O filme começou e eu já vi logo que não me agradaria; era modernoso demais. Pobre, com uma linguagem deficiente, cenas insípidas, nada causava emoção.
Logo no começo, quando percebi a enrascada em que me metera, minha memória voltou-se para A Noviça Rebelde. Que graça, quanta arte neste filme envolvida! Que boa lembrança! Bons tempos.
Até que a personagem principal entra no banheiro, limpa a maquiagem das pálpebras, limpa, limpa mais uma vez, vai jogando os papéis que usou no vaso sanitário...E eu pensei: "E o vaso na Argentina não entope?... Agora só falta ela sentar-se e fazer as necessidades."
Não faltou. Mais de uma vez a cena nada bucólica se fez presente. Além do vaso entupir.
Até o namorado que arranjou no final era sem graça. Uma semgracisse só. De sentir piedade.
Mas o que senti não foi pena; foi, antes, um tantinho de revolta por estar ali, sentada, junto a dezenas e dezenas de senhoras , na tarde de um sábado delicioso, de sol ameno, céu azulzíssimo, colorê!... Não. Era demais.
O filme falava da solidão a começar pelo nome da moça: Soledad. Tudo tão óbvio e sem tempero.
Mas com o decorrer da história até que fui me afeiçoando à personagem, tomando gosto por aquela sua vidinha morna, chocha; ao final, declara ao namorado que era assim mesmo emotiva(chorava por qualquer coisa, exacerbava o sentir) e chorava porque gostava, quando ela gostava, ela chorava, que esta era a maneira de expressar o seu grande carinho; então foi aí que me identifiquei com ela e surpreendi-me com algumas lágrimas que teimavam em deslizar pelo meu rosto. Não podia ser. Afinal, a maquiagem que eu tinha feito nas pálpebras iria borrar e eu teria que ficar um tempão no banheiro limpando, limpando, limpando...