domingo, 20 de novembro de 2011

A MORTE SEM TERROR




" NOSSA VIDA É COMO O BRILHO DE UM RELÂMPAGO NO CÉU." (Buda)

Perdi uma amiga no ano passado. Uma amiga alegre, que me fazia rir. Chamava-se Mabel, surpreendia-me com uma certa pureza mesclada com alegria de viver e peraltices na fala, que eu entendia. Um sorriso maroto bailava sempre em seus lábios. Tinha uma vida muito ativa e a natação era seu esporte favorito. Aliás, conhecemo-nos numa Academia de natação.

Mabel. Sorriso franco, generosa, amiga de fato. Foi mulher, mãe e avó extremosa.

Neste ano de 2011, perco mais uma amiga que, por coincidência, conheci também na mesma Academia. Doutora em Linguística, Cláudia não gostava de que fosse apresentada assim. Era simplesmente minha amiga. Generosa, incentivou-me na carreira literária e na pintura. Dizia que via em meus escritos algo que acalentava quem os lesse. Orientou-me a prosseguir na Arte com palavras que tocaram meu coração. Tinha o sonho de casar-se, mas não chegou a concretizá-lo. Realizou-se plenamente na profissão que desempenhava na UFF, na qual era dedicada ao extremo.

Pessoas diferentes, mas com algo em comum: um brilho, uma lucidez de espírito, uma bondade que me tocavam. Perdi pedaços de minha alma. Ainda sinto as suas presenças em minha vida. Ainda me lembro delas com a emoção de quem teve almas irmãs por perto, para, talvez, amenizar algumas agruras deste mundo, suavizar a nossa caminhada, com a compreensão de quem sabe amar, ouvindo , desculpando, proferindo palavras de carinho, aconselhando, sendo parceiras.

A morte já me levou gente muito querida: meus avós, meus pais e agora, as amigas. Com os meus avós, tanto os paternos quanto os maternos foi de longe, não houve proximidade. Passei a conviver com a D. Morte quando meu pai faleceu de câncer. Aí foi duro. Mesmo assim custei um pouco a admitir que ele iria partir para sempre. Mantinha no coração uma certa esperança ingênua de que de um momento para o outro se recuperasse.

Até os dias de hoje me surpreendo quando me vejo pegando o telefone para contar para mamãe alguma novidade. Era assim que eu fazia. E então me lembro de que ela já não vive mais neste mundo.

É realmente difícil para nós, ocidentais, admitirmos a vida como ela é. Uma transitoriedade. Uma passagem rápida. E eu, particularmente, tenho o conhecimento de que a vida continua. Sei da vida pós morte e já vivi muitas experiências espirituais. Mesmo assim, sentimos falta da presença física de quem amamos e de quem nos amou. E isto é o que importa : o amor. Ativar este poder enorme, esta luz que trazemos em nós tornou-se o meu principal propósito.

" Quando nasceste, todos sorriam, só tu choravas; procura viver de maneira que, quando morreres, todos chorem, só tu sorrias."




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