segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ARARAS EM QUIOSQUE E EM LOJAS!?

 
 
 
     Abro a página com esta foto do casal de araras que vive à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas. Fiquei ali, por um tempão, apreciando o inusitado, em dias de Carnaval.
     Elas ficam nos arredores, acostumadas com o movimento, sem ir muito além, pois são alimentadas e cuidadas pelo responsável de um quiosque, que, à noite,  lhes serve de abrigo.
     Como são bonitas as araras! E os tucanos, os beija-flores, os sabiás... e outros tantos pássaros pelo mundo afora!...Cerca de cem bilhões de criaturas!...
     Hoje, passados mais de dois anos, encontro uma arara numa loja de animais, em Copacabana. Uma loja comprida, cheia de novidades para os bichos viverem melhor em seus cativeiros. Quanta sandice!
     Acho engraçado(?) quando as autoridades dizem que determinados animais não podem ser aprisionados... somente com a autorização do IBAMA!... ora, ora, que grande despautério!
     A arara estava em péssimo estado. Sua cauda cheia de falhas, muito nervosa, se contorcia na pequena gaiola. Um pássaro enorme, ansioso por ganhar o espaço, que por direito é seu! Fui testemunha, por alguns minutos, do azul fosco de suas penas, dos seus olhos sem brilho, do seu bico maior do que a vasilha onde havia algumas sementes.
     Entrei na loja porque fui atraída pelo canto mirrado, quase um sussurro ,um pedido de socorro, mas nada via. Até que percebi, lá no fundo, uma entrada à esquerda. Fui devagar, bisbilhotando, seguindo aqueles pios estranhamente tristonhos. Percebi um certo desconforto do pessoal ou estarei enganada? Muitos funcionários foram chegando e se atrapalhavam, pois este corredor era bem estreito. Ficaram me olhando, desconfiados. Murmuravam.
     E eu conversei com a jandaia, com duas calopsitas(duzentos e  setenta reais cada uma das fêmeas, disse-me um rapaz quando perguntei), um canário-da terra, alguns outros que não fui identificar, pois comecei a me sentir muito angustiada , presumo, por aquele sofrimento. Imaginem se nos impedem de andar! Seria a mesma situação!
     Acho que até havia uma ararajuba, considerada uma ave em extinção. Mas quando cheguei na arara, realmente, o meu coração doeu tanto que não me contive. Voltei-me, saí dali, um tanto aparvalhada, sem poder salvá-los.
     Dirão que eles têm o registro, estão legalizados para a comercialização. Para mim, ainda um tanto ingenuamente quixotesca neste mundo cruel e insano, é crime bárbaro da mesma maneira! Com autorização ou sem ela, comete-se um crime contra os animais, privando-os da liberdade.
     Só me resta a palavra para o desabafo. E para o compartilhamento com os leitores. E ainda me resta a poesia para lembrar a mim mesma e ao mundo a beleza,  as cores, a afeição e a alegria com que a Natureza nos afeta.
 
"Um homem é verdadeiramente ético apenas quando obedece sua compulsão para ajudar toda a vida que ele é capaz de assistir, e evita ferir toda a coisa que vive."
(Albert Schweitzer)
     "...
Cada pássaro,
Com sua plumagem, seu voo, seu canto,
Cada pássaro é um milagre.
..."
(Manoel Bandeira)
    

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