domingo, 5 de outubro de 2014

EXERCÍCIO DE AMAR

     O menino ficou impressionado com a morte do tio. E a cada dia pergunta para a mãe: " Mãe, vovó tá muito velhinha? " 
    A explicação dos pais foi esta  mesma, a de que o tio morrera porque ficara muito velhinho e tinha chegado a hora dele ir para o céu.  Afinal, o que dizer para uma criança de apenas três aninhos? 
     Mas ele passou a se preocupar com todos aqueles de quem gosta. E a vovó está na lista.
     A convivência com uma criança desafia a nossa imaginação. 
     Família faz um bem enorme. Dá resistência às decepções, imuniza contra as maldades e gera um conforto ao coração. Tudo isto por causa do amor que une.
     Mesmo que haja algum desentendimento , afinal não é nada fácil a convivência, família é algo especial. Aprendemos a respeitar o outro, desenvolvemos várias habilidades de convivência e despertamos, pouco a pouco, o amor. Paciência e paciência, eis o segredo.
     Virtudes assim exercitadas acabam por despertar o que há de melhor em nós, a parte divina, digamos. E é o que precisamos fazer emergir, já que entendo que este é o objetivo da vida: evoluir, crescer, mesmo que seja em um só aspecto.
     E o amor, acredito, será expandido para todos. Nada de preconceitos, limites, pois o amor não é limitado. Família torna-se , então, um exercício. O amor que nutrimos e desfrutamos amplia-se para que abracemos toda a humanidade neste grande sentimento de confraternização.
     Mas esta idéia representa um ideal, claro. Um ideal que quase nunca encontramos realizado. A sociedade vem mudando celeremente e o ideal desejado muda a cada geração com naturalidade. Os antigos, então, se escandalizam com as mudanças, mas nada há o que fazer. É esperar, ver, planejar e viver em harmonia com os nossos mais recônditos sentimentos.
     E nada de ficar remoendo épocas passadas e acumulando amarguras no coração. Não! Rejeitar sempre a queda para o negativismo permitirá que aceitemos novos rumos e nos insiramos no atual contexto do mundo em que vivemos. Saturar a mente de idealismo positivo dará , talvez, uma confiança, uma leveza e certa harmonia primordiais a nossa saúde.
      Sabemos que cônjuges podem viver felizes em casas separadas, que casais se separam mas continuam a cuidar de seus filhos com muita cumplicidade e a maioria nem pretende mais casar. A nova atitude passa uma certa imagem de liberdade e de maturidade.
     Confesso que a imagem guardada na lembrança da família tradicional, expressando amor e carinho, atenção e cuidados, mesmo que, de vez em vez, aconteçam pequenos desentendimentos, pequenos ajustes de convivência,  ainda é forte em mim. Pai e mãe presentes e a terna figura dos avós , tios e tias, primos e primas, todos entrelaçados pelo sentimento harmônico, talvez seja uma grande oportunidade de exercitarmos as virtudes latentes no ser humano e que estão disfarçadas e confusas pelos atropelos do mundo moderno.


     
       
     

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