terça-feira, 13 de setembro de 2016

VIDA BREVE

    
"...
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso."       
 
   Num mundo em que as pessoas tornam-se hostis, febrilmente interessadas em amealhar  cada vez mais e mais dinheiro, em que tendem a ridicularizar e desinteressar-se pelos que amam as coisas simples da vida, precisamos urgentemente de criaturas bondosas.
     Sim, a bondade resolveria boa parte dos problemas da humanidade. Se fôssemos bons, de fato, não haveria pedintes pelas ruas, expostos ao frio, à violência, à fome.
     Se fôssemos bondosos , certamente entenderíamos o outro, que nada mais é do que nosso irmão na Criação, pelo menos  é o que pregam  todas as religiões.
     Se fôssemos, de verdade, bondosos, teríamos respeito e consideração pelo outro e, principalmente, a meu ver, evitaríamos o julgamento precipitado. Saberíamos ouvir e veríamos o que é bom e belo. Nada de disse-me-disse!...
     Ocuparíamos o nosso precioso tempo em obras cativantes e direcionadas a minimizar sofrimentos, que podem ser tanto físicos quanto morais. O que vejo são diminutas tentativas  de atitudes pretensamente 'nobres'... Manifestação ainda do orgulho torpe e da vaidade esnobe que alimenta os egos.
     Se a bondade estivesse fincada nos nossos corações a Terra seria mais bela, mais limpa, pacífica. Viveríamos em plena ascensão da felicidade.
      Há uma semana faleceu uma ex-aluna minha, que se manteve na breve vida com dignidade, afeição, sorrisos, alegria pura. Era linda por dentro e por fora. Tinha em si a bondade que suavizava a própria caminhada . Morreu repentinamente , de madrugada.
     Uma morte, dirão alguns, boa, porque sem sofrimento. Para nós, que a admirávamos e sentíamos uma ternura infinita por ela, ficou um desajuste no coração que bateu forte, assombrado, de início, dando lugar , agora, a um sentimento apaziguado.
     Que a gentil Luciana possa encontrar-se com os seus antepassados, especialmente sua avozinha, a quem devotava tanto amor e se reequilibre, aceitando a sua  própria morte, talvez prematura, e o seu destino.
     Ficamos nós, saudosos, a pensarmos sobre suas qualidades. Deixou-nos um rastro de luz e de entendimento.
    
 
 
(Obs.: Trecho do poema O Mapa, de Mário Quintana)

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