domingo, 14 de junho de 2015

CENÁRIO DE SONHO

     Estive hoje num dos locais mais aprazíveis da cidade: o Jardim Botânico. Nele, muitas vezes, restauro minhas energias, recupero minha paz , aspiro ares balsâmicos para o corpo e o coração.
     Cedinho, os pássaros se revelam. Hoje, no entanto, foi um pouco diferente. Onde as tímidas saracuras? Onde os desajeitados jacupembas? E o martim-pescador, discreto, sempre a postos, à beira do lago Frei Leandro? Até os tucanos andaram sumidos...
     Caminhei, por entre as alamedas, e  vi  muitas borboletas, alvoroçadas pelos ventos que corriam, soltos, nas matas dali.
 
     Uma única garça  enriquecia um cenário de sonho.
(garça-branca-grande)
          Um tanto decepcionada, continuei minha andança à procura dos seres alados que  amo tanto quanto a Poesia. Talvez porque, como disse Quintana,  em OS POEMAS,
 
" Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
..."
 
       Rajadas de vento desfolhavam árvores, faziam queda de braço com arbustos que os enfrentavam.
     Nenhum beija-flor. Pica-pau? Também sumira. Mas, repentinamente, fui surpreendida por canarinhos-da terra, rolinhas dóceis, por um sabiá destemido e pelas saíras-sete-cores.

     Não me intimidei ante o vento cada vez mais forte. Continuei. E passei a observar os troncos! Sim, os troncos das árvores. Há os delgados, sem nenhuma mácula, que se elevam, parecendo chegar aos céus; outros, machucados, bichados, se bifurcam, se contorcem... Existem os fortes, largos, bem nutridos de seiva, expostos com graça em mil galhos frondosos.
     Sem falar nos troncos  aparentemente inofensivos, que vão, devagarinho , enlaçando outro e sugando dele sua vitalidade.  Passei a comparar os troncos aos seres humanos.  
    Os cheios de espinhos  lembram certas  pessoas que usam a capa da indelicadeza  para esconderem sua doçura; talvez estes intuam que gentileza seja mostra de fragilidade, o que é um engano!
     Galhos de arbustos frágeis se abraçavam como a se protegerem dos ventos... Flores no alto de copas pareciam querer chegar aos céus... 
(pau-ferro)
 
          Apesar da ventania, desfrutei alegria e bem-estar. Ao final do passeio, lembrei-me da afirmação do grande iogue tibetano, Milarepa, que viveu toda a sua vida ao ar livre:  "A Natureza é o único livro que eu preciso ler."  
 
 
 
 
 


2 comentários:

  1. Li ,e pensei: O Brasil foi um imenso "Jardim Botanico" O Rio de Janeiro um lindo
    veludo verde,com praias,rios,cachoeiras e os bichos,milhares de especies.Na baia de Guanabara com baleias e golfinhos,realmente um sonho.E os Bem-te-vis ainda cantam num pedaço dessa velha mata atlantica.Parabénspela cronica,

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    1. Obrigada pelo comentário e pelo elogio!
      É verdade, amigo, você fez uma bela comparação.

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