Ontem foi Dia do Amigo. Precisamos de um dia para exaltarmos o amigo? Questiono.
Só sei que ontem reencontrei um velho conhecido.
Eu e José nos conhecemos há cerca de dez anos, no Museu do Homem do Nordeste, na cidade de Recife, em Pernambuco. Estava a passeio e foi lá que o vi pela primeira vez. Mais alto do que eu, um rapazinho um tanto inquieto, sorridente, alto-astral. Visitava o Museu com uma amiga.
Numa das salas, havia exposta uma poesia e quis copiá-la. Nisso, José me diz, categórico:"_ Bata uma foto!" Retruquei que não daria certo. Ele insistiu, com seu jeito sorridente; então, não pude contrariá-lo, já que sua maneira simpática e até um pouco carinhosa atraiu a minha atenção.
Não me arrependi.O texto ficou bem nítido na revelação.
Com dez pego na casa
Com vinte levanto esteio
Com trinta reparto o meio
Com quarenta faço a base
Cinquenta nada me atrasa
Sessenta, obra singela
Setenta, porta e janela
Com oitenta ripo e amarro
Noventa cato o barro
Com cem estou dentro dela.
(domínio popular- Recolhida durante a execução do cenário casa de taipa do Museu do Homem do Nordeste através do artesão José Zito da Silva)
Mais tarde, ainda no Museu, nos encontramos noutra sala onde estavam expostas várias figuras do Candomblé. Sentei-me no chão, ao lado de uma dessas imagens e pedi a alguém para fotografar. Espantada, vi o moço chegar e dizer com naturalidade: "_Ah, quero sair nessa foto!..."
Achei tão simples a sua atitude que isso me cativou. Passamos a conversar e terminamos de ver a exposição juntos.
Como eu levava sempre comigo o meu primeiro livro de poemas publicado, Palavras Transformadas, não titubeei: ofereci-lhe de pronto! Ele adorou, trocamos e-mail e prometemos que manteríamos contato.
Realmente, de vez em quando, nós nos comunicávamos; às vezes, passávamos um tempão sem nos falar.
Mas uma boa surpresa me aguardava para esta sexta-feira, coincidentemente o Dia do Amigo. Finalmente, José pôde vir ao Rio de Janeiro!
Pensei num lugar agradável que também fosse um ponto turístico para nos revermos. E, claro, o nosso ponto de encontro seria num lugar acolhedor, turístico e meio mágico, com ar cheirando a madressilvas, com os passarinhos se alimentando na relva orvalhada, com as borboletas colorindo os ares: o Jardim Botânico do Rio de Janeiro!
Falante, simpático, inteligente, alegre, de uma naturalidade cativante. Continua com as mesmas qualidades que o destacaram no nosso primeiro encontro. Agora, já formado, José vive outra etapa em sua vida. Mas sempre buscando a beleza e a alegria para alimentar o coração.
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