Não. Não consegui me concentrar na leitura leve, daquela revista exposta na mesinha de centro, na sala de estar da Clínica. Era para mim impossível já que, no 1º andar, o som rolava alto demais.
Disse-me a esteticista que a 'música' era propositalmente acelerada e alta para motivar o pessoal da academia. Fazê-los acordar diante dos variados aparelhos de musculação. 'Oficina de doido', foi o que pensei na hora.
O tal som, ou barulho, melhor dizendo, tem nome: techno, ou techno-pop. Convenhamos que tornou-se um fenômeno global. Um som pesado que não cai bem nos ouvidos sensíveis de quem ama violinos...
Nada contra, claro, cada um faz suas escolhas; afinal, o mundo em que vivemos nos oferece uma gama enorme de opções em todos os setores. Há quem prefira o som das marolas do mar, do vento refrescante que passa, do canto da juriti, dos sambistas defendendo sua Escola, do grito alegre da galera:"Gooool!...", da voz maviosa de um Emílio Santiago, do canto arrebatado de um tenor, das harpas que anunciam sonhos.
Li em algum lugar que o som eletrônico é o estilo que expressa a angústia pós-industrial. Vejamos , então, o que virá após! Qual estilo surgirá para abrandar as penas dos que paralisam sua ideias e desprezam o seu conforto mental com o som inadequado de agora? Sim, porque é contra a nossa natureza. Há pessoas que ouvem esse fragoroso ruído ininterruptamente com os fones coladinhos aos ouvidos. E por certo sabem dos prejuízos à audição. Ou não?...
Os males são incalculáveis no nosso corpo, no nosso organismo. Afetam de maneira destruidora, assim como o som dos violinos__ e isso já está provado cientificamente, acalma, beneficia todo o nosso sistema nervoso.
Mesma coisa o vício do cigarro. Nunca vi tanta gente, principalmente no Rio, fumando! Mulheres, muitas, fazendo pose(?) com o cigarrinho entre os dedos... Isto era coisa de um passado bem distante... Do tempo de minha bisavó. Os malefícios da nicotina, dentre centenas de outras substâncias nocivas, são de arrepiar.
E já reparei que quando a coisa é ruim o povo fala no diminutivo, talvez para abrandar sei lá o quê!... Por exemplo, dizemos: " Vou fumar um cigarrinho...", " Vou beber uma cervejinha..." "Hoje vestirei aquele pretinho"... Cá entre nós, usava-se preto em velório!... Combina mesmo com o luto, pois não é cor, é ausência de cor. E determinaram que vestido preto é chic! E acreditamos. Toda mulher tem um 'pretinho' básico pendurado no armário...
Sugiro que façamos uma listagem, à guisa de diversão, do que falamos no diminutivo e não é lá grande coisa, seja para nossa saúde, ou para o nosso bem-estar.
Já é noite; agora ouvirei um som de viola do cd que me espera paciente, no cd player na sala, à meia-luz e, provavelmente, sonharei antes mesmo de dormir.
O VIOLINISTA