Um tapa na coxa foi o que a jovem francesa recebeu, inesperadamente. Um susto! Um grito abafado pela embaraço do momento, um sorriso e caiu morto o mosquito ameaçador.
Na fila pequena do mercado, eu aguardava pacientemente o atendimento feito por um só lento funcionário. Fila dos frios, dos queijos e salames, das pastas que atraíram os olhares gulosos das moças. Chegaram com aquele jeito largado, próprio da mocidade, havaianas gastas, sorrisos sem fim, tagarelices à solta, dispostas a encararem tudo com alegria e desprezo às convenções.
Por um pequeno descuido, tomaram o meu lugar com a mesma irreverência com que me perguntaram sobre o significado de "manjerricón"... Expliquei. Explicamos, sofregamente, eu e uma outra da fila, que aproveitou para usar o seu francês maltrapilho...
Percebi que aquele mau cheiro teimoso não vinha dos queijos, e sim das jovens estrangeiras. Era quase insuportável, apesar da tradição dos perfumes em sua terra natal. Mas a falta de banho das turistas era inegável. Aquilo causou-me um grande mal-estar. Era tão forte que quase não conseguia respirar.
Não sei se este foi o motivo da aproximação de um mosquito, que pousou logo abaixo da bainha do minúsculo short encardido de uma delas. Sem titubear, matei-o, num só golpe!... Ato de puro instinto.
Somente segundos depois, percebi o embaraço criado... Elas riam, mas um riso desconcertado, perplexo, sem entenderem o motivo do meu ato. Revelei, então, às moças o que acontecera. O perigo que as rondara e que apenas quis impedir que algo muito ruim pudesse lhes acontecer. As palavras atropelaram-se e tentei explicar-lhes sobre o moustique que anda causando danos por aqui...
Não sei se me compreenderam, então, tentei aparentar a mesma naturalidade das jovens. Deslizei, saindo à francesa, atenta aos produtos expostos na vitrine, fingindo interesse por alguns até ser atendida no outro balcão.
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