terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

NOVA MANIA

     Lembro-me ainda, era menina e morava numa casa acolhedora no final de uma bucólica vila, na zona norte da Cidade Maravilhosa.
     Mamãe sempre pressurosa, atenta a tudo e a todos. Cuidava da casa com esmero. Ao final do dia, papai colaborava, colocando o lixo no grande latão forrado até a borda com jornal. Pela manhã, o caminhão estacionava à  entrada da vila e o lixeiro recolhia o lixo de cada residência.
     Depois de ler a matéria de certa revista, que discorre sobre a implantação do 'lixo zero', a memória  ativada  percorreu a infância, num tempo em que sacos plásticos não eram comuns. O que comprávamos  em padarias e armazéns vinham em embalagens de papel. 
    Dezenas de entrevistas e reportagens aguçaram tanto a minha curiosidade como a minha criatividade. Há algum tempo rejeito as sacolas do mercado; decidi que um carrinho de feira, desses modernos, fechados, pode ser bem útil. Com ele sigo ao horti- fruti, ao mercado, à feira, à padaria...
     Compras pequenas? Coloco-as diretamente na bolsa, junto com a nota, é claro. Por exemplo, quando vou à farmácia. Mesmo os saquinhos de papel podem e devem ser desprezados.
     Meu neto aniversariou e observei a quantidade enorme de papel e caixas de cartolina e de papelão embalando os brinquedos. Constatei, então, que a consciência ecológica esta só começando.
      Uma  mudança  de hábitos torna-se difícil porque é trabalhosa. O caminho é longo. "Num país onde ainda  se descarta lixo nas ruas e sofás em rios..." , pensar e agir de forma coerente para nos salvarmos e também o planeta lindo e vivo como a Terra, é tarefa espinhosa.
    Estamos acostumados ao desperdício e ao consumo supérfluo. Sujeitarmo-nos a novas regras e costumes, criarmos um novo olhar observando o desenrolar ativo da natureza que tudo transforma é o nosso mais recente, implacável e urgente desafio.
          Abandonei o hábito da lixeirinha na pia; reaproveito ainda alguma sacola na lixeira da cozinha; o recipiente para colher o lixo do banheiro agora forro com uma folha de jornal. Quanto ao material reciclável, como latas, potes de vidros e vasilhames, passo água  antes de separá-los. Mandar o material limpo, dizem os entendidos, seria a maior ajuda que a sociedade poderia dar. Simples  atitudes mas que demandam atenção, dedicação e um pouquinho a mais do nosso tempo.  
     O nosso planeta é um ser  palpitante e merece de nós todos os cuidados para que não sucumba pela  nossa frieza, decadência e má educação. 
     Reduzir  o consumo( quanta coisa joga-se fora!), recusar sacolas, reaproveitar, reciclar: esta é a nova mania que, espero,  dure para sempre!...
      Devagarzinho  vamos contribuindo, fazendo a nossa parte.
     

sábado, 1 de fevereiro de 2014

ROSEANE, UMA ANTIGA ALUNA

     O tempo passa mas as lembranças persistem... o tempo passa, mas o coração sabe reviver as boas emoções... O tempo passa, passa... e tudo o que foi realizado  parece retornar.
     Digo isto pois estou ainda sob o leve impacto de um telefonema inesperado. Toca o telefone , atendo e uma voz doce me revela uma antiga aluna que ainda se lembra de mim .
     Recordo cada aluno em detalhes. Sua personalidade, sua aparência, seu comportamento, suas qualidades. Como foram importantes estas pessoas na minha existência! Trouxeram a alegria pra refrescar o coração, trouxeram o encanto da pureza que se revelava nos mínimos atos, nas palavras, nos sorrisos; o alento pra combater qualquer indesejado desânimo; a oportunidade para que eu pudesse me realizar, ajudando-os em sua formação; trouxeram o vigor da infância, ansiosa para aprender, para se divertir, para viver.
     Por alguns anos me dediquei  à educação. Cada ato meu era composto de muito amor. Amei  também com a pureza da minha alma e com todo o vigor do meu espírito. Era entusiasmada, preparada, estudiosa e determinada.
     Hoje percebo, decorridos cerca de quarenta anos, que valeram a pena os esforços e toda a dedicação.
    O telefonema da antiga aluna encheu-me de alegria. Relatou-me fatos que minha memória não alcançava mais. Mas à medida que foi contando, fui relembrando. Quanta felicidade!
    Esta é a recompensa para um professor: que os seus alunos se tornem pessoas de bem,  com possibilidades de serem felizes pela própria conduta, pelo  próprio esforço continuado. Nós, professores, contribuímos para a  construção do ser.
     Deixei marcas no coração e na mente da minha querida Roseane. Aquela menina cheia de encantos e meiguice  tornou-se valorosa mulher, guerreira, destemida, mãe e esposa extremada. Lembra-se de mim com tal ternura que agradeço comovidamente.
     O professor é a peça mais importante na educação e na formação de um povo. Com o espírito radiante recebi as palavras de afeto. E elas permanecerão para sempre no meu coração cheio de gratidão.