Dia amanhecido__
entre os céus e a terra
os sons dos pássaros
Saí cedinho para caminhar pela orla. A brisa refrescava o outono e animava-me.
Já no Arpoador, onde procuro comungar com toda aquela beleza, aquele esplendor natural, passei próximo a um grupo de jovens que, notava-se, tinha pernoitado ali.
Perambulantes nas praias, arrumavam suas sacolas improvisadas com os poucos pertences e, ao manuseá-los, sentia-se um forte mau cheiro.
Ao passar pelo grupo, ouvi parte da conversa em que um deles 'orientava' o bando a usar corretamente determinada droga. Misto de horror e profunda piedade sacudiram meu espírito.
Depois o grupo se dispersou calculadamente. De dois em dois se afastaram.
De modo que, nem mesmo o insistente canto do bem-te-vi, nem mesmo todo o mar de ondas salientes, nem mesmo todo o azul reinante conseguiram desanuviar o meu coração. Sinto dó da juventude equivocada, carente, sem ideais nem força, sem discernimento. Tão sós, tão sofredores, tão perdidos...
Busquei a companhia do sol, presente nesta manhã silenciosa e sentei-me, quieta, num dos bancos de madeira, ao lado de uma palmeira, cujas palmas, ao sabor da brisa delicada, deslizavam pra lá e pra cá, suavemente.
Aos poucos, fui me conectando àquela maravilhosa paisagem e percebendo os gorjeios das lavadeiras-mascaradas próximas a mim. A natureza palpitava e me uni a ela durante um bom tempo.
Deixei o recanto onde recobrei energias e reiniciei a caminhada da volta, não sem antes bebericar uma água de coco.
Surpresa maior me esperava no quiosque! Ao invés de músicas inexpressivas o que ouvíamos ali era uma tocante Ave-Maria! Não podemos deixar que o abatimento se aninhe no coração; a vida nos reserva sempre surpresas, geralmente boas!...
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