"...
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso."
Num mundo em que as pessoas tornam-se hostis, febrilmente interessadas em amealhar cada vez mais e mais dinheiro, em que tendem a ridicularizar e desinteressar-se pelos que amam as coisas simples da vida, precisamos urgentemente de criaturas bondosas.
Sim, a bondade resolveria boa parte dos problemas da humanidade. Se fôssemos bons, de fato, não haveria pedintes pelas ruas, expostos ao frio, à violência, à fome.
Se fôssemos bondosos , certamente entenderíamos o outro, que nada mais é do que nosso irmão na Criação, pelo menos é o que pregam todas as religiões.
Se fôssemos, de verdade, bondosos, teríamos respeito e consideração pelo outro e, principalmente, a meu ver, evitaríamos o julgamento precipitado. Saberíamos ouvir e veríamos o que é bom e belo. Nada de disse-me-disse!...
Ocuparíamos o nosso precioso tempo em obras cativantes e direcionadas a minimizar sofrimentos, que podem ser tanto físicos quanto morais. O que vejo são diminutas tentativas de atitudes pretensamente 'nobres'... Manifestação ainda do orgulho torpe e da vaidade esnobe que alimenta os egos.
Se a bondade estivesse fincada nos nossos corações a Terra seria mais bela, mais limpa, pacífica. Viveríamos em plena ascensão da felicidade.
Há uma semana faleceu uma ex-aluna minha, que se manteve na breve vida com dignidade, afeição, sorrisos, alegria pura. Era linda por dentro e por fora. Tinha em si a bondade que suavizava a própria caminhada . Morreu repentinamente , de madrugada.
Uma morte, dirão alguns, boa, porque sem sofrimento. Para nós, que a admirávamos e sentíamos uma ternura infinita por ela, ficou um desajuste no coração que bateu forte, assombrado, de início, dando lugar , agora, a um sentimento apaziguado.
Que a gentil Luciana possa encontrar-se com os seus antepassados, especialmente sua avozinha, a quem devotava tanto amor e se reequilibre, aceitando a sua própria morte, talvez prematura, e o seu destino.
Ficamos nós, saudosos, a pensarmos sobre suas qualidades. Deixou-nos um rastro de luz e de entendimento.
(Obs.: Trecho do poema O Mapa, de Mário Quintana)
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