Cheguei sozinha em Salvador. O trânsito desliza na morna manhã. A cidade fervilha: novas etapas do metrô sendo construídas e revejo o contraste dos prédios modernos com as antigas casas de bairros boêmios.
Ah... Salvador! Existe algo a mais nesta cidade bonita e buliçosa, uma alegria, um certo alvoroço contido, a criatividade latejante, inerente aos inquietos soteropolitanos.
À saída do aeroporto, destacam-se os fiscais da cooperativa de táxis. Um se aproxima, simpático, a falar timidamente um espanhol derrapante... Aviso-lhe, de imediato: "Não sou turista!" Ele sorri, meio acabrunhado pela interrupção abrupta e pergunta qual a minha direção.
Digo-lhe o bairro que fica longe e ele castiga:" cento e nove reais!"
Escapa-me um meio sorriso, à la Elvis Presley e, quase sem pensar, proponho: "oitenta!"
Ele desconversa e, então, devagar, eu me viro, indiferente... O fiscal me toca no ombro e diz apressado:" Feito!" E balbucio: "setenta... "
Acordo prontamente aceito. Nem mesma eu esperava tal negociação. Numa fila de cerca de uns trinta motoristas carrancudos, de braços cruzados, um se ofereceu, solícito.
" Ufa!" pensei. "Até que enfim."
Sorridente _ sorriso é tudo!, pegou a mala pequena e durante a viagem, um tanto longa, conversamos.
Avô aos quarenta e sete anos, pai de uma moça, feliz com o seu longo casamento. "Respeito, paciência, compreensão, parceria e liberdade é o de que precisa um casamento para dar certo como o meu."
E eu retruco, já um pouquinho comovida: " E isto não é simplesmente... amor?"
Se você ama, você respeita, é parceiro, compreende, é paciente e liberta o outro.
Tecem, assim, com primor, a cada dia, a tão sonhada felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário