terça-feira, 6 de março de 2018

PAPO COM O TAXISTA

          Cheguei sozinha em Salvador. O trânsito desliza na morna manhã. A cidade fervilha: novas etapas do metrô sendo construídas e revejo o contraste dos prédios modernos com as antigas casas de bairros boêmios.
     Ah... Salvador! Existe algo a mais nesta cidade bonita e buliçosa, uma alegria, um certo alvoroço contido, a criatividade latejante, inerente aos inquietos soteropolitanos.
     À saída do aeroporto, destacam-se os fiscais da cooperativa de táxis. Um se aproxima, simpático, a falar timidamente um espanhol derrapante... Aviso-lhe, de imediato: "Não sou turista!" Ele sorri, meio acabrunhado pela interrupção abrupta e pergunta qual a minha direção.
     Digo-lhe o bairro  que fica longe  e ele castiga:" cento e nove reais!"
     Escapa-me um meio sorriso, à la  Elvis Presley e, quase sem pensar, proponho: "oitenta!"
     Ele desconversa e, então, devagar, eu me viro, indiferente...  O fiscal me toca no ombro e diz apressado:" Feito!" E balbucio: "setenta... "
     Acordo prontamente aceito. Nem mesma eu esperava tal negociação. Numa fila de cerca de uns trinta motoristas carrancudos, de braços cruzados, um se ofereceu, solícito.
    " Ufa!" pensei. "Até que enfim."
     Sorridente _ sorriso é tudo!,  pegou a mala pequena e durante a viagem, um tanto longa, conversamos.
     Avô aos quarenta e sete anos, pai de uma moça, feliz com o seu longo casamento. "Respeito, paciência, compreensão, parceria e liberdade é o de que precisa um casamento  para dar certo como o meu."
     E eu retruco, já um pouquinho comovida: " E isto não é simplesmente... amor?"
     Se você ama, você respeita, é parceiro, compreende, é paciente e liberta o outro.
     Tecem, assim, com primor, a cada dia,  a tão sonhada felicidade.
    

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