quarta-feira, 9 de novembro de 2016

QUE TRAPALHADA!...

     Ela estava contente: afinal, iria encontrar-se com suas amigas dos tempos da mocidade, do Colégio Pedro II, do grupo de jovens  da Igreja Sagrado Coração de Jesus! Não pensou muito, porque, se pensasse, se entregaria à preguiça, que a  está ultimamente  rondando com insistência, principalmente logo depois do almoço.
     Então, assim que terminou o seu almoço, arrumou-se primorosamente e partiu, rumo à Tijuca. "De Ipanema seria fácil", pensou, animada. Tomou o metrô, rumo à Rua Uruguai, uma nova estação que facilitaria bastante .
     Sua amiga afirmou-lhe pelo telefone que, assim que saísse da estação, seguisse em frente. Só esqueceu de dizer que, logo em seguida, virasse à esquerda...
     Chegando à rua, olhou o número: quinhentos e tantos... Nossa! Duzentos e pouco era o prédio de Ana. O calor , quase insuportável, apesar da estação mimosa das flores, fez com que atravessasse( a rua em que estava era de mão dupla) e chamasse um táxi!
     Um motorista_ um senhor de idade, muito agradável  atendeu o seu apelo e tornou a viagem leve. Ela pediu -lhe que seguisse em frente, achou que chegariam rapidamente ao número.
     Mas... cadê o número? Não havia a tal numeração do condomínio da amiga. Por que? Até o motorista ficou um tanto agitado.
     "_Senhora, na Rua Conde de Bonfim esse número não existe! A senhora deve estar enganada."
     "_ Amigo", retrucou, já meio esbaforida," como não existe? Está aqui... ó... no papel em que anotei: Rua José Higino, númer...  Eita! Rua José Higino? Mas estamos em qual mesmo?"
"_Na Conde de Bonfim!..." , disse, soltando as mãos do volante e encenando um grande gesto de aborrecimento e de enfado.
     Ela calou-se por um breve momento. Não sabia se ria ou chorava. Já estava cansada, com calor e, agora, mais essa! Mas temos que levar tudo na flauta, este é o seu lema. Não adianta espernear...
     "_Moço, vire, faça o retorno, vamos pra rua certa!"
     "_ Se pensa em me pagar com uma nota de cinquenta, deixo a senhora aqui mesmo, pois não tenho troco!..."
     E ela supondo que o tal chofer fosse um primor de educação e gentileza... Mas conseguiu manter a calma, a disposição e o sorriso, sua marca registrada.
     E num leve tom brincalhão, replicou:
"_ Vamos lá, pagarei em trocados, fique tranquilo. É por isso que o Ubber está dando certo..." disse, em tom jocoso, talvez para provoca-lo um pouco. Notou que ele passou a falar mais baixo, procurando se esquivar da agressividade latente que ficou, por instantes, à mostra.
     Deu a volta até chegar ao destino. Se ela tivesse, ao sair da estação, ido em frente e virado logo à esquerda, estaria na rua certa e a alguns passos do prédio...
     Finalmente chegou ao apartamento da amiga, revendo Ana Maria, Dulce e Adeila, abraçando e sendo abraçada, num reencontro amistoso e feliz.
     E todo aquele cansaço, o calor, o pequeno entrevero diluíram-se como bolhas de sabão...
Como preconizou Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena!"
      Passaram uma tarde maravilhosa, como nos tempos idos, esqueceram-se das dietas saudáveis e entre fartas risadas e boas recordações, deliciaram-se com petiscos saborosos, beberam refrigerante e fartaram-se de bolo de brigadeiro!...

     
    

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