sábado, 12 de agosto de 2017

COISAS GOSTOSAS SEM COENTRO!

     Achei a Clusiaceae, típica flor do cerrado! Achei em meus arquivos, a flor da família Clusiaceae, que fotografei, há tempos, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
     Reencontrei-a agora, folheando uma dessas revistas de viagens. Uma foto pequena, mas que me remeteu, de pronto, ao dia em que a conheci. E toda boa descoberta gera um certo tipo de emoção.
     Já que estou buscando inspiração para a nova aquarela, conforta-me a alegre Clusiaceae, de pétalas despertas, miolo colorido, cheio de vivacidade, uma exposição feliz, sem recatos.
    " Faça coisas bem gostosas, nesses dias de restabelecimento", recomendou-me uma amiga, referindo-se à  convalescência de um procedimento cirúrgico.
     O que poderia eu realizar neste momento, reclusa, além da leitura e da escrita? Lançar-me às aquarelas, prescrevi!
     Um   ilustre filósofo e historiador do momento, geralmente, recomenda em inspiradas e inspiradoras palestras: "... leiam, meus amigos, leiam..."  Pois a leitura melhora o nosso cérebro, amplia o conhecimento, estimula a criatividade, atualiza-nos...
   Ontem descobri que tenho algumas coisas em comum com o brilhante professor: não suportamos coentro e apreciamos Rubem Alves! Eu diria que vivo encantada, não só com o proeminente filósofo, mas também com o notável cronista. Rubem Alves nos deixou uma obra memorável, que nos atiça o intelecto, remove certos ranços, nos permitindo avançar na literatura e na vida.
     O único ponto em que discordo de Leandro Karnal é que, se não me falha a memória, citou Quintana como " leitura para iniciantes". Ora, ora! Mário Quintana é desses autores eternos e para todos.
      Não é prolixo, muito pelo contrário! Talvez este seja o critério para o notável mestre... Seus textos curtos provam que ele adorava a síntese. Inteligentíssimo e audaz, afirmava em entrevistas que "a poesia não é mais do que a procura da poesia".
     Podemos nos debruçar sobre filósofos renomados, romancistas inspirados, excêntricos literatos, arcaicos sonetistas, líricos poetas como Cecília; mas, Mário Quintana abole de seus textos o supérfluo. Derrota o estilo empolado. Seus textos modernos em versos são quase prosa e em prosa são pura poesia. E revelava que poesia é dinamismo interior.
(Cecília Meireles)
 
     Mesmo com a poetização do cotidiano, numa quase linguagem jornalística, seu lirismo é percebido nas entrelinhas do poema.
     Há que ser muito sábio para conseguir, depois da curva do aprendizado, derrotar a empáfia e se reencontrar com a beleza do próprio coração.
     Salve Quintana com sua poesia fresca, que acolhe os leitores, iniciantes ou não, porém dedicados e interessados na iluminação da própria existência pelo orvalho da simplicidade na criação poética.
     Proponho ao nosso respeitável aquariano(mais um ponto em comum!), Professor Karnal, que reveja sua afirmativa sobre Quintana.
     Há quem prefira as altivas rosas, que se mostram vitoriosas no topo de um caule espinhento, a espraiar perfume a mancheias, às violetas, serenas e humildes, porque escondidas sob as folhas largas, mas que denotam um dulcíssimo perfume  que também se derrama a mancheias...
     Pura questão de escolha, de preferência. Subestimar a flor do cerrado goiano à flor de um jardim opulento seria um grande e imperdoável equívoco.
           
    
    



      
 
     

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