Lá vem o velhinho
da praça.
Sem graça...
Levando a desesperança
na pança.
Metrô. Cheio. Já sentada, vejo um idoso descendo a escadaria. De repente, ele dá uma paradinha por segundos. Noto sua dúvida se daria conta de chegar a tempo com toda aquela vagareza.
Seu olhar então se acende. Resolve arriscar. Ele corre, desce os degraus bamboleando, desajeitadamente, mas consegue finalmente entrar de lado no vagão, pois as portas estavam quase cerradas.
Nossa! Aquilo foi realmente, demais! Uma travessura e tanto!...
Ele novamente tem dúvidas entre manter-se discreto, com aquela alegria fazendo o coração quase explodir ou se entregar ao sorriso espontâneo. Faz mais! Primeiro, suspira profundamente; depois, deixa um sorrisinho maroto, meio de lado, aparecer, talvez, inconscientemente, para tentar disfarçar aquela emoção toda. Tenta empertigar-se. Afinal, ele não era um velhinho qualquer, não! Tinha talento. Sabia medir o tempo e correr riscos. Segura no balaústre, olha ao redor com confiança e rodopia , graciosamente, com seus pezinhos ligeiros, como se fosse um garoto.
(jardins do Museu da República, Rio de Janeiro)
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