domingo, 27 de março de 2016

SABEDORIA DE GENTE ANTIGA

     Está planejando enviar algo por SEDEX? Pense duas vezes antes de pagar caro um serviço falido.
     Digo isto porque dia 21 de março remeti, via SEDEX, um presente de Páscoa para os meus netos. E hoje é dia 27 de março, justamente domingo de Páscoa!
     Afinal, esta é uma das  maneiras que tenho para diminuir distâncias, amenizar saudades... Imaginei que, assim que recebessem a correspondência, iriam se conectar comigo com suas vozinhas doces e alegres e exclamariam: "_ Obrigado, vovó!" E talvez acrescentassem, pois esperançoso o coração palpita por isso: "_Vovó, amo você!"
     Mas com este serviço enganoso, toda a expectativa de uma alegria extra pascal desvaneceu-se... Foi por água abaixo!
     Comentei o fato com amigos e todos lamentaram. Alguns demonstraram até indignação. Porém, ninguém soube me orientar o que fazer num caso desses. Deixamos passar?
     Lembro-me de minha mãe, que, com sua sabedoria de gente antiga, diria certamente que não valeria a pena eu reclamar. "_ Pense em sua saúde, em primeiro lugar. Se vai lhe causar aborrecimento, não reclame. Toque pra frente!..."
     Mas, pergunto: Não será este o motivo do desrespeito ao consumidor? Há leis que garantem o produto comprado. Se pago por um serviço rápido de entrega de correspondência, ele tem que ser rápido, chegar em um dia, como me foi oferecido.
     Como proceder num caso assim? Penso que não devo cruzar os braços, só me queixar entre amigos e deixar o tempo correr, sem nada contestar. Estou com um problema e ainda não sei como resolvê-lo.
     Os de matemática seriam mais fáceis de solucionar; mas a questão é que o problema referido envolve pessoas. E então, tudo se torna mais difícil.
     Temos a enfrentar, talvez, a indolência, a má vontade, a falta de consciência, a irresponsabilidade...
     O mundo poderia ser melhor. Mais suave, menos agressivo, mais correto, menos displicente, mais bonito, menos desastroso. Tudo depende de nós! Do nosso comportamento das nossas atitudes, dos hábitos  e desejos do coração.

 
    

domingo, 20 de março de 2016

QUAL É A SUA PRAIA?...

  
 
        Tantas praias e escolhi justamente aquele trecho em Ipanema, em frente à Casa de Cultura Laura Alvim. Até aí tudo bem. Quem poderia prever o que aconteceria comigo?
     Havemos de aproveitar uma manhã assim, de sol de fim de verão, céu límpido e aquela brisa fresquinha que acaricia a face e não chega a descabelar.
     Não deu para evitar. Assim que coloquei meu pé esquerdo na areia fofa e ainda fria , senti que algo perfurou a carne, bem na base da unha do dedão.  Foi um arrepio só, dos pés à cabeça.
     Mas não desisti do banho de mar. Não. Eu iria sim, pegar aquele solzinho, bom para os ossos e a pele, até para a psique e mergulharia, olhando as fragatas acima e a água transparente que me dá tanto prazer.
     Fiquei pouco tempo. O machucado ardia muito, doía, latejava. Passatempo frustrado, ainda sentada na canga , apreciando a natureza à volta, noto que um vendedor ambulante__ desses que vendem de bonés a óleos que bronzeiam e cremes que protegem a pele, retira algo da areia e murmura. Ele vem vindo na minha direção, percebo.
     Para e comenta justamente comigo: "_ Veja só , quase pisei. Eu vejo de tudo por aqui, mas nunca tinha encontrado uma tampa retorcida de lata de atum... Que perigo! " Fiz um breve comentário  e ele continuou seu trabalho.
     Fiquei mais assustada ainda depois desta revelação. Guardei minha canga na mochila, peguei meu boné do Projeto TAMAR ,vesti minha saída de praia,  pus meus óculos escuros e retornei, olhando atentamente para a areia. Às vezes, o risco não aparece, porque esconde-se um tanto abaixo da superfície. Então, devemos olhar com cautela redobrada!
     Aquele dia não consegui calçar sapato fechado. Sandálias nos pés e lá fui eu quitar compromissos. À noite, ainda doía o dedo vermelho e inchado.
     No dia seguinte... não teve jeito! Um carro levou-me à emergência mais próxima.
     No atendimento, gritei durante alguns minutos que se tornaram longos demais. Lembrei-me de Jesus, preso na cruz, mártir da ignorância e da maldade extrema. Aguentou tanto o sofrimento moral quanto o físico. E deduzi que somos tão fracos e descontrolados ante à dor de uma simples intervençãozinha cirúrgica num dedo!...
     Nesse pensar, a médica diz que precisa abrir mais, desconfia que exista alguma coisa provocando tanta dor. Avisa que dará anestesia e que  será muito doloroso.
     Depois de refletir rapidamente sobre o calvário do Mestre, deduzo que terei que suportar. Foram cinco anestesias! Cinco. No dedo. Depois da ligeira tortura, o procedimento. Livre finalmente de um pedaço de madeira escura que tinha se entranhado e , intruso, já se alojara.
     Parabenizei a médica cuja determinação transmitiu-me confiança e à enfermeira, que, além de passar confiança se comunicou comigo, durante o momento de aflição, com um meigo sorriso. E o de que precisamos nestas horas? De atenção, de cuidados e de carinho. Foi o que encontrei lá.
     Mas a questão que fica é: Por que tanto lixo no mar, nas praias? Nos rios? Qual o motivo que torna  o ser humano desqualificado assim? Atraso? Maldade? Ignorância? Descaso?Insensatez? Inconsequência? 
     Seja o que for, merece atenção e orientação. Ou talvez  fosse mais adequado prescrever uma punição tão severa quanto à dor e ao estrago feito. 
 

" ... e o céu é grande " e o oceano largo
"E o nosso coração do tamanho de um punho fechado..."
 
(Trechos entre aspas de um poema de Alberto Caeiro )

    
    
    

domingo, 13 de março de 2016

DISCRETO COMO O PAPA-MOSCAS

    
 
 
 
 
 
     Chega uma hora em que o telefone não toca mais. Chega um instante  em que o coração passa a bater  compassado, devagar. Chega um dia  em que você percebe que o número de amigos diminuiu.
    Chega uma hora  em que mudamos o cardápio da batata frita para o purê sem sal. Chega um instante em  que a tintura parece não colorir os cabelos como antes. Chega um momento em  que o táxi é mais seguro.
     Chega um tempo em que os domingos são  tão maçantes! Que as histórias dos filmes parecem repetidas... que é  mais empolgante o silêncio do que a música delirante...
     Chega um tempo em que correr é perigoso, que a coluna enverga, que a  altura diminui, que as unhas não toleram cores e que batom vermelho é coisa pra estudante.
     Chega um tempo... bem, chega o tempo de percorrermos o finzinho daquela estrada desenhada só para nós. Então, nos afeiçoamos ao que  supomos realmente valer a pena... à amizade sincera, ao amor mais puro(por isso que Deus nos dá netos, eu creio), às companhias alegres, bem-humoradas(Ah! Como é inteligente ter humor! Humor leve, discreto como o papa-moscas que se esgueira pelos vários cantinhos na minha mesa de estudos).
     São muitos os sinais que nos alertam  que daqui a pouco andaremos  na rampa ... ou será no declive? Sem pressa, sorveremos a beleza tão exposta agora (ou a nossa percepção é que ficou mais clara?)... ouvindo o cantar mavioso dos pássaros, sentindo o frescor da brisa à sombra das árvores amigas.  
     Muito melhor apreciar a vida com o coração descansado. Muito melhor viver ainda com esperança (de ver uma chuva de flores, por exemplo) e otimismo redobrado( pra garantir o sorriso espontâneo).
 
 
"O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
..."
 
 
"...
Agora eu sou tão ocaso!
...
No meu morrer tem uma dor de árvore."
 
(poeta Manoel de Barros)
 
 
 

quarta-feira, 2 de março de 2016

"SÓ EXISTE NO MUNDO ESTA GRANDE NOVIDADE:VIAJAR!"

     Assim que entro no avião e me acomodo, minha atenção vai direto para a revista da empresa. Quando viajo pela Gol(aproveitando as suas ofertas de finais de semana), procuro logo a coluna da especialista em ioga e meditação, Márcia de Luca.
     Como é bom lê-la! Espontânea ao descrever suas ideias cheias de sabedoria, despretensiosa, incentivadora da paz mental e da  harmonia interior. Sou sua fã.
     Nesta mais recente página ,do mês de fevereiro, deixa claro que, os insistentes comentários lamentosos sobre as atuais ocorrências do mundo em geral, principalmente do Brasil, só acarretarão uma piora significativa da situação.
     Neste universo de energias, influenciamos e somos influenciados.
     Quando leio postagens em redes sociais, vociferando contra abusos governamentais, várias vezes repetindo 'ipsis litteris' os noticiários dos jornais e da TV, aperta-se o meu coração.
     O caminho para a libertação de toda a sombra que ameaça o povo há que ser um tanto mais sofisticado, presumo. Afinal, a humanidade está(estamos) avançando, progredindo.
     Somos todos passíveis de equívocos, mas confesso que tento manter a minha conduta na linha da coerência e da positividade.
     Sem dúvida, o que nos conecta com a intuição, com o bem maior, com a força da vida é a vivência dos bons princípios e do destaque à Beleza que, como disse Quintana num  de seus poemas( O Profeta): " ...Porque a Beleza é a forma angélica da Verdade."
     Buscar equilíbrio e harmonia, nesse mundo de atropelos e ignorância é tarefa árdua. Há que ter dedicação, persistência, vontade firme.
     Comentar insistentemente  fatos execráveis, repetindo à exaustão, ou então, ranger rancor e ódio só nos tornarão presas do desmantelo.
     Em sua coluna, Márcia de Luca vai direto ao ponto. Orienta-nos  para que, ali mesmo, durante a viagem, no próprio assento onde estamos, comecemos a nossa jornada da transformação, tanto a pessoal como a da sociedade__  nos posicionemos com a coluna ereta, para a respiração consciente; em seguida, o relaxamento e finalmente mentalizando afirmações positivas e balsâmicas.
  A declaração de Mahatma Gandhi:"Façamos em nós o que queremos ver no mundo" fecha com chave de ouro as considerações da notável colunista.
     Mas não nos enganemos. Dá muito mais trabalho e exige de nós muito mais esforço a conquista da atitude firme e pacífica, justa e transformadora.