quarta-feira, 15 de abril de 2015

AO SABOR DOS VERDES, DOS PERFUMES E DOS CANTOS

 Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
 
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
 
(Alberto Caeiro)
 
 
 
    É só o tempo insinuar mudança e pronto! Coriza, garganta ardendo, perdendo o prazer da comida por isto, meio febril, cabeça pesada... A crise do desconforto.
     Hoje acordei assim; resultado: analgésico logo 'de cara' pra poder continuar a viver... e gargarejos e mel com própolis, que, dizem, é muito eficaz contra gripes e resfriados e, pra garantir, um remedinho para alergia.
     Minha avó Ritinha, lá em Sapucaia, quando tinha algum mal-estar__ e eram raros, ia até o jardim , se dirigia ao seu canteirinho de ervas milagrosas__ como boa descendente do povo indígena que era, e escolhia a  mais adequada no momento.
     Eu, criança amorosa e abelhuda, acompanhava vovó e tentava aprender as coisas interessantes e sábias que ela me ensinava com  paciência, bondade e entendimento . Saudades de vovó Ritinha! Sempre elegante, de saltos altos em seus sapatos de camurça, unhas bem feitas, vestidos até o meio das pernas. E não só deslizava naturalmente  pela casa grande do sítio, como pelo imenso jardim, sorrindo, pacífica. Uma imagem um tanto contraditória  por aquelas bandas. Nunca calçou sapatos baixos, nem usou calças compridas. Jamais. Feminina também nos gestos calmos, na voz suave, no olhar carinhoso.
     Mas, voltando ao presente, de uns tempos pra cá, percebo que roupas sem mangas já não me agradam; sinto um friozinho, um mal-estar e espirro e espirro, uma vinte vezes!
     Mas, mesmo assim, agora espero o outono com uma certa ansiedade. Época das frutas deliciosas, do ar  mais agradável, daquele fresquinho gostoso para desfrutar a praia lá pelas nove horas, não mais tão cedo como gosto no verão, céus límpidos, temperatura amena.
     Vontade de ler, mergulhar na Poesia, viajar para o interior de Minas, como Araxá, por exemplo, ou subir a serra e comer fondue, inventar moda, mudar a decoração , mesmo que seja um pequeno detalhe,  a gente faz com gosto. Escolher um filme e curtir um cineminha, no meio da semana. Ler o jornal do horti-fruti com calma, saboreando o pãozinho de queijo assado, cuja massa vem de Minas Gerais. 
     E ouvir com atenção uma boa música, de preferência com violinos, da MEC FM, então, deitada na  rede?... Nada se compara a estas deliciosas e momentâneas atividades.
     Fazer aquilo de que gostamos e que podemos  é o meu lema. A alegria pode estar pertinho, basta esticar o braço no ponto , tomar aquele ônibus que a Prefeitura recuperou e sair por aí. Às vezes, um programinha que parece ser banal, torna-se um passeio deslumbrante, como passar algumas horas ao sabor dos verdes e dos perfumes  e dos cantos  do Jardim Botânico.
 
 

    
    
    
    
    

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