sábado, 25 de agosto de 2018

CAMINHANDO E REFLETINDO...

     "...
...então a Morte,
Ao vê-lo sozinho àquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
..."  (Mario Quintana)
 
     Vejam que até a Morte julga, na concepção do poeta, no Poema da Gare de Astapovo.
     Venho me surpreendendo, à medida que percebemos mais, a capacidade da crítica, nublando as mentes. Um amigo já tinha me alertado: "Sylvia, repare, todo mundo julga e critica o tempo todo..."
     Naquele momento, neguei . Neguei veementemente! Mas tenho  constatado  que ele tinha razão.
     O julgamento , geralmente impiedoso, está à espreita.
     Os alvos são vários e infindáveis... O corpo, as roupas, as atitudes, os gestos (lembrei-me agora de mim à saída da Escola Normal, junto a uma amiga. E eu , na flor dos meus dezessete anos, cheia de juventude e vitalidade, tagarelava. Nisso, esta minha amiga segurou as minhas mãos, sorrindo escancaradamente. "_ Páre de agitar os braços e as mãos! Fale , mas fique quieta!" Isto para quem tem ascendência italiana é um quase impossível...)...
     Foi um impacto tão grande que até hoje relembro o fato. Na hora, levei um susto e calei-me. Mais tarde, fiquei chateada e hoje entendo o porquê. Ela não prestava atenção no que eu dizia... Observava o gestual que a incomodava e, intimamente, condenava.
     Talvez por causa de atitudes assim , uma após outra,   a confiança fique abalada e vamos nos distanciando uns dos outros. Porém, já analisando, isto não é correto. Uma atitude infeliz não justifica outra, que se move no trilho do orgulho. Vamos rememorar o que é bom e que nos anima.
     E quanto  aos motivos? Os motivos reais que  levam à acidez das críticas, à ferocidade de um julgamento , muitas vezes equivocados? O que induz uma pessoa a tal comportamento leviano, imaginando-se numa auréola de correção e justiça?
     Não sou nenhuma  peripatética, porém, nas minhas andanças matinais, cada vez mais pausadas, procuro refletir enquanto caminho. E chego a algumas conclusões que tento impor à própria vida.
 
     Quem busca a felicidade interior interfere no seu caminho. Observando e refletindo, haverá mudanças nos velhos hábitos adquiridos ao longo da vida e novos pensamentos e atitudes surgirão, alimentados por essa mesma reflexão.
     Banhado o meu pensar num recente artigo que li, a descoberta: "Deus não julga." Ufa. Que alívio! Isto me basta.
    
    
    
    
    
    


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