quarta-feira, 4 de abril de 2018

A MESMA DESCONCERTANTE PUREZA DAS CRIANÇAS

    Ultimamente, de vez em vez, tenho me lembrado das palavras do sensível Raul de Leoni, em seu poema  Árvore de Natal_
" ...
Eu tenho tanta pena das crianças!
Elas são todo o mundo a começar de novo
Para as mesmas incertas caminhadas,
Para o mistério das encruzilhadas;
São toda a Humanidade que renasce,
Ingênua, simples e maravilhada,
Como a primeira vez que apareceu.
..."
     São versos que tocam o nosso coração. Poema bom é o que nos abala, o que sacode as fibras mais íntimas da alma. O resto... bem, o resto é distração.
     Como disse, tenho pensado nisto insistentemente. As mesmas expectativas, a mesma pureza... mas o mundo cada vez mais cruel. E observando os animais, vemos que eles tentam se adaptar/ fugir/dar a volta a toda essa estranheza.
     Vejam só: até os pássaros estão mudando seu comportamento em função das transformações do mundo que nos cerca, causadas por nós!...
     Animais têm seu modo de viver instintivo,  constante, já vem gravado neles; no entanto, alguns têm transformado seus hábitos.
     Algumas espécies de aves foram extintas; outras estão quase extintas. Ainda bem que a Ciência torna-se a grande aliada para impedirmos estragos maiores, com seus estudos e conclusões e apontamentos de possibilidades de ações que impeçam o caos total.
     A ciência nos adverte, dentre outros fatos, de que, por exemplo, cantos de pássaros  se modificam à medida de que algumas espécies estão ameaçadas de extinção(aves que entoavam doze sequencias musicais, agora, com a população reduzida, cantam três ou quatro, pois não têm mais o número suficiente de companheiros para imitar_ "tutores") .
     Outras aves, em virtude do fato de que o ambiente urbano, com o barulho tremendamente  nocivo e antinatural    as perturbam, tentam se adaptar, usando artifícios na vocalização. A poluição sonora também agride e muito o meio ambiente .
     Imaginem o que nos causam então todo este estresse , esta vida estranha e falsa que enfrentamos no dia a dia. O que faz conosco, com o nosso corpo, a nossa mente, a nossa alma?
     Como saída, podemos escolher entre caminhar com atenção plena(mindfulness), mergulhar na meditação, entrar no mundo das Artes, viajar  e  tantas outras dicas apontadas por muitos. Achamos então que assim escapulimos da fadiga.
     Mero engano! Apenas vislumbramos, num relance, uma faísca da beleza ungida pela paz, o que  confere um certo esmaecimento da balbúrdia interna e, muitas vezes, nem percebemos que ela permanece aninhada nos recantos sombrios da alma.
     Por fim, calcada no poeta mencionado, rendo-me e ,perfeitamente solidária,  me apiedo da humanidade "Semeando alegrias e esperanças", semeando poesias... 
   
 
     



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