quinta-feira, 9 de março de 2017

QUE NOITE!...

     Como de costume, levantei-me de madrugada para beber água. Sonolenta, vejo uma mancha escura na penumbra a mover-se. Primeiro, devagar, logo em seguida, rapidamente.
     Identifico: é uma barata!  Gorda, grande, castanha dourada, dessas voadoras.
     A situação era aflitiva! Aquela visão gelou-me a espinha. Os pelos dos braços finos eriçaram-se. A secura na boca, os olhos esbugalhados e o cérebro completamente despertado, a bolar estratégias a fim de embaraçar a sinistra invasora.
     Pensava rápido! O que fazer pra acabar de vez com aquele momento desconfortante? Só de pensar que ela poderia ir para o quarto, eu ficava desesperada. Mas a barata também, pois percebera a minha total animosidade...
     Peguei a velha havaiana amarela que calçava  e , decidida, tentei dar-lhe um golpe fatal. Mas a esperta acomodou-se rente à estante e, assim, não fui feliz. Salvou-se a meliante! Fez uma curva com classe e postou-se no centro da sala, desafiadora.
     Lembrei-me de que, certa vez, num hotel em Teresópolis, um funcionário revelou-me que nada melhor do que uma vassoura de piaçava para matar aranhas, já que havia uma enorme no banheiro.
     Fui rápido, então, para a cozinha pegá-la, podia dar certo com baratas também! Quando voltei, a infeliz tinha desaparecido!
     Refleti sobre a sua posição na sala e deduzi que não deveria ter ido para o quarto,provavelmente, ainda estaria ali, na sala. Apavorada, coloquei uma dessas torres de ventilação , bem na entrada do quarto. Botão da máxima velocidade acionado. Olhei à volta. Nada.
     Talvez conseguisse dormir, mas qual o quê! O sono fora embora de vez.  Acendi todas as luzes e, de olhos bem abertos, olhava o teto e o chão. Fui assim, até de manhãzinha.
     Agora, teria que enfrentar o medo de uma vez por todas! Não havia a menor possibilidade de  convívio. Comecei a cutucar com a vassoura__ que pernoitara ao meu lado, como um sentinela, todos os móveis. Vasculhei cada centímetro do lugar, até que cheguei na pilha de livros que, carinhosamente, ajeito ao lado do sofá, abaixo da luminária de pé. Em cima, coloco uma bela lata de biscoitos vazia,  que alegra este cantinho.
     Quando empurrei o montão de livros, o bicho fez um voo por cima, pousando no chão. Daí passou a correr, desesperadamente, com as suas seis perninhas robustas, em direção à porta de entrada do apartamento.
     Valha-me, Deus! disse, entusiasmada! E com uma garrafinha de álcool em mãos, corri atrás! Lancei o líquido sobre ela , já no corredor. O inseto parou, olhou pra mim, mexeu suas anteninhas  e correu  furtivamente para o apartamento do vizinho japonês, passando por debaixo da porta.
     De início, pensei em avisá-lo, mas como é carrancudo e de maus bofes, me precavi. Já bastava esse tremendo susto por hoje.
    Agora, Carlos me espera para receber o pagamento. Pedi para que o funcionário da dedetizadora caprichasse!... 
    

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