sexta-feira, 29 de julho de 2011

SALVADOR... DE NOVO!

      De novo, falando de Salvador, em Salvador...
     Venho reparando, há algum tempo, atitudes e fatos que me desgostam. Fazer o quê? Expor, botar pra fora  pra diluir a má impressão.
     Calçadas que, além de estreitas e mal concluídas, permanecem destruídas ao longo dos anos. De quem a reaponsabilidade? Pedestres caminham pelas ruas...
     Ônibus com assentos duros, parece  até um castigo andar neles. Mas sou teimosa e continuo a minha jornada pelas conduções públicas, até porque somente assim se conhece, de fato, um lugar, uma cidade.
     Noutro dia, fui até o Farol da Barra para tirar fotos e rever toda aquela maravilha. Fiquei surpresa! O ônibus, custando igualmente dois reais e ciquenta centavos era de tirar o fôlego! Apoio para a cabeça, televisão, poltronas acolchoadas e... preparem-se!Cinto de segurança!Tudo estalando de novo. Além, claro, da entrada para deficientes físicos. Isto não pode faltar mesmo!


     Hoje, no entanto, a surpresa! E algumas incoerências... Ônibus com assentos de metal...ui! E televisão!... E o passageiro à minha frente... caboclo bonitão, de uns cinquenta e poucos anos, forte, espadaúdo... de repente, cata no bolso da bermuda um palito para limpar as orelhas!... Ora, ora, faça-me o favor!Fiquei atônita, e ele, calmamente, tirava enormes pedaços de cera com orgulho... Cabra macho, ôxe!
    Condução pior só no Maranhão, onde a população parece que já se acostumou, infelizmente. Quem já tem a inteligência um tanto desenvolvida reage estudando, trabalhando, criando, procurando oportunidades para crescer. E sempre aparecem. Há comunidades que aprendem como manejar agulhas, como fazer guloseimas,como usar a argila, a palha, o buriti  recuperando aprendizados dos antigos. Já os renitentes, acham mais fácil a atitude da revolta, a inveja e os revides. Isto não adianta nada. Só mais atraso, mais atraso...
     Entendo agora  porque os soteropolitanos usam o carro para tudo: se vão ao trabalho justifica-se, mas comer um docinho na cafeteria da esquina? Ou um sorvetinho no Frio Gostoso da rua ao lado? E ir até à pracinha, a cinco minutos de carro, pra caminhar!?
     Também não podemos andar soltos, despreocupados. Não. Haverá sempre um ladino nos acompanhando para o assalto. Então, é fazer de conta que temos menos idade(pintar os cabelos ajuda) , andar com passos firmes e resolutos(melhor calçar tênis) e usar roupas bem simples e despojadas, de cores esmaecidas.
     Ganhei um exemplar do Jornal da Metrópole no restaurante e me espantei novamente! Logo na segunda página , por conta da morte da cantora Amy Winehouse, leio comentários desairosos sobre Castro Alves! Álvares de Azevedo! Rimbaud! e outros... Quem somos nós para julgarmos tão cruelmente os vícios e desastres emocionais dos artistas? Seres incompreendidos, uma tormenta dentro de si,  mal aceitos nessa sociedade hipócrita e preconceituosa. Creio que, por isso, muitos fugiam para as drogas e  outros vícios. Ficavam desorientados. Artistas, excepcionalmente os poetas e os músicos, lidam com  as forças mais abstratas da criação.

 
(Castro Alves, orgulho nacional )

     No final do passeio de hoje, depois de uma chuva de percevejos que caíu sobre mim de um arbusto, fui à farmácia e, quando levei o produto ao caixa para pagar não havia ninguém; então, o rapaz do estoque se dirigiu ao fundo da loja e falou com a colega. E ela murmurou algo, inquieta , deixando transparecer má vontade. Compreendi. Esperei. Esperei o tempo dela. Então, lá vem... bem devagarzinho... olhos baixos, com um sorrisinho nos lábios carnudos , deixando aparecer os dentes estragados. Então, não me contive:
     "__ Isso, minha filha, maltrata! Maltrata quem te trata bem!..." Um tanto sem graça, deixou alguns produtos à beira do balcão caírem; e , impassível, continuei: __" Espezinha a carioca aqui!..."
    Continuo a amar esta cidade e este povo que acolheram meus amores desta vida e a mim própria.
    Salvador, teu destino é a glória, a alegria, o progresso. Chegarão lentamente, talvez...

   

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