quarta-feira, 9 de março de 2011

GOSTO, CRIAÇÃO, COLIBRI, CARNAVAL E PERFUME DO MAR

   Saí para um cineminha. Sala Laura Alvim, "A Última Estação", filme que narra o grande amor de Tolstoi por sua esposa e a reviravolta que ele mesmo dá nos últimos anos de sua vida. Não consegui. Lotação esgotada. Parecia um bom assunto, com consistência, diferente do que tinha pego na locadora para ver no aconchego de casa: "Borat", um lixo. Incrível ter ganho vários prêmios. Comédia escrachada demais para o meu gosto. Mas gosto não se discute.
   E falando nisso, como há tantos concursos artísticos? Tantos julgamentos? Criação não se julga. Técnica talvez. Mas a técnica muitas vezes oprime, reduz a fragrância, a fulgência, o brilho da criação. E essa não é somente a minha opinião. Alberto Caeiro(Fernando Pessoa) e Mário Quintana dentre outros nos advertem. 
   O artista exulta, vive noutra esfera, com sentimentos exacerbados no momento da criação, que será sempre  único e palpitante. Refiro-me à arte saudável, àquela efervescência, àquela ebulição do espírito.
   Mas o que eu  ia contar era que, por uma coincidência, estava vestida com uma camisa,  onde um colibri lantejoulado e beijando uma flor espetacularmente cor-de-rosa estampava a  malha branca. Justamente hoje, que foi declarada vencedora a Escola de Samba Beija-Flor! Muitos me olhavam, a camisa chamava a atenção. Como é natural do ser humano o julgamento, a conclusão precipitada, deviam estar achando que eu  comemorava. E pensar que passei um carnaval quase religioso...como num mosteiro, numa reclusão de fazer dó. Imaginei estar num retiro espiritual, em minha própria casa. Para diminuir a tensão. Sair em dias de carnaval? Não é possível. Digo isso porque as coisas mudaram. Para pior. Como já escrevi noutra página, muito lixo, pequenos furtos, bebedeira, uma loucura. Moradores de um prédio aqui desta rua limpavam hoje a frente com creolina... lastimavam tanta sujeira e fedor!
   Mas ontem, terça-feira, consegui vencer os temores e, mesmo com a chuva fraca, o céu cinza, fui fazer a minha caminhada costumeira. Ah! O cheiro revigorante do mar!... Precisava ir ao Arpoador, subir a pedra, sentir toda aquela magnitude e amplidão. E me surpreendi com muitas pessoas que, como eu, ali estavam, no passeio matinal, usufruindo das delícias dos ares da manhã fresca de Ipanema, que não mudará nunca.







  

2 comentários:

  1. Minha querida prima..Deus trouxe sua presença em minha vida desde os tempos do julinho...lembra...!!!mas voce é mais é alem é a poetisa nossa referencia...obrigado por ser e ter!!!

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  2. Infelizmente a má educação impera, mas a beleza da cidade, mesmo c/ algumas intervenções negativas do homem, permanece.

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