mas não desejo ver estampado na sala o rosto do malfeitor, porque ele se posta ali, sem cerimônia, na tela da tv, olhando para mim, com seu olhar sarcástico, tão perdido... Não. Não por hoje. Isto eu não quero mais.
   Chega de tanta incoerência. Será que não despertamos ainda, que insistimos na resoluçao do problema de forma equivocada? Quando um jarro está sujo, deixemos a água limpa e fresca penetrar nele; aos poucos, todo o conteúdo do vaso se tornará limpo. Noticiar é uma coisa; agora, repetir, repetir insistentemente já faz parte da doença de toda uma sociedade que está tão perturbada que não vê saída. Elevar o pensamento, elevar o nosso espírito! afeiçoarmo-nos às coisas puras, boas, limparmos os nossos corações das maldades__mesmo que  as pequenas. Há muita coisa a ser feita. Comecemos já. Ou  um buraco tão grande quanto o do       ozônio  abrir-se-á nos nossos corações.
   Não podemos perder o prumo. E não é repetindo o noticiário atual , seja      em conversas   tête à tête ou virtualmente,   que conseguiremos. Isto adormece a consciência, cria um torpor  na alma , medo e desânimo. E a criatividade para encontrarmos as soluções estarão arrefecidas.
  
  

domingo, 27 de março de 2011

DIOGO & BARÃO

   Os dois heróis__ Diogo e Barão, aclamados neste domingo estranho, mormaço fervilhante ,  nublado, sujeito a chuvas e tempestades. Rio de Janeiro, praia de Ipanema, oito horas, mar meio agitado, quase ameaçador, engulindo o que via pela frente.
   Garrafas d'água, displicentes, pela areia escura. Corpos estendidos em panos coloridos. Passos apressados à beira do mar encrespado.
   Repentinamente, aqueles dois incautos  longe, tão longe... e um apito no ar. Céleres, Diogo e Barão correm velozmente. Já não são mais seres mortais comuns. Não. Crescem à nossa vista. Tornam-se heróis pela agilidade, firmeza , pelo raciocínio perfeito, competência nas águas turbulentas. Sabem o que fazer. São heróis do mar. NETUNO os respeita e abre as suas águas acinzentadas , os céus se alvoroçam e fragatas partem do horizonte rodopiando no ar e testemunhando tudo.
     Nadam e enfrentam, destemidos, as ondas avassaladoras. Até que chegam aos dois rapazes e os enlaçam com seus braços acostumados a salvar vidas.
   Diogo e Barão__ simples assim, de uma simplicidade comovente. Trazem até à areia os dois moços , avaliam suas condições e rumam pela orla, naturalmente, a colocar avisos em placas vermelhas: "Cuidado - Correntezas" . 
   Os pretensiosos, os tolos, os ingênuos  continuarão a dar sustos. Mas eles, os salva-vidas,  também estarão a postos, atentos ao mar e à vida humana.
   Esta é a minha homenagem a esses bravos heróis anônimos, força da juventude lúcida e disposta a fazer o bem sem alarde.


quarta-feira, 23 de março de 2011

CIDADE DE DEUS

   Visita, confraternizações, alegria, entusiasmo num bairro que, não faz muito tempo, fora motivo de medo e apreensão.  Obama e sua simpática família lá estiveram para comprovar a gente boa do lugar.
   Trabalhei no bairro da Cidade de Deus há muitos anos. Vivi um tempo em que as pessoas que ali residiam era gente trabalhadora, esforçada, que queria melhorar a vida. O grande número das casas simples, pequeninas, evidenciavam a classe pobre da população do Rio, que fora transferida de algumas favelas para o novo bairro. Pobre sim, mas determinada e esperançosa de um futuro promissor.
   Gostei tanto deste lugar que permaneci trabalhando ali por alguns anos seguidos, acompanhando turmas desde a classe de alfabetização.
   O bairro era tranquilo, a conduçao farta e segura _havia até Kombis da Prefeitura!_ a Escola ampla, arejada, construção moderna. E os alunos, ah...os alunos! Crianças queridas cuja lembrança afago até hoje no coração. Havia os engraçados, os artistas, os que chegavam atrasados e cansados, pois tinham trabalhado na feira ajudando a mãe, os confusos, os atrapalhados, os traquinas, os estudiosos, os quietos, os calados, os sofridos. Mas não havia  nenhum temido. Não! Todos, cada qual com seu jeito, sua história de vida, cada um deles com seus dons e suas virtudes eram como células de um organismo que pulsava harmônico.
   Eu sempre inventava passeios e a condução teria que ser gratuita. Eu sabia pedir! As Forças Armadas davam uma ajudinha. Não me importavam  as dificuldades. Aquelas crianças tinham ânsia de aprendizado, de vida, de alegria e confiavam tanto em nós, que não podíamos jamais frustrá-las! Além das aulas das letras e dos números, havia a de Conhecimentos Gerais, que abrangiam História, Geografia e Ciências, de Música, de Religião, de Educação Cívica, de Artesanato, de Recreação . Então, providenciamos os passeios para complementar o aprendizado.
   Descobri que muitas não conheciam o mar. Pois foram apresentadas a ele. Certa vez  viajamos na Kombi do padre da região! Íamos e voltávamos cantando, felizes. Foram vários os passeios: Fábrica de sorvetes Kibon, Museu do Índio, desfile do 7 de setembro em lugares reservados e muitos e muitos outros...  
   Guardo na memória ainda a sala espaçosa , a sólida mesa de madeira e o vasinho tosco diariamente abastecido de rosas . Pequeninas rosas do jardim da casa de um aluno nosso, filho de portugueses( as classes eram variadas: nortistas, nordestinos, cariocas, sulistas, portugueses e até um simpático coreano!), loiro, sorriso farto, bochechas rosadas.
   Agora existem também as Ongs que colaboram realizando um trabalho belíssimo e bastante diversificado. Porém, nos idos de 70, éramos somente nós, professores, que tratávamos de modo amplo da Educação e da formação do povo brasileiro na figura ainda frágil e ingênua das crianças.

quarta-feira, 9 de março de 2011

GOSTO, CRIAÇÃO, COLIBRI, CARNAVAL E PERFUME DO MAR

   Saí para um cineminha. Sala Laura Alvim, "A Última Estação", filme que narra o grande amor de Tolstoi por sua esposa e a reviravolta que ele mesmo dá nos últimos anos de sua vida. Não consegui. Lotação esgotada. Parecia um bom assunto, com consistência, diferente do que tinha pego na locadora para ver no aconchego de casa: "Borat", um lixo. Incrível ter ganho vários prêmios. Comédia escrachada demais para o meu gosto. Mas gosto não se discute.
   E falando nisso, como há tantos concursos artísticos? Tantos julgamentos? Criação não se julga. Técnica talvez. Mas a técnica muitas vezes oprime, reduz a fragrância, a fulgência, o brilho da criação. E essa não é somente a minha opinião. Alberto Caeiro(Fernando Pessoa) e Mário Quintana dentre outros nos advertem. 
   O artista exulta, vive noutra esfera, com sentimentos exacerbados no momento da criação, que será sempre  único e palpitante. Refiro-me à arte saudável, àquela efervescência, àquela ebulição do espírito.
   Mas o que eu  ia contar era que, por uma coincidência, estava vestida com uma camisa,  onde um colibri lantejoulado e beijando uma flor espetacularmente cor-de-rosa estampava a  malha branca. Justamente hoje, que foi declarada vencedora a Escola de Samba Beija-Flor! Muitos me olhavam, a camisa chamava a atenção. Como é natural do ser humano o julgamento, a conclusão precipitada, deviam estar achando que eu  comemorava. E pensar que passei um carnaval quase religioso...como num mosteiro, numa reclusão de fazer dó. Imaginei estar num retiro espiritual, em minha própria casa. Para diminuir a tensão. Sair em dias de carnaval? Não é possível. Digo isso porque as coisas mudaram. Para pior. Como já escrevi noutra página, muito lixo, pequenos furtos, bebedeira, uma loucura. Moradores de um prédio aqui desta rua limpavam hoje a frente com creolina... lastimavam tanta sujeira e fedor!
   Mas ontem, terça-feira, consegui vencer os temores e, mesmo com a chuva fraca, o céu cinza, fui fazer a minha caminhada costumeira. Ah! O cheiro revigorante do mar!... Precisava ir ao Arpoador, subir a pedra, sentir toda aquela magnitude e amplidão. E me surpreendi com muitas pessoas que, como eu, ali estavam, no passeio matinal, usufruindo das delícias dos ares da manhã fresca de Ipanema, que não mudará nunca.







  

segunda-feira, 7 de março de 2011

SOBRE O CARNAVAL

   Segunda-feira chuvosa de carnaval. Rio de Janeiro, cidade que já foi ' Maravilhosa'; hoje, restam-nos as lembranças dos carnavais de rua( e olhe que eu não sou saudosista), principalmente no centro da cidade, onde eu ia com meu pai apreciar  os fantasiados, os mascarados, os foliões, os blocos verdadeiramente alegres e inocentes('Ei! Você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...´).
   Pela tv víamos os grandes bailes, Clovis Bornay_imbatível em suas criações e outros que se tornaram famosos por conta das fantasias. Eram momentos  que passávamos com a família, bebendo guaraná e beliscando os pequenos petiscos.
   Há poucos anos ainda vi algo que mexeu comigo: o Bloco dos Mendigos, aqui, em Ipanema. Tinha que ser. Em Ipanema tudo acontece... O bloco era incrível, animado e os mendigos das redondezas__ não sei como__ se organizaram e festejaram Momo!
   Hoje, os mendigos estão por aí (cadê a Prefeitura?) sujos, aliás, sujos somos nós que tomamos sorvete e nos lambuzamos, ficamos sujos; ou, li jornal e sujei as mãos...mas os mendigos estão imundos, deitados em cada esquina, fedidos, alguns catando latas de cerveja pra sobreviver.E haja latas de cerveja! Eta povo beberrão! E mijões. Na pequena saída que dei ontem ao mercadao,  três senhores(!!?) fazendo xixi no muro do Hospital de Ipanema, à frente dos transeuntes e dos seguranças do hospital! Que feiúra!
   Sexo, orgia, bestialidade, loucura, feiúra __este o carnaval dos tempos atuais. Com exceção de algumas cidades do interior, de Recife, onde ainda o frevo monopoliza a atenção e em Parati, onde estive em 2000.
   Algumas beldades(?) parecem verdadeiros monstrengos com suas bundas preenchidas  e seus peitos empinados e enormes. A delicadeza e a formosura já não estão mais na moda. Perderam a vez para a feiúra e a deformidade. E ainda pagam para ficarem tão distorcidas .
   Os homens estão estranhos. Cadê os homens educados, cultos, gentis? Agora são uns grandalhões bombados e, quando parecem normais, vivem tão estressados que não há quem os aguente!
   Na minha infância, morei numa bela casa de uma bucólica vila e, na época do carnaval, ia para a janela ver os fantasiados; o que me dava mais medo e , por isso, era o meu preferido, era o gorila! Como eu gostava de vê-lo! Ele dramatizava e todos nós ficávamos esperando por ele aparecer, todos os anos. Agora, não vejo mais isso, só vejo sujeira e alienação.
   Hoje cedo fui até o Caixa Eletrônico e me deparei com imundícies e fedentina. Ia voltar lá para fotografar, mas me detive, pois sempre foi meu objetivo encher os olhos e os ouvidos das pessoas de boas novas, de belas imagens. Então, desisti. E enviar para a Prefeitura, adiantaria?

    crianças cobertas de lama__tradicional brincadeira do carnaval na cidade de Parati

domingo, 23 de janeiro de 2011

CHUVA DE PÁSSAROS MORTOS

     Chuva de pássaros é uma imagem bela, romântica; mas, chuva de pássaros mortos é trágica. A notícia da chuva de pássaros mortos nos EUA, na Suécia e na Itália, sem dúvida, constrangeu-nos a todos, principalmente a nós, amantes das aves e de sua vida palpitante. Não se conhece ainda o que originou tal fenômeno infeliz. Soube da notícia por um site de birdwatchers, onde nos comunicamos e trocamos informações sobre o estudo da vida das aves e do seu meio ambiente.
     Parodiando o poeta Machado de Assis, em Soneto de Natal, eu diria: "Mudou o mundo ou mudei eu?" Mudamos, eu creio. Eu me transformo, à medida que acumulo juventude e também pelas intensas provocações que são feitas ao planeta; mudo hábitos, adquiro conhecimento e conecto meu pensar a tantas possibilidades de ação que antes não via.  Muda o mundo, de acordo com as gerações que o habitam, que o lançam ao desgoverno. Matanças desnecessárias,  abalos provocados ao meio ambiente, atitudes hostis, invenções que prejudicam a vida natural do nosso planeta azul.
     A Natureza é sábia, minuciosamente disciplinada, efusiva e  forte. Consegue recuperar-se em muitos casos e administrar-se com presteza contra os desatinos da humanidade. Encontra desafios a cada minuto e , pouco a pouco, baixa a sua imunidade.
     Mas ela luta desesperadamente contra a doença, contra os desequilíbrios a ela impostos; às vezes, vence a intempérie, noutras, sucumbe.
     Ampliar a nossa consciência nos ajudará a entender melhor os mecanismos da existência e isto nos motivará a proteger toda a manifestação de vida. Concluindo afirmo que, para mim, uma das coisas mais bonitas é acordarmos ao som de uma orquestra afinada e gentil à nossa janela.



sanhaço-de coqueiro



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

SAPUCAIA-lembrança indestrutível

      Lembro-me da larga estrada que nos conduzia ao sítio; das outras, estreitas e de terra, do banco da praça com o sobrenome Rapozo, que vovó me mostrava toda emocionada. Lembro-me de tudo: dos peixinhos que vovô deixava que eu colocasse no grande tanque, no quintal, embaixo das goiabeiras de  suculentas goiabas brancas e vermelhas.
     Vovô Pedro era enérgico, disciplinado, calado quase sempre, com aqueles lindos e expressivos olhos azuis. À hora do almoço, não podia faltar o copo de vinho tinto que ele saboreava até a última gota. Imigrante italiano, acordava cedinho e ia rachar lenha para o fogão. Eu corria para a porta que dava para os fundos do casarão e lá ficava olhando embevecida. Não me deixava dar milho às galinhas fora de hora; por outro lado, havia uma confiada que pulava a janela de um dos quartos e, sem cerimônia, punha os ovos no colchão da cama de hóspedes.
     Lembro-me de tudo. Da igrejinha de Santo Antônio, de Odir, o  menino que insistia em ser meu namorado, da velha ponte sobre o Rio Paraíba do Sul. Papai explicava:"_ Do outro lado já é Minas Gerais, cidade de Porto Novo."   E pescávamos, nos equilibrando sobre as pedras; enchíamos o cesto de lambaris e mamãe tinha um trabalhão!...
     E o carnaval? Ah, era no clube da cidade..." Ei! Você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...", cantávamos, felizes, distraídos...
     Menina da cidade, tudo para mim era novidade e encantamento. No armazém, por semana, chegavam doces e queijos da fazendas próximas; o laticínio da cidade me oferecia uma cena à parte: vacas enfileiradas, andando calmamente pela estrada, sendo conduzidas por um rapazote. 
     Vovó me apresentou a um algodoeiro numa daquelas estradinhas de terra; a limeira invadia o meu quarto, pela janela, com os seus galhos fartos. Além das limas, havia as romãs, os limões, o canteiro de ervas medicinais, os jambos, as carambolas, que vovó transformava em um doce delicioso, de estrelinhas púrpuras. 
     No alto do sítio, a grande pedra, um manancial de onde jorravam  águas límpidas; e a plantação de mangas espadas que vovô comercializava.
     Há outras recordações ainda, mas estas aqui descritas estão mais à tona em  minhas memórias. 
      A cidade de Sapucaia, antes um paraíso estampado em minha realidade da infância e em minha lembrança nos dias de hoje foi mencionada na tv( hoje, dia 13 de janeiro de 2011), por uma triste notícia de desabamentos e de inundação do rio Paraíba do Sul. Fiquei triste, mas declino aqui uma última lembrança:
     À noitinha, vovó Rita e eu nos sentávamos no imenso jardim __sempre florido e visitado pelos colibris logo de manhãzinha__ e, silenciosas, apreciávamos o céu! Um céu de um forte azul, pontilhado de infinitas luzes estelares  coroava a noite. Era um espetáculo para a nossa sensibilidade e para os nossos corações. Inesquecível.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SEXO INFLUI ?

     Tanto alarido sobre o sexo feminino no poder da Presidência da República! Mulheres como seguranças, correndo ao lado do automóvel que levava a Presidenta e um número expressivo nos Ministérios, como para destacar a figura feminina.
     Mas nós, mulheres, já nos destacamos! Até parece que harmonizar e administrar o lar, parir e educar são funções sem importância, trabalhos menores. Tornar-se uma estadista orgulha tanto quanto tornar-se mãe, ou educadora, ou médica e por aí vai...
     O que interessa se aquele que irá governar  tem o órgão genital exposto ou embutido? Valha-nos , Deus!
     Já há algum tempo, foi declarado que a mulher é superior ao homem em inteligência( que pode ser usada para o bem ou para o mal), em decorrência de inúmeros estudos e pesquisas científicas. Acredito que um completa o outro. E há atividades adequadas ao homem em virtude da sua musculatura e de sua psique,  bem distintos dos da mulher.Assim como há atividades adequadas à mulher. Doi ver mulheres como motoristas de ônibus municipais, por exemplo. Seus corpos não foram preparados para tal. Preconizar alguém que o governo será melhor ou pior porque quem governa é um homem ou uma mulher é pura tolice. É muita bobagem.
    Vemos tantos políticos corruptos,  homens e mulheres!... Assim como existem os políticos honestos e sérios, homens e mulheres. Governar colocando a inteligência e a sensibilidade a serviço do povo é o que deve ser feito.
     Falo em política, pois é o assunto do momento, porém, isto se presta a qualquer profissão. É que no caso dos políticos, o dinheiro é muito, a tentação maior,  a devastação na consciência ocorre compulsivamente. Infelizmente, a tendência do ser humano para o desvio de conduta é inegável.
     Esperemos que a presidenta eleita confirme suas qualidades do coração e sua perspicácia e inteligência para dirimir os grandes problemas que existem neste país e afetam tanto o povo.
     Façamos a nossa parte, como fez o beija-flor, no caso do grande incêndio na floresta, que levava água no bico gota a gota. Questionado pelos companheiros, ele confiante respondeu que estava fazendo a parte dele.
     Façamos a nossa parte, no dia a dia, no trabalho, em casa, exerçamos a solidariedade, a fraternidade e as virtudes que já despontem no coração. Como disse um amigo meu "manter-se em paz é também um grande auxílio para a humanidade." No mínimo.