segunda-feira, 11 de agosto de 2014

COMO O ÚLTIMO DIA

    
"...
Os seres que nos deixam saudades
São os que não sabiam que eram bons,
Que não suspeitaram que o mal andasse pelo mundo;
Os descuidados, os que chegavam sem ser convidados,
Os que adormeciam sem medo de sonhar,
Os que se recolheram na eternidade
Como se Deus fosse a sombra de uma árvore na estrada."

( Augusto Frederico Schmidt)




      Meu amigo perdeu sua mãe. Contou-me hoje por uma rede social; ela, que já sofria muito há algum tempo, descansa agora.
     Convenhamos que o corpo acaba, a matéria é desfeita e o espírito, que deu vida à matéria, livre, agora, se refaz.
     Guerreira que foi__ como ele mesmo define, sua mãe agora são lembranças no coração.
     A vida é assim mesmo: uma sucessão de perdas... No meu caso em particular, primeiro, foi-se o avô Pedroca__ chamado assim carinhosamente por vovó Ritinha; ela morreu logo depois, não suportando a ausência do amado; mais tarde, meu pai, que para sempre guardarei na memória como um homem bom, alegre, amante da Natureza. Seu  melodioso assobio, quando chegava do trabalho, parece que ainda ouço. Depois, veio a morte triste de minha mãe, uma ausência que jamais será preenchida, uma dor tamanha que nunca irei superar; e a de meus tios e tias , fortes figuras na minha existência.
     Amigas que partiram deixaram um vazio imenso na minha estrada. Tínhamos uma afinidade grande e nossos encontros sempre foram felizes.
          O que fazer? Seguir em frente e, cada vez mais, dedicarmo-nos ao outro. Somos todos uma família! A grande família da humanidade. Encontrar pessoas com as quais sintonizemos não é comum, não é fácil. Mas não será impossível.
     Tento viver agora como se cada dia fosse o último dia da minha vida. Evito reclamações, ilusões,  alterações de humor,  violência em qualquer aspecto, até num filme! Não vale a pena...
     A vida é um manancial de luz, de paz, de belezas, de maravilhas. Observar com atenção à nossa volta toda essa pujança nos dará um grande alento, uma grande e imprescindível força e confiança.
     Mergulhar na leitura que alimenta o espírito; saborear as mensagens dos mestres que nos trazem belas lições a nortear a nós, pobres caminhantes  combalidos pelas agruras que nos amargam o coração.
     E aprender, dia a dia, a amar a todos, indiscriminadamente. Pessoas, animais, plantas... Este é o meu  plano . Qual é o seu?





    
    

Um comentário:

  1. 'Bonito texto, cheio de percepção poética; crônica leve e profunda, suave e solidária."
    palavras do amigo Domingo Gonzales

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