terça-feira, 19 de maio de 2015

FARTURA DE BELEZA

     Eu estive ali, naquele mundo diferenciado; eu respirei Arte, Arte em porcelana.
     Convite aceito, lá fui  eu na tarde chuvosa,  caminhando  devagar pelas ruas frias do bairro até chegar ao destino requintado, um Hotel na orla de Copacabana. Lá é que acontecia o evento e eu não me negaria este prazer.
     Apesar de não dominar a técnica desta pintura, sei apreciá-la e valorizar a Arte de um modo geral. Tenho mais intimidade e me deixo envolver com as telas e os  cartões, pois neles é que expresso a minha criatividade, além da escrita, é claro. A pintura em tinta acrílica e a levíssima aquarela, há um bom tempo, me conquistaram, fazendo parte da minha vida.
     Minha amiga, uma das artistas do evento, lá estava com um franco sorriso e  com um  largo abraço recebeu-me.
     Desfilaram, ao meu olhar atento, a fartura da beleza e do encantamento.
        
 
 
 
 
       Enquanto apreciava a pintura das araras, uma senhorinha puxou assunto comigo. Discorreu sobre as qualidades de um professor que tivera, antes de se acidentar. Disse-me ela, com olhinhos apertados pelo sorriso amigável e ininterrupto, que gostava muito do que criava. Mas, depois que sua coluna passou a requerer cuidados especiais, ela desistiu. Mas continua amando a pintura e, principalmente, o seu antigo professor. Apontava, ao longo da nossa conversa, algumas peças e deteve-se nesta obra afirmando que todas eram dele. Mas não eram.
     Calei-me. Notei seu leve tremor  e suas mãos procuraram as minhas. Ficamos assim, de mãos dadas, por um bom tempo. E eu a ouvia discorrer sobre os detalhes da pintura que tanto a impressionara, principalmente sobre os azuis.
 
 
     Depois  despedimo-nos e comecei lentamente a deslizar pela exposição, para continuar a  descobrir belezas e a me encantar. Mas, inesperadamente,  ouvi  aquela vozinha frágil, suave, já familiar,  dizer: "__ Eu tive a impressão de que alguém segurava a minha mão. E era tão bom!... Ah, quem terá sido? " E olhou ao redor, procurando... Seu acompanhante, arredio, continuou sério e calado.  Condoí-me. Voltei e a surpreendi dizendo que tinha sido eu quem pegara suas mãos por alguns minutos. Seu rosto fino e envelhecido pelas marcas do tempo impiedoso, abriu-se num sorriso iluminado. Novamente entrelaçamos nossas mãos.
    
     

 
 
    

2 comentários:

  1. Azul cor do mar,do cêu,dos olhos de Jesus.Saõ varios os tons,de minha Mãe eram
    azul turquesa lindos e profundos.O azul do arco-iris.Parabéns você escreve muito bem,leio sempre.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Surpresa agradável o seu comentário. Muito obrigada, sensível leitor!

      Excluir