domingo, 21 de agosto de 2011

SUPRIMENTOS PARA O ESPÍRITO (crônica)

     Aconteceu num Shopping, dia desses. Estava no elevador e três senhorinhas entraram, alvoroçadas. Uma delas, com aparência mais idosa, exibida e arrogante, tentava se mostrar mais inteligente e aguçada que suas amigas. As outras, comedidas, sorriam, entreolhavam-se , recatadas.
     Prestei atenção em suas conversas. Falas empobrecidas, às vezes até um tanto engraçadas, quando discutiam se iriam comprar ou não uma blusa. "__ Já tenho tantas blusas, que acho que não dará tempo de usá-las todas!...", dizia a espevitada. E as outras retrucaram, de maneira simpática.
     A fala frívola, talvez preenchendo o vazio de suas almas acostumadas durante a vida a servir a família, soavam agora perdidas naquele vozerio enfadonho da multidão esbaforida.
     Triste exibição solitária, alvo fácil dos olhares desdenhosos dos jovens esquisitos de agora, olhares estranhos, tentando camuflar a ignorância da vida e o total despreparo para vivê-la, jovens pretensiosos e iludidos.
     Refletindo melhor, vejo que tudo é ilusão mesmo. Alimentamos e cuidamos de um corpo que irá morrer... e o espírito, que tem vida eterna? Como alimentá-lo? Quais serão as suas necessidades? Como supri-las?
     Ah!... Preciso, nesse instante, de um abraço! Um abraço bem forte! Não os tapinhas e afagos nas costas. Não. Quero aquele abraço vigoroso, sentido, corpo abraçado a outro corpo, coração unido a outro coração, faces se tocando.
     Sinto falta do afloramento de sorrisos, das conversas naturais, das atitudes humanas.