" Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
..."
(Cecília Meireles)
Entrei no último vagão do metrô. Era cedo ainda e voltava para casa, depois de um exame de rotina.
Tentei agarrar uma daquelas argolas acima e agarrar até que consegui... mas o difícil foi sentir-me segura! Conforme o trem andava, as argolas acompanhavam o movimento pra frente, pra trás, para os lados. E o meu corpo bamboleava...Haja equilíbrio!
Uma jovem, do outro lado, talvez percebendo a minha dificuldade, chamou-me para sentar tocando o meu ombro. Mas, rápido como um vendaval de verão, um homem apoderou-se do assento. E quem se atreveria a reclamar? Era alto, espadaúdo e mal encarado o grandalhão. A moça, meio sem graça, perdeu o seu lugar e deixou de fazer a boa ação do dia. Mas valeu a intenção...
Conformei-me. Do meu lado direito, um casal cheio de salamaleques... e ao esquerdo, uma mulher de maus bofes, com sacolas aparentemente pesadas, que lhe causavam provavelmente algum mal estar.
Mas... olho para o chão, para aquele cantinho ao lado da porta e vejo um anjo! Uma menininha dos seus oito, nove anos, sorrindo para mim. Isto é de causar espanto!
Sorriu... sorriu... e disse num gesto pequenino: " Violino!" Apontando enviesado e encostando sua mãozinha delicada num dos ouvidos.
Prestei atenção. Ah! Sim, agora ouço. Um som de violino incrível, suave, doce, melancólico. Tentei achar o músico de tanta finura ,esgueirando o meu corpo , abaixando-me um tanto até que o meu olhar pôde percebê-lo.
Voltei o meu olhar para a garotinha que estava ali, entusiasmada com a música. Prontamente ela retribuiu sorrindo e disse-me, cativante: " Eu já estudei violino!" Não estuda mais?" Perguntei-lhe, encantada. " Não", disse-me ela, " agora faço dança clássica!" e seus negros olhinhos amendoados apertaram-se de tanta felicidade.
Eu nessa etapa já me encontrava abaixada também, cheia de ternura. Queria prolongar ao máximo aquele encontro benfazejo.
Notei que seus dedinhos ágeis vasculhavam o pequeno celular e, assim que encontrou o que buscava, mostrou-me, sorridente a foto: "Veja, sou eu!"
Num salto espetacular, como uma ave em pleno voo, ela ali estava. Estudava ballet. E nisso sua alma brilhava. Brilhava tanto que nos comovia.
Imagem da dedicação na Arte, da pureza e da esperança. Sua avó a acompanhava e pude perceber a simplicidade e o amor das duas.
A Arte nos salva, nos eleva, direciona o nosso viver a uma outra dimensão.
Aquariana, de sete de fevereiro , disse-me ela. Signo dos inquietos, dos que se comunicam facilmente, dos que estão prontos para abraçar a Dança, a Música, as Letras, a Beleza... Signo dos artistas, dos idealistas, dos que sonham com um mundo melhor.
Ela tem as armas para conquistar vitórias: amor , alegria pura, vontade e ação determinada. Bravo!...
A Arte nos salva, nos eleva, direciona o nosso viver a uma outra dimensão.
Aquariana, de sete de fevereiro , disse-me ela. Signo dos inquietos, dos que se comunicam facilmente, dos que estão prontos para abraçar a Dança, a Música, as Letras, a Beleza... Signo dos artistas, dos idealistas, dos que sonham com um mundo melhor.
Ela tem as armas para conquistar vitórias: amor , alegria pura, vontade e ação determinada. Bravo!...
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