Aos domingos, costumo ver e apreciar um dos programas da TV que mais me emociona. Refiro-me ao Viola Minha Viola, da cantora de música caipira de raiz, a grande Inezita Barroso.
Sem dúvida, estas composições, em que inspirados poetas do interior do Brasil criaram, já são raras. O que se vê e ouve como músicas sertanejas são verdadeiros shows pictóricos, alguns com exibições prá lá de estranhas, artistas 'voando' sobre plateias alucinadas... Rebolados insinuando atos sexuais, caras e bocas nada dizendo e milhões de reais circulando e assim, incentivando cantadores a enveredarem por estes caminhos.
Valores perdidos, ficamos meio empobrecidos. Mas Inezita lá está, à frente de um dos mais belos programas em que a sensibilidade está presente, recuperando a memória dos autores que deixaram verdadeiras obras primas no nosso cancioneiro.
Neste domingo fresco ainda, depois de percorrer numa caminhada leve a orla belíssima de Copacabana, chego em casa, preparo o meu café e ligo a televisão. Lá está ela, sempre simpática e otimista, com seu jeito peculiar: Inezita Barroso, a grande dama da música, que canta as belezas da Mãe Natureza, das flores , das aves, do sentimento caipira e apresenta uma lista infindável de gente criativa desse Brasilzão.
Súbito, eis que a ideia da saudade irrompe do meu coração e escrevo:
Domingo... Eita dia marvado
Sôdade invade o peito
Pra arrancar o coração...
E o pobre do coitado
Agoniza, atordoado
O peito esvaziado
Sente farta do amô...
E pregunta a toda gente:
__ Cadê a felicidade?
__ Foi-se embora, meu sinhô...
No campo todo lavrado
Com as águas de tanta dor
Ao invés do coração
Brota um canteiro de frô...