terça-feira, 3 de outubro de 2017

NA COLÔNIA DOS PESCADORES

    

                                     (vista de dentro do Forte de Copacabana)
      Era uma manhã calma, dessas em que a brisa passa por nós como um carinho de Deus.
     Início de primavera, algumas ondas suaves num mar transparente  se lançavam nos muros do Forte de Copacabana, levantando a espuma branca como uma louvação àquele cenário.
     Nenhum lobo do mar à vista, descansando por ali, como já  ocorrera há algum tempo. Somente o sol num céu anilado, limpo de nuvens hostis.
     Vista inspiradora, perfeita ao poeta sensível, mas nem ousava tanto. Apenas desejava usufruir de toda a maravilha ali presente, saborear a cada passo, a cada respiração ritmada a doce beleza ali estampada.
     Andei até o final da orla de Copacabana, presenciei na colônia dos pescadores a venda dos peixes fresquinhos ali expostos, arrumados em fileiras nos grande tabuleiros de madeira .
     A capelinha ornamentada era um convite à oração .
     Dei a volta e sentei-me num daqueles bancos que ficam lotados logo cedinho. Mas havia um lugar, um só, num deles. Bem em frente ao sol nascituro, iria me deliciar banhando-me com seus raios , aquecendo o corpo e a alma.Esta a minha intenção de imediato.
     De um lado, um senhor grande e gordo, envergado pelo peso dos anos, certamente. Do outro, uma senhorinha nada amistosa que tentava conversar com o seu companheiro, marido talvez, usando monossílabos que escorregavam de sua boca frouxa entreaberta.
     O velhinho da esquerda olhava pra mim, de soslaio, com cobiça e tentava esboçar um sorriso que logo, logo se desmanchava como se fosse uma aquarela amorfa.
     A velhinha da direita dizia: " Olha lá(se referindo a um cachorro que passava)." Sem exclamação. E o velhinho tentava olhar, se virando tão devagar que não chegava a ver o que ela queria que ele visse...
     Assim os minutos escorregavam... Até que o seu acompanhante falou algo e prestei atenção:" Deu que hoje ia chover..." E a senhora completa: " Erram sempre."
     Nisso, o meu vizinho à esquerda se entusiasma  e passa o seu braço pelo meu lugar de encosto. Entro em estado de alerta.
     Enquanto isso, o jogo de vôlei master à nossa frente acelera e um dos componentes cai quando consegue erguer o braço com a bola. Desequilibra-se e cai na areia ainda úmida. O time reclama, vaia muito e diz sonoros palavrões sem nenhum pudor.
     Achei que estava na hora. Na hora de levantar, atravessar a Avenida Atlântica e ir em busca de morangos fresquinhos na feira da rua em frente.
    

     

2 comentários:

  1. A Capelinha seria "Nossa Senhora de Copacabana?
    O convite a uma oração é muito bom.
    Parabéns,leio sempre seus artigos.Abraços

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  2. Obrigada!
    É linda a capelinha. Não sei o nome , mas, realmente, é um local mimoso e convida à oração

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