sexta-feira, 23 de março de 2012

     Noutro dia assisti , pela TV, uma entrevista entre uma apresentadora loura e famosa e um jovem ator global.
     O assunto principal era um tal bolo de coco.Ele teria que escolher dentre três, de telespectadoras participantes,  qual sabor se aproximava mais do bolo que sua avó fazia, quando criança. Então, instigado pelas perguntas, o rapaz conta que há cinco anos(!) não vê a avó. Eventualmente, diz ele, faço contato por telefone... Muito trabalho, justifica-se.
     Ora, ora, moçoilo de coração pequenino! Passou a infância com ela, cerca de sete anos, porque seus pais trabalhavam o dia inteiro.
     Coitadinha dessa vovó. Fico imaginando__isso é o que nós, escritores, mais fazemos, como será que repercute no coração dessa senhora a saudade desse menino cuidado por ela durante esse tempo? Como ficam as lembranças do garoto seu neto, criado a pão-de-ló, ou, melhor dizendo... a bolo de coco?
     Talvez as lágrimas alforriem esse coração prensado pela saudade... Talvez ela procure  distrair a atenção jogando bingo com as amigas...Talvez veja todos os filmes em cartaz para suavizar essa pena... ou, ainda, atenue a sua dor folheando os álbuns de retratos. Ou fazendo lindos e saborosos bolos, os quais distribui, animosa, à meninada da vizinhança.Não quero nem pensar que tenha se tornado uma velhinha viciada em consultórios médicos, sempre com dores e achaques, provenientes da falta que sente daquele menino traquinas, que cresceu e não mais tem tempo pra ela. Ele agora é um homem, já está formado, vem descobrindo a força da juventude, os namoricos, as novidades, o mundo se abre à sua curiosidade natural.
     Mas as nossas raízes estão lá, precisando de serem regadas pelo sentimento inconfundível do amor. Para não estorricarem pelo descaso, pela indiferença dos corações distraídos.





sábado, 10 de março de 2012

CASTRO ALVES

     "...Se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu!..."

Ante o gênio que vislumbraria Deus num sorriso de luz no horizonte, quedo-me pensativa a buscar palavras para expressar toda a admiração que sinto pelo poeta.
     Não é fácil trocar por palavras sentimentos que borbulham na alma já tocada pela magia da composição de Castro Alves. Homem sensível, amoroso, romântico mas também imbuído de vigor espiritual, cujos versos a favor dos sofridos e encarcerados exprimem a revolta dos que verdadeiramente sentem  a dor do outro e se solidarizam.
     Castro Alves por ser poeta, não foi um libertino, nem um inconsequente. Foi, sim, um homem indignado com o sofrer dos negros escravizados sem dó nem piedade. Martírio implacável que ele soube, como ninguém ,entender e indignar-se por isso.
     Fez dos seus versos a arma para combater pacificamente, mas nem por isso com menos força, a crueldade e a insensatez dos homens do seu tempo.
     De uma visão privilegiada, Castro Alves percebe a brevidade da vida, a efemeridade; ama a liberdade acima de tudo; valoriza o progresso; mostra-se também como um sonhador, um romântico, construindo versos líricos admiráveis.
     O poeta ama viver e volta a sua criação para os humilhados e sofredores, com a denúncia constante e a indignação violenta. Mesmo assim, com a maioria de sua obra engajada,  poesia de cunho social, ela não se prende no seu tempo. Ao contrário, cresce, evolui e paira, liberta, adejando o infinito, como poesia condoreira.
     A poesia de Castro Alves é para ser  declamada em praça pública, com o mesmo sentimento vibrante de sua alma comovida e exaltada. Poesia forte e altissonante.
     Foram 24 anos de vida, onde jorraram deste coração iluminado canções de amor pela humanidade.
    

" NOS LÁBIOS DOS HORIZONTES
HÁ UM RISO DE LUZ...
É DEUS..."