quinta-feira, 5 de outubro de 2017

FASE POÉTICO-POENTE

    " ...
Ao acordar
vi um pássaro cantando entre as flores.
Quis saber:' Que dia é hoje?'
'Primavera', responderam.
'O corrupião canta'. Suspirei.
Aquele canto me tocou
..."
( Li Bai)
 
     Estávamos ali, na cafeteria Starbucks, num dos andares  do " shopping das escadas", conversando amenidades, trocando ideias e confidências. Amizade selada numa viagem turística. Companheiras de poltronas até a linda Guarapari, no Espírito Santo.      Mulher de princípios, amiga dedicada , uma guerreira na vida. 
     Lá pelas tantas, depois de muito bate-papo, no meio do lanche, ela comenta: " Por que os jovens têm tanta alegria e nós, da idade madura, não podemos sentir ainda a alegria de viver?
     Bem, a fase é outra, então os hábitos cultivados até os dias de hoje deverão mudar.
      Não quis detê-la na reflexão brotada espontaneamente, logo após algumas considerações, mas pensei  nas mudanças de hábito prementes, se quisermos manter uma certa saúde e bem estar: passar a comer menos, aceitar com tranquilidade algumas noites insones, procurar dormir e acordar cedo , caminhar mais e devagar, ter uma vida social_ e nisto há um tanto de dificuldade, ou porque alguns amigos já se foram _se é que em entendem, ou porque outros mudaram tão completamente que já não sintonizam mais  conosco.
     Refeita  do questionamento impactante, pois inesperado , soprou-se-me um pensamento revelador. Disse-lhe, então, com uma pitadinha de euforia: " Amiga, os jovens estão construindo a vida, neurônios a toda, entusiasmo a mil ! Enquanto nós, nesta fase poético-poente temos agora tempo bastante para inovar o nosso comportamento! Apreciar detidamente  ao nosso redor: a pessoa que fala conosco, uma vitrine, um livro que desperte o nosso interesse, a ave alçando voo, uma nova canção...
     Se quisermos, esta fase será muito rica, nos alegraremos com os detalhes, com as pequenas coisas, como este nosso encontro feliz e bem-humorado, abençoado. Há muito para ser descoberto e apreciado."
     E a minha amiga concordou, meneando a cabeça e sorrindo  delicadamente.


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