terça-feira, 7 de agosto de 2018

TOLERÂCIA ZERO

    
 
     Cada um é o que é; difícil mudar, deixar cair a ficha.  Levamos, no coração, as paixões, os desejos, o orgulho sem freio, a vaidade que atropela e todos os outros fardos  como casacas pesadas .
   Já vi pessoas de bem palestrarem sobre assuntos espiritualistas cheios de empáfia! Outros distribuírem míseros brindes em orfanatos e propagarem sua ação como exemplos a serem seguidos,  alguns em núcleos religiosos perseguirem e difamarem...
     Fora aquilo que não se ostenta:  o pensamento odiento, a raiva e a inveja camufladas em gestos aparentemente gentis, a maledicência.
     Dizia o saudoso médico psicanalista, DR. Lauro Neiva, que a inveja funciona como um arremesso do mal, um feitiço.
     Talvez por isso, Chico Xavier declarou, numa de suas suaves e esclarecedoras entrevistas que , às vezes, vinha falar com ele uma pessoa bonita, bem vestida, elegante, no entanto, pela sua mediunidade, ele via, claramente, imagens alucinantes a sua volta,  mostrando, assim, a realidade daquele visitante.
     Entristeço-me quando vejo idosos ainda cheios de conflitos. Não aprenderam a viver.
      O grande médico indiano Deepak Chopra afirmara a um dos seus pacientes que o esperava , no leito agonizando quase, "Ah, Doutor, o senhor me fez compreender a morte. Aprendi a morrer. Estou tranquilo. Obrigada." Dito isto, deu o  último suspiro.
     O médico, no entanto, ao relatar este fato num de seus livros, confessa que preferiria mil vezes que aquele paciente tivesse dito: " Ah, doutor, vou em paz e reconheço que finalmente entendi a vida. Aprendi o que é viver!"  
     Cada um com seu jeito. No último domingo, bebendo água de côco num desses quiosques de praia,  veio até a mesa em que estava uma velhinha nada simpática... carrancuda, testa  franzida , olhar inquieto, mãos trêmulas por puro nervosismo.
     Brigou com o rapaz que a serviu, tentei ajuda-la com o tal canudinho que ela não conseguia retirar do plástico que o envolve.
      Resolvido o pequeno problema, dá um ligeiro gole mecanicamente e dispara: " Meu filho não queria que eu tomasse meu côco. Ora, bolas! Se tomo todos os dias, só porque ele está me visitando, não deixarei de fazê-lo!..."
     Sorri para contê-la um tanto, mas não adiantou. Ela continuou a esbravejar e a contar as palavras duras e feias que dissera ao filho, se gabando. Eu retruquei: "Nossa, se eu falasse assim com um filho meu, certamente ele ficaria magoado por muito tempo."  
     Nisso, resolveu ficar de pé! Então retrucou ferozmente: " Mas seu filho não a provoca como o meu me provoca!"
    Novamente sorri, já meio desanimada, e tentei dissuadi-la do rancor: Jovens são assim mesmo, falam exaltados sem pensar muito...
     "Jovem?", gritou. Ele tem 45 anos!...", esbravejou enfaticamente!...Minha tentativa de acalmá-la foi por água abaixo...
     Disse isto e tratou de caminhar ao encontro dele, presumo, numa passada rápida ,  mas cambaleante, de cara fechada e de compromisso zerado com a paz. 
    
    
     

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