quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

PRA FALAR DOS FLAMBOYANTS

     Paquetá era coalhada de arbustos (não sei se ainda os verei por lá), fartos de flores avermelhadas. Pela década de 70, ia à praça Quinze e tomava a barca somente para contemplar os flamboyants.
     Chegamos a ter um pé no nosso  jardim. Morávamos em uma vila bucólica tendo árvores frutíferas à frente de cada casa.
     A turbulência das manhãs ficava por conta dos passarinhos. Parecia que cantavam quase à exaustão. Tanto os prisioneiros: azulões, coleiros, canários, pintassilgos dentre outros, cujo carcereiro era papai, assim como os sabiás, os bem-te-vis e as rolinhas  que se aglomeravam para tomar banho na banheira que mamãe improvisava e colocava à sombra da dama-da-noite.
     Vizinho à vila, existia um terreno enorme de uma alegre famíla italiana. Neste terreno, bem juntinho ao nosso muro divisório, havia uma sapota e um caquizeiro __paraíso dos pássaros, assim como também dos morcegos, à noite. Entre um voo e outro, na madrugada tranquila,  saboreavam as frutas que, muitas vezes, caíam no nosso quintal.
     Eram tão doces quanto o mel. E papai, habilidoso como ele só, improvisara um 'apanhador de sapotis', unindo um bambu e uma canequinha numa extremidade. Assim, conseguíamos, com aquele artefato primitivo, saciar a nossa gula!
     Hoje, especialmente, deu-me saudade dos flamboyants. Ao tomar um táxi para ir ao aeroporto, passamos pela Lagoa Rodrigo de Freitas. E lá estavam eles, garbosos e coloridos, pontilhando a paisagem magnífica desta inconfundível cidade, tendo, ao fundo, a imponência do Cristo.
     Céus azuis sem nuvens, águas mansas e azuis, verdes arrematando tudo e, aqui e ali, cachos floridos, sinalizando minha rota nesta sexta-feira pacificada. 



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