sábado, 1 de outubro de 2011

PUREZA



Num cruzamento nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas, há alguns anos, eu estava parada no sinal, dirigindo o meu velho e fiel Opala. Chovia, era inverno, os vidros estavam fechados. E aproximaram-se alguns garotos, sendo que um, em especial, serviu-me de inspiração. Até hoje ao lembrar-me da cena, me emociono. Então, compus...


PUREZA

Aquele negrinho que vi por minutos

Ria...

Por dentro eu chorava,

Pois ele não compreendia

A real situação

Naquela sua euforia:

A miséria o confortava

A fome o conduzia

O frio o enregelava

E ele sorria, sorria...


Conversando hoje com uma amiga, discordamos quanto ao motivo que estaria na base de toda a violência e hostilidade que vem crescendo assustadoramente na sociedade. É gritante o comportamento cada vez mais agressivo da população. Um alto nível de stress, como um atordoamento.

Ela acha que seria o desnivelamento social e econômico; eu creio que há algo mais, há algo oculto que deforma a consciência. Creio também que existe uma luz, uma inquietação sublime acrisolada em cada ser.

Ser pobre não é motivo para ser cruel, mau, invejoso. Não.

Essa inocência, essa pureza mencionada acima, nos faz perceber que doce somos todos nós, que bons somos todos nós. Entreguemo-nos a essa luz macia da bondade e do afeto e deixemos que ela inunde o nosso espírito.



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