sábado, 10 de agosto de 2013

PREPARA QUE AGORA É A HORA...

     Tenho visto e observado muitos idosos. Aqui, neste bairro de Ipanema e também em Copacabana, na "Cidade Maravilhosa", são muitas as pessoas que já conseguiram passar dos sessenta anos.
    Aprecio, com uma certa inveja, os velhinhos e as velhinhas que, religiosamente, comparecem nas areias do Posto 6 para curtir o seu volleyball, bem cedinho. Discutem, gritam, levam a coisa a sério! É divertido ver aquela turma. Eu fico ali, na cadeira quase cativa, saboreando o meu coquinho, espreitando todos eles e me banhando de sol. Esbanjam alegria e companheirismo, apesar de todos os palavrões insultantes, à primeira vista.
   Para quem teve uma vida pacata, voltada para o estudo e a reflexão, para quem nunca os ginásios esportivos fizeram parte do seu dia a dia, fica difícil estabelecer uma mudança de comportamento; ate porque os amigos  amealhados ao longo do tempo serão do mesmo tom. 
    Mas insisto em apreciá-los! Faz um bem enorme saber que há idosos que não estão nem aí para a idade fisica; devem ter suas limitações, certamente, mas não ficam tricotando sobre elas, não perdem o tempo que lhes resta viver. E sabem viver! Porque estão tomando sol, alegres, saborendo seu coquinho após o jogo, jogando conversa fora, felizes. Ah, e paqueram...
    Infelizmente existem outros grupos de idosos, os que se deixam abater, os que se tornam  invejosos, os tristes, os deprimidos, os desalentados, os chorosos. Não sabem se rebelar, se adequar à nova idade. E difícil mesmo. Porque toda a vida passou muito rápido; e só entenderemos isto quando chegarmos a esta idade especial. Ja chegamos no futuro; além disso, existirá  a morte que virá, como ladrão da noite nos arrebatar o espirito.
    Então, penso... como se adaptar a esta nova etapa para que a vida não perca o brilho ? Anoto uma serie de benefícios que esta fase proporciona e me surpreendo com tantas opções! Ir ao cinema e ao teatro e pagar meia, ir de graça ao Jardim Botânico, não ter vergonha de agradecer um elogio que, porventura recebamos, usufruir do tempo esticado para novos interesses como a fotografia, a pintura, a escrita, a leitura. Ou ficar somente curtindo uma bela paisagem, ou dar voltas no quarteirão, viajar, fazer um rápido passeio, conversar, aprender a meditar.  Passar uma tarde incrivel numa livraria e descobrir poemas, descobrir novas maneiras de retocar a decoração da casa! Fazer uma pintura no apê para  uma renovada!...
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    Jamais se deixar abater pela solidão! Os filhos estão criados, estão vivendo!... Seria bom estarem juntinhos? Claro, mas, às vezes, a vida não permite. Eles tem o seu trabalho, os seus filhos, as sua ocupações. Então, nos preparemos para receber, com atenção plena, o que ela pode nos oferecer paulatinamente, porque se tornou mais flexível, mais lenta, menos estressante. Entendermos isto e aproveitarmos. Estávamos tão acostumados à vida corrida, à série infindável de preocupações que, quando o seu ritmo diminui, tropeçamos em um monte de ideias quase desastrosas.  Temos, para o nosso próprio bem, uma tarefa maravilhosa: aprendermos a viver numa outra etapa da vida, completamente diferente. Olha só que estimulante!... Muitas vezes nós mesmos somos os responsáveis pela espichada ou pelo encurtamento da nossa vida.
    O rádio esta tocando uma música animada que eu rejeitava, mas não quero me tornar uma velhinha chata e ranzinza, afinal, sou vovó e quero ser atualizada: " Prepara/Que agora/ É a hora/ Do show das poderosas/ Que descem e rebolam( bem, cá entre nós, rebolar, ok, porém descer, aí complica)... uma tal de Anita está cantando...  Quem sabe é legal? Noutro dia, vi no programa Encontro, da Fátima Bernardes o grande e inesquecível Caubi Peixoto. E chorei... chorei... Acho que não por ele, em si,  mas  pelo tempo passado, pelo meninice quando eu o ouvia cantar no rádio com aquele vozeirão:"Conceição, eu me lembro muito bem..."Tempo bom, com mamãe, papai, casa de vila, quintal, sapotis do grande sapotizeiro do vizinho que se esparramavam pelo chão ...
    Agora é a hora! Vida bem vivida pra recordar, filhos, neto, amigos, o dia está lindo, possibilidades a descobrir! O que mais importa?
   
   

   

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