domingo, 10 de novembro de 2013

EIA, SÔDADE !...

 
    Aos domingos, costumo ver e apreciar um dos programas da TV que mais me emociona. Refiro-me ao Viola Minha Viola, da cantora de música caipira de raiz, a grande Inezita Barroso.
    Sem dúvida, estas composições, em que inspirados poetas do interior do Brasil criaram, já são raras. O que se vê e ouve como músicas sertanejas são verdadeiros shows pictóricos, alguns com exibições prá lá de estranhas, artistas 'voando' sobre plateias alucinadas... Rebolados insinuando atos sexuais, caras e bocas nada dizendo e milhões de reais circulando e assim, incentivando  cantadores a enveredarem por estes caminhos.
    Valores perdidos, ficamos meio empobrecidos. Mas Inezita lá está, à frente de um dos mais belos programas em que a sensibilidade está presente, recuperando a memória dos autores que deixaram verdadeiras obras primas no nosso cancioneiro.
    Neste domingo fresco ainda, depois de percorrer numa caminhada leve a orla belíssima de Copacabana, chego em casa, preparo o meu café e ligo a televisão. Lá está ela, sempre simpática e otimista, com seu jeito peculiar: Inezita Barroso, a grande dama da música, que canta as belezas da Mãe Natureza, das flores , das aves, do sentimento caipira e apresenta uma lista infindável de gente criativa desse Brasilzão.
 
    Súbito, eis que a ideia da saudade irrompe do meu coração e escrevo:
 
 
Domingo... Eita dia marvado
Sôdade invade o peito
Pra arrancar o coração...
 
E o pobre do coitado
Agoniza, atordoado
O peito esvaziado
Sente farta do amô...
 
E pregunta a toda gente:
__ Cadê a felicidade?
__ Foi-se embora, meu sinhô...
 
No campo todo lavrado
Com as águas de tanta dor
Ao invés do coração
Brota um canteiro de frô...
   

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

JOVEM CORAÇÃO

    Tento lembrar-me de algum fato engraçado acontecido recentemente para contar-lhes; não me recordo de nenhum... Também evito discorrer sobre a violência e outras mazelas da nossa sociedade, pois isto não me é permitido pelo tanto de bom senso que existe em mim. As notícias ruins já nos mostram às dezenas nos telejornais , com apuradas minúcias.
    Hoje um garboso rapaz me chamou:
    "__ Jovem, oh, jovem... "
    Com um folheto nas mãos, estava à procura de frequentadores para a sua Igreja...
    Sorri agradecida _ mais pelo "jovem" e dispensei o convite. Estava cansada, com embrulhos e não pude dar-lhe  atenção maior.
    Comprei um livro infantil que fala de pássaros, escrito por uma jornalista conhecida; porque é infantil eu não descobri ainda. Estava ansiosa para chegar em casa e me debruçar na refrescante leitura.
    Sempre há uma saída, afinal, para que tenhamos ainda a possibilidade de sonhar. A Natureza nos embala e é o nosso verdadeiro meio; já  digo isso há um tempão, acho que desde que me entendo por gente.
     Existem muitas verdades que poderão ser absorvidas se , simplesmente , explorarmos o ambiente natural; muitas lições, muitas conclusões acerca da vida e do comportamento equilibrado. Cada um que perceba por si. A Natureza nos ensina silenciosamente.
    Muitas coisas na vida acontecem e nos dão prazer, outras, nós fazemos acontecer. Costumo pensar nisso quando, momentaneamente, percebo que poderia gozar de uma alegria extra se alguém falasse assim ou assado... se alguém fizesse isso ou aquilo... se alguém me amasse do jeito que imagino...
    Então me recordo do querido médium Gasparetto que, certa vez, num programa de televisão, garantiu que sofremos da doença do " qué qué qué..." Esses desejos que nutrimos no coração e que, muitas vezes, dependem do outro para que sejam realizados tornam-se um tumulto. Então, para que nos atormentarmos?
    É um modo de prisão também, prisão da consciência que, somente libertada, percebe a felicidade em si.