sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

EVELIN, DA BRASIL CACAU

"...
Olhar, reparar tudo em volta, sem a menor intenção de poesia.
...
Lembrar de lugares que a gente já andou e de coisas que a gente já viu.
...
Sentir o sol. Gostar de ver as coisas todas.
...    
Descobrir que, afinal de contas, não se possui nenhuma queixa.
...
Como é bom ter vindo de tão longe, estar agora caminhando
Pensando e respirando no meio de pessoas desconhecidas
Como é bom achar o mundo esquisito por isso, muito esquisito mesmo
E depois sorrir levemente para ele com os seus mistérios...
 
(Manoel de Barros)
 
 
     Hoje foi um dia de algumas providências. Coisas pequenas, do dia  a dia. Saí cedinho, antes que o sol queimasse a pele, mesmo com o uso de  protetor solar fator 30 , chapéu de palha que encontrei por cinco reais numa charmosa lojinha da Praia do Forte, óculos grandes e escuros, roupas leves e confortáveis!
     Usei uma bermuda branca, abaixo dos joelhos, de tactel e uma blusa sem mangas, antiga, descoberta numa liquidação da Dimpus. No dia, quando cheguei em casa, reparei que tinha um fio puxado... Ora essa! E quem vai notar  neste detalhe?
      Lá fui eu, depois de usar a nova colônia da Granado, Folhas de Laranjeira. Apesar de conter pimenta na sua fórmula, ela refresca... Dica da Consuelo, a Pascolato, com a qual me identifico nos gostos e atitudes.
     Caminhada habitual, água de coco pra refrescar e resolvo voltar pela Visconde de Pirajá. Abordada ainda no sinal  da esquina da Vinicius de Moraes pelo pedinte trôpego , que simulou uma tonteira para cair em mim. O plano mal sucedido fez com que ele mostrasse sua agressividade. Eis que sou perseguida pelo indivíduo, por algumas quadras, ouvindo palavreado  pretensamente ofensivo. 
     Sinto piedade, mas há muito tempo meus pés não se moviam  tão rápido!  Dou graças a Deus por não estar usando bolsa, seria mais um motivo a gerar estresse...Documentos   e dinheiro distribuídos nos bolsos da calça esportiva.
     O homem, pelo caminho, foi ficando pra trás, até que desistiu do seu propósito mal-intencionado.
    Com a forçada maratona já suava! Entrei na banca de jornais em busca do 'guia da semana' e me compadeci do jovem que atendia. Talvez por isso estava tão mal-encarado... o calor, ali dentro, era quase insuportável.
     Saí dali e, perto, na mesma calçada,  entrei na loja simpática que vende gostosuras.  Um ar condicionado suave refrescou-me. Nela, garanti a tapioca para alguns dias.
     Determinada, continuei a jornada. Ainda bem que calçava tênis! Os pés agradecem. Cheguei até a loja de chocolates. No verão? Pois é. Mas a minha amiga adora. Comprei aqueles que têm um creme dentro de uma casquinha delicada. Nhá-Benta, eu acho. Recomendei-lhe que colocasse na geladeira, pois ficaria, aí sim, uma delícia! Mimo de Natal, porque tinha viajado e sei que ela sempre espera alguma lembrancinha.
     Nesta loja, entreguei o produto ao rapaz do caixa e perguntei-lhe se havia alguma sacolinha para presente. Ele, afoito, logo me disse que não. No entanto, uma das colegas, que estava abaixada, arrumando umas caixas, atrás do balcão, olhou, levantou-se e disse:
     _ Como não? Tem, sim!
      Ele insistiu, meio sem graça...
      Ela novamente retrucou e apanhou, ali mesmo, , num pequeno compartimento , um saco dourado. Mostrando ao colega , ainda disse: _ Viu? Eu não falei?
     Não preciso narrar o jeitão do moço que foi ficando murcho... cabisbaixo. Ela pegou  a caixinha de merengues com chocolate, colocou no saco e...
     _ Viu? É grande demais! Vai ficar feio!...  disse ele.
     Calada, com mãos ágeis, à nossa frente, fez um dos embrulhos de presente mais bonitos que já vi!
     Impressionei-me com a sua atenção, a sua destreza e inteligência, gentileza, rapidez e bom gosto!
     Falei-lhe que observei sua extrema habilidade  e  boa vontade no atendimento, que , atualmente, costuma ser precário no comércio.
     Digna de nota, a atitude decidida da moça.

     
    
    
    

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