Estive hoje num dos locais mais aprazíveis da cidade: o Jardim Botânico. Nele, muitas vezes, restauro minhas energias, recupero minha paz , aspiro ares balsâmicos para o corpo e o coração.
Cedinho, os pássaros se revelam. Hoje, no entanto, foi um pouco diferente. Onde as tímidas saracuras? Onde os desajeitados jacupembas? E o martim-pescador, discreto, sempre a postos, à beira do lago Frei Leandro? Até os tucanos andaram sumidos...
Caminhei, por entre as alamedas, e vi muitas borboletas, alvoroçadas pelos ventos que corriam, soltos, nas matas dali.
Uma única garça enriquecia um cenário de sonho.
(garça-branca-grande) |
Um tanto decepcionada, continuei minha andança à procura dos seres alados que amo tanto quanto a Poesia. Talvez porque, como disse Quintana, em OS POEMAS,
" Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
..."
Rajadas de vento desfolhavam árvores, faziam queda de braço com arbustos que os enfrentavam.
Nenhum beija-flor. Pica-pau? Também sumira. Mas, repentinamente, fui surpreendida por canarinhos-da terra, rolinhas dóceis, por um sabiá destemido e pelas saíras-sete-cores.
Não me intimidei ante o vento cada vez mais forte. Continuei. E passei a observar os troncos! Sim, os troncos das árvores. Há os delgados, sem nenhuma mácula, que se elevam, parecendo chegar aos céus; outros, machucados, bichados, se bifurcam, se contorcem... Existem os fortes, largos, bem nutridos de seiva, expostos com graça em mil galhos frondosos.
Sem falar nos troncos aparentemente inofensivos, que vão, devagarinho , enlaçando outro e sugando dele sua vitalidade. Passei a comparar os troncos aos seres humanos.
Os cheios de espinhos lembram certas pessoas que usam a capa da indelicadeza para esconderem sua doçura; talvez estes intuam que gentileza seja mostra de fragilidade, o que é um engano!
Galhos de arbustos frágeis se abraçavam como a se protegerem dos ventos... Flores no alto de copas pareciam querer chegar aos céus...
(pau-ferro)
Apesar da ventania, desfrutei alegria e bem-estar. Ao final do passeio, lembrei-me da afirmação do grande iogue tibetano, Milarepa, que viveu toda a sua vida ao ar livre: "A Natureza é o único livro que eu preciso ler."
Li ,e pensei: O Brasil foi um imenso "Jardim Botanico" O Rio de Janeiro um lindo
ResponderExcluirveludo verde,com praias,rios,cachoeiras e os bichos,milhares de especies.Na baia de Guanabara com baleias e golfinhos,realmente um sonho.E os Bem-te-vis ainda cantam num pedaço dessa velha mata atlantica.Parabénspela cronica,
Obrigada pelo comentário e pelo elogio!
ExcluirÉ verdade, amigo, você fez uma bela comparação.